ARTIGOS LIVRES
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João Vítor Marques Lima, Edvaldo Correia Sotana
A TERRA FANTÁSTICA DA AMAZÔNIA:
DISCUTINDO A COLONIZAÇÃO DE ALTA FLORESTA A PARTIR DA DRAMATURGIA DE
“FRAGMENTOS DE VIDA” (1995)
THE FANTASTIC LAND OF THE AMAZON:
DISCUSSING THE COLONIZATION OF ALTA FLORESTA FROM THE DRAMATURGY OF
“FRAGMENTOS DE VIDA” (1995)
hps://doi.org/10.46401/ardh.2024.v16.21145
João Vítor Marques Lima
Universidade Federal de Mato Grosso
https://orcid.org/0009-0002-1805-8406
jvmarqueslima@gmail.com
Edvaldo Correia Sotana
Universidade Federal de Mato Grosso
https://orcid.org/0000-0001-7493-0997
edsotana11@gmail.com
Recebido em 15 de maio 2024
Aprovado em 18 de junho de 2024
RESUMO: O objeto e fonte de estudo deste
artigo é a dramaturgia teatral “Fragmentos
de Vida” (1995), montada pelo grupo Teatro
Experimental de Alta Floresta (TEAF), em 1996.
Especicamente, pretende-se trabalhar com
os seguintes recortes temáticos do texto: a) a
participação do Governo Federal e a colonização
na Amazônia Mato-grossense; b) a propaganda
realizada pela colonizadora que buscava atrair
famílias do interior do Paraná para o norte
de Mato Grosso e c) a relação de colonos e
colonizadora com o garimpo na região durante
a década de 1980.
Palavras-chave: Dramaturgia,
Colonização, Alta Floresta e Amazônia Mato-
grossense.
ABSTRACT: The object and source of study
of this article is the theatrical dramaturgy
“Fragmentos de Vida” (1995), staged by the
group Teatro Experimental de Alta Floresta
(TEAF), in 1996. Specically, it is intended to
work with the following thematic excerpts from
the text: a) the participation of the Federal
Government and colonization in the Mato
Grosso Amazon; b) the advertising carried out
by the colonizer that sought to attract families
from the interior of Paraná to the north of Mato
Grosso and c) the relationship of settlers and
colonizers with mining in the region during the
1980s.
Key words: Dramaturgy, Colonization, Alta
Floresta, Mato Grosso Amazon.
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INTRODUÇÃO
O grupo Teatro Experimental de Alta Floresta (TEAF) foi fundado em 1988
na cidade de Alta Floresta, tendo à frente, o ator, diretor e dramaturgo Agostinho
Domingos Bizinoto Macedo (1952-2017). Além dele, também integravam o grupo, no
período de sua fundação: sua esposa Elisa Gomes Machado, Marcos Roberto Tiso,
Márcia Trindade, Everson Luiz Tiso, Ronaldo Pereira, Clélio Eduardo de Freitas,
Cláudio José Freitas, Dalva Lúcia Lautori, Andréia Silva, Hermes Rodrigues de
Araújo, André Villaverde de Araújo, Arnaldo Batista da Silva, Antônio Gonçalves
Franco1.
O TEAF produziu e encenou a dramaturgia “Fragmentos de Vida”,
organizada por Agostinho Bizinoto, no ano de 1995. Foi montada pelo TEAF em
1996 e remontada em 2006. A peça tem como base a dissertação de mestrado
da professora Regina Beatriz Guimarães Neto, defendida em 1986, intitulada “A
Lenda do Ouro Verde”. Além da dissertação, a elaboração do texto teatral se valeu
de memórias dos integrantes do grupo que colaboraram na produção textual. A
dramaturgia busca abordar os primeiros anos da colonização da região norte
do estado, desde a chegada dos primeiros colonos, a questão do garimpo que
toma conta da cidade na década de 1980, a inuência da colonizadora Integração
Desenvolvimento e Colonização2 (INDECO) e a questão do indígena, apagado da
memória coletiva da cidade e da região. Em seguida, trata da descoberta e dos
impactos do ouro na vida da nova cidade, nalizando seu percurso em questões
e problemáticas da cidade na década de 1990.
Com relação à sequência, “Fragmentos de Vida” (1995) foi estruturada sem
cenas denidas, mas para colaborar na discussão levantada no artigo, durante
o processo de análise foi identicada que o espetáculo pode ser dividido em
11 cenas, que abordam sobre a “história da migração para esta região do país,
incluindo o extremo norte de Mato Grosso já pertencente à Amazônia, utilizando
uma linguagem poética nesta saga humana em plena selva, abrindo caminhos,
grandes clareiras e construindo moradias” (MACEDO, 2008, p. 93). Em suas
duas versões, o espetáculo tinha como adereço cênico e recursos luminosos a
presença de tochas, lamparinas e lampiões, o que ambientava o espaço cênico
1 Nomes registrados na Ata da Reunião (Assembleia) do dia 26 de novembro de 1988.
2 A empresa Integração Desenvolvimento e Colonização (INDECO) foi fundada no ano de 1973, é
caracterizada como uma empresa do ramo de construção.
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João Vítor Marques Lima, Edvaldo Correia Sotana DOSSIÊ
63
Soa Sousa / Paula Barros
com fumaça e odor de querosene, remontando os anos iniciais da ocupação
assim como as queimadas presentes na cidade de Alta Floresta durante a década
de 1990, devido ao recorte documental selecionado para essa pesquisa, não nos
aprofundaremos na encenação, e escolhas esticas do espetáculo, mas sim na
sua dramaturgia e nas representações que ela constroi a partir da nossa análise
juntamente a historiograa sobre o período da colonização da região.
Cumpre observar que Alta Floresta foi fundada em 1976 pela colonizadora
INDECO. Teve sua emancipação enquanto município em 19793. Durante os
primeiros anos, a intenção da colonizadora era gerar um ambiente de produção
agrícola a partir do café e guaraná. Com o fracasso dessas culturas, na década de
1980, teve como principal produto econômico a extração de ouro. Após a decaída
da atividade mineral aurífera na região, a cidade passou a ter como principal
geração de receita a extração de madeira e a criação de gado. Já nos anos 2000,
a produção de gado para o abate e a presença de frigorícos se tornou a produção
principal do município. Na última década (2010) o agronegócio, com a cultura da
soja, que já era forte no centro sul do estado, começa a ganhar força na região.
Portanto, o artigo tem a pretensão de discutir o processo de colonização
do extremo norte do estado de Mato Grosso a partir da dramaturgia teatral
“Fragmentos de Vida (1995). De modo especíco, pretende-se trabalhar com
os seguintes recortes temáticos do texto: a) a participação do Governo Federal
e a colonização na Amazônia Mato-grossense; b) a propaganda realizada pela
colonizadora que buscava atrair famílias do interior do Paraná para o norte de
Mato Grosso e c) a relação de colonos e colonizadora com o garimpo na região
durante a década de 1980.
Para pensar a pesquisa que tem como fonte a dramaturgia, é necessário
trazer para a discussão a historiadora Rosangela Patriota, que problematiza a
relação entre a encenação e a dramaturgia. A pesquisadora aponta à seguinte
problemática para pensarmos na produção do conhecimento histórico:
3 O município foi criado em 18 de dezembro de 1979, através da Lei Estadual nº 4.157.
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Da mesma forma, estudar a obra de um dramaturgo requer, do pesquisador, particular
atenção com o momento da escrita, de modo que apreenda as referências e o reper-
tório utilizado pelo autor, além de estabelecer as interpretações que ela foi obtendo
ao longo do tempo, dos estudiosos e/ou críticos teatrais. Contudo, quando a proposta
volta-se para a análise do impacto histórico de uma montagem teatral, os recursos a
serem mobilizados envolvem, preponderantemente, a interlocução do espetáculo com
os segmentos sociais, que interagem com a sua proposta. Especicamente, nesse
contexto, as intenções iniciais do dramaturgo podem ser subvertidas, dando origem a
outros signicados e objetivos, muito mais condizentes com as expectativas do dire-
tor e do elenco, responsáveis pelo trabalho. (PATRIOTA, 2008, p. 44)
Deve-se, ainda, apontar as contribuições do historiador Roger Chartier que
norteiam nosso estudo. Destaca-se suas posições sobre a literatura impressa,
notadamente as publicações dos textos teatrais. Anal de contas, o teatro é a
Arte do encontro e, quando tiramos esse encontro entre ator e público, o jogo
teatral se perde:
O teatro não é escrito para que um leitor o leia numa edição saída dos prelos, ele é feito
para ser encenado. É isso que Molière chama de ‘ação’ ou ‘jogo do teatro’. […] É a priori
ilegítimo separar o texto teatral daquilo que lhe dá vida: a voz dos atores e a audição
dos espectadores. (CHARTIER, 1998, p. 26-27, grifo do autor)
A partir disso, utilizaremos o conceito de representação em nosso artigo.
Para Chartier,
As representações do mundo social assim construídas, embora aspirem à universali-
dade de um diagnóstico fundado na razão, são sempre determinadas pelos interesses
de grupo que as forjam. Daí, para cada caso, o necessário relacionamento dos discur-
sos proferidos com a posição de quem os utiliza. (CHARTIER, 2002, p. 17)
Assim, é possível tratar nosso objeto de pesquisa como produto de um olhar
sobre a colonização de Alta Floresta4, buscando, assim, compreender a forma
utilizada para apresentar na dramaturgia acontecimentos e guras presentes na
vivência daqueles envolvidos em sua produção. Dessa forma “[...] esta investiga-
ção sobre as representações supõe-nas como estando sempre colocadas num
campo de concorrências e de competições cujos desaos se enunciam em ter-
mos de poder e de dominação.” (CHARTIER, 2002, p. 17).
4 É importante compreendermos o conceito de “colonização”. “Para Moreno e Higa (2005), ‘[…]
processo de ocupação e valorização de áreas disponíveis para o povoamento e exploração econômica
[…].’ A colonização é, também, ‘[…] um processo indissociável da migração. A migração envolve
múltiplos condicionantes de natureza econômica e social, e também causas subjetivas, de difícil ava-
liação’”. (MORENO; HIGA, 2005, 52-3 apud GALVÃO, 2013, p. 2).
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Tem-se em mente que analisar a dramaturgia pode auxiliar no entendimento
das relações de poder, dessa forma zemos a leitura do documento em questão,
em seguida, delineamos alguns temas, separamos os trechos relativos a tais
temas e registramos em chas. Três eixos do material pesquisado constarão
nas páginas seguintes. São eles: Participação do Governo Federal, Propaganda
e Garimpo. Considerando os temas que serão explorados, as representações
engendradas na peça e a discuso sobre território, inserimos nosso trabalho na
chamada história política renovada. Notadamente observando que “as iniciativas
dos poderes públicos, as decisões dos governos são apenas a expressão da relação
de forças.” (RÉMOND, 2003, p. 20), buscamos identicar a partir da produção
cultural, aqui utilizada como fonte e objeto de estudo, uma intrínseca relação
de poder entre governo federal, colonizadora, colonos, garimpeiros, natureza e
povos indígenas. Em nosso trabalho o objeto de estudo se encontra no fato de
que o “historiador de uma época distribui sua atenção entre os diversos objetos
que solicitam seu interesse na proporção do prestígio com que a opinião pública
envolve os componentes da realidade.” (RÉMOND, 2003, p. 15). A dramaturgia
utilizada em nossa pesquisa é fruto de um determinado grupo de pessoas que,
inseridas na realidade de Alta Floresta, produz a partir de suas inquietações sobre
os processos de colonização e ocupação da região da Amazônia Mato-grossense.
É preciso observar que existem alguns estudos sobre o Teatro Experimental
de Alta Floresta. Em sua dissertação de mestrado “O lugar e a cena: a
territorialidade na poética do Teatro Experimental de Alta Floresta” (2020),
Ronaldo Adriano Freitas Lima propõe uma discussão sobre a relação do grupo
com o território no qual está inserido. O pesquisador aponta o fazer teatral do
TEAF e discute a relação do grupo com a região da Amazônia Mato-grossense,
bem como as poéticas teatrais abordadas e utilizadas pelo grupo durante sua
trajetória.
Em todos os espetáculos trabalhados na dissertação, assim como na
discussão elaborada pelo autor, podemos identicar a relação entre o grupo e
o espaço no qual ele está inserido. Lima (2020) estabelece um recorte muito
especíco no capítulo 3 intitulado “Fragmentos de Vida A ocupação da Amazônia
Mato-grossense nos palcos da cidade”. O pesquisador se debruça sobre a peça
e discute a poética teatral ligada ao processo de montagem do espetáculo,
caminhando pelo processo de criação da dramaturgia e da encenação, assim
como demonstrando e discutindo a remontagem do espetáculo em 2006. Lima
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também realiza em sua dissertação uma discussão a partir da dramaturgia,
apontando questões importantes para o grupo. o nosso trabalho, pretende
apresentar a discussão presente na dramaturgia do espetáculo, que estão
diretamente ligadas a ocupação e colonização da região norte de Mato Grosso.
O trabalho aqui desenvolvido, busca abordar uma região pouco trabalhada na
historiograa mato-grossense, devido sua integração recente. Mas para além
da discussão do acontecimento histórico, essa pesquisa busca abordar o teatro
enquanto fonte para pesquisa histórica.
“FRAGMENTOS DE VIDA” (1995)
Como documento para a realização da pesquisa, tivemos o texto teatral de
Agostinho Bizinoto, a dramaturgia “Fragmentos de Vida” (1995) que está publicada
no livro “Textos Teatrais de Agostinho Bizinoto: Dramaturgia Popular Surgida de
Experiências em Grupo” (2008). Assim, a pesquisa documental foi realizada com a
dramaturgia do espetáculo intitulado “Fragmentos de Vida”, escrito e organizado
em 1995, publicado em 2008, já com alterações no texto original,
O texto é uma colagem dramatúrgica organizada por Agostinho Bizinoto, a partir de
fragmentos ou textos escritos baseados na obra de Regina Beatriz Guimarães Neto;
trechos da letra da música ‘Luz do Sol’ de Caetano Veloso; um texto inspirado no poema
A Bomba’ de Carlos Drumond de Andrade, poema ‘Rio’ de João Cabral de Melo Neto e
texto inspirado na letra da música ‘O Pulso’, composição de Toni Bellotto, Marcelo Fro-
mer e Arnaldo Antunes, gravada pela Banda Titãs. Everson Luiz Tiso (então membro do
Grupo) assina o texto ‘luz’ e os demais são de autoria de Bizinoto [...] (MACEDO, 2008, p.
93 apud LIMA, 2020, p. 74-5)
O processo de construção e montagem, tanto da dramaturgia quanto da
encenação do espetáculo, não foi amplamente documentada. Por isso, o presente
trabalho opta por realizar um recorte documental somente na dramaturgia
enquanto fonte histórica e objeto de pesquisa. Mas para compreender a análise
da dramaturgia, vemos necessária a compreensão do contexto do espetáculo
teatral montado a partir da dramaturgia aqui analisada. A peça teatral estreou no
dia 24 de março de 1996 e cou em cartaz como repertório do grupo por 10 anos
(LIMA, 2020, p. 71). A primeira montagem foi pensada para ser apresentada em
espaços convencionais, como um palco, urdimento e com apoio de equipamentos
técnicos. Em 2006, o TEAF, como parte do projeto “Teatro no Campo”, contou com
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recursos do Fundo Estadual de Fomento à Cultura e produziu uma remontagem
do espetáculo com a intenção de apresentá-lo em espaços alternativos. Nessa
remontagem as apresentações aconteciam preferencialmente em ambientes
naturais, próximos a matas e orestas, assim como lagos e rios, aproximando
o público de um ambiente similar ao encontrado pelos primeiros colonos ao
chegarem na região. Nas duas versões, o espetáculo possuía cerca de 30 minutos
de duração, contando com 8 atores em cena e 1 técnico de luz.
Entrando na discussão realizada a partir da análise da dramaturgia,
iniciamos apresentando uma importante problemática presente na dramaturgia
que nos demonstra uma construção da representação da Participação do Governo
Federal no processo de ocupação da Amazônia.
1. Campanha do Governo Federal sobre a Amazônia, lançada pelo Presidente Geisel e
muito bem continuada pelo Presidente Figueiredo.
2. INTEGRAR PARA NÃO ENTREGAR
3. Integrar o HOMEM sem pensar na Natureza / Integrar sem pensar no Solo / Sem pen-
sar nos bichos / Sem pensar nos rios / Sem pensar nas consequências
1. Não entregar a Amazônia / Possuí-la com coragem de matar / Não entregar a Amazô-
nia / Ateando fogo com facilidades
2. Integrar criando cidades / Pisando nos índios / Matando histórias / Sufocando os
tempos
3. INTEGRAR PARA NÃO ENTREGAR / ASSIM QUER O GOVERNO / CUSTE O QUE CUS-
TAR. (MACEDO, 2008, p. 101-2, grifos do autor)
Durante o Regime Militar (1964-1985) o lema do programa de integração na-
cional foi “ocupar para não entregar” (SANTANA, 2009, p. 3), demonstrando que a
visão do governo era de um vazio demográco na região amazônica, e que deveria
ser ocupado para evitar a perda desse território, dado o contexto de Guerra Fria
(1945-1991). Essa busca pela conquista da Amazônia, diferente da incorporada
no processo do Estado Novo (1937-1945)5, possuía a lógica de “[...] INTEGRAÇÃO
NACIONAL, fundamentada na concepção militar de SEGURANÇA NACIONAL.”
(GUIMARÃES NETO, 1986, p. 39, grifos da autora). Deve-se salientar que essa ocu-
pação o levava em consideração populações que habitavam essas regiões, ge-
5 O Estado Novo foi um regime político resultado do golpe de 1937 organizado pelo então presiden-
te Getúlio Vargas, utilizando de pretextos como a ameaça do comunismo no Brasil, para garantir que
se mantivesse no poder, tendo em vista que segundo Maria Celina D’Araújo (2000, p.8)“O ‘novo’
aqui representava o ideal político de encontrar uma ‘via’ que se afastasse tanto do capitalismo liberal
quanto do comunismo, duas doutrinas políticas que, desde meados do século XIX e mais intensamen-
te a partir da revolução soviética, competiam entre si no sentido de oferecer uma nova alternativa po-
lítica e econômica para o mundo. Havia em ambas a ambição de corrigir os problemas do capitalismo:
desigualdade social, crises, insegurança econômica, conito de classes e de interesses”.
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rando, assim, diversos e diferentes conitos. Quando observamos a ocupação
desses “vazios” podemos problematizar as políticas de colonização e de povoa-
mento dessas regiões,
O governo utilizou a colonização no Brasil como estratégia para o povoamento e a ex-
ploração econômica de ‘novas terras’, com a nalidade de ocupar espaços que tinham
pouca ou quase nenhuma densidade populacional no interior do país. Desconsidera-
va-se, porém, nos programas de colonização, que nesses espaços vazios morava uma
população indígena, como também ‘garimpeiros, posseiros, além de povos e comuni-
dades tradicionais representados por extrativistas, pescadores, quilombolas e ribeiri-
nhos’. (MENDES, 2012, p. 201 apud GALVÃO, 2013, p. 1)
Na década de 1970, surgiu o Programa de Integração Nacional (PIN) que ti-
nha como objetivo gerar a integração da região amazônica com o restante do
país, assim como gerar investimentos na Amazônia (JOANONI NETO; GUIMARÃES
NETO, 2017, p. 6). Essa integração teria como motor a proposição de empreen-
dimentos imobiliŕios e empreendimentos agropecuários que possuíam políticas
de incentivos scais para se xarem e promovessem suas atividades na região
amazônica como parte das políticas de segurança e integração nacional. Esses
empreendimentos imobiliários em alguns casos eram organizados e promovidos
por empresas do setor privado, como foi o caso da empresa INDECO S/A dona do
projeto de Alta Floresta, essa participação do setor privado os estabelece como
intermediador entre o INCRA e os colonos. (JOANONI NETO; GUIMARÃES NETO,
2019, p.115).
Uma das principais ações dessa intenção de integrar o Brasil, foram as cons-
truções de rodovias federais que ligam remotas regiões do norte do país com
rotas nacionais ao sul do território, como é o caso da BR-163, que liga Cuiabá -
MT a Santarém - PA. Essa rodovia foi primordial para a existência dos diversos
projetos de colonização localizados no norte de Mato Grosso, como o da cidade
de Sinop, principal polo da região na atualidade, que está às margens da BR-163.
Alta Floresta está a aproximadamente 200 km desta rodovia, “Certamente que
a construção da MT-208, estrada que liga a BR-163 a Alta Floresta, já estava nos
planos da ditadura militar em 1976, […]. A construção da estrada foi nalizada em
1981.” (TAFNER JUNIOR; SILVA, 2016, p. 210).
A venda e autorização para o estabelecimento dessas empresas sobre áreas tão gran-
des partiam do pressuposto de que estavam desocupadas, o que não correspondia às
realidades locais como bem sabia o governo federal. Os relatos de conitos, mortes,
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ameaças, expulsão de comunidades inteiras com o uso da força tornaram-se frequen-
tes, (Guimarães Neto, 2014). É importante destacar que a analogia do discurso histórico
que associa essas empresas e empresários que desenvolvem projetos de colonização
na Amazônia aos bandeirantes, terem sido chamados na grande mídia de bandeirantes
‘modernos’ ou ‘do século XX’ guardavam em seu avesso a mesma semelhança com as
incursões sertanistas do XVIII, que os marcou como matadores de índios, destruidores
de comunidades locais. (GUIMARÃES NETO, 2014 apud JOANONI NETO; GUIMARÃES
NETO, 2017, p. 16)
No caso de Alta Floresta, não existe na memória da cidade, a existência de
populações indígenas na região que compõe hoje a cidade. Nos primeiros anos
de colonização da cidade a própria colonizadora INDECO aponta a não existência
de populações originárias nessa região, o que facilitaria a integração deste ter-
ritório,
De fato não era comum a observação de indígenas e realmente o senso comum foi
convencido de a cidade ter sido instalada em lugar onde não havia índios. Até na
atualidade são raras as referências a povos indígenas no município, muito embora
exista uma grande fazenda, historicamente ligada à empresa ‘colonizadora’, com o
nome Kaiabi; os nomes dos municípios de Apiacás e Paranaíta, de origem indígena; e
centenas de sítios arqueológicos na região. (LIMA, 2020, p. 83)
Também existem relatos de ex-funcionários da colonizadora que explicam
investidas que eram realizadas a serviço da empresa, que buscavam capturar e
assassinar grupos indígenas que estavam presentes na região, antes mesmo da
abertura da clareira da cidade e da chegada dos primeiros compradores das ter-
ras da gleba de Alta Floresta (GUIMARÃES NETO, 1986, p. 83).
A dramaturgia aborda essa questão do “vazio” na cena 3 do espetáculo, na
qual um ator diz: “2. Era uma vez um lugar muito bonito, de lenda e solidão, e que
só não podia ser mais bonito porque ‘não tinha homens’, e não existindo homens
não haveria família abençoada, terra trabalhada e tudo se perderia…” (MACEDO,
2008, p. 96). Essa fala contrapõe a cena anterior da dramaturgia, na qual o públi-
co escuta o relato do indígena anunciando a destruição promovida pelo homem
branco. Como apresentado acima, a não presença de populações indígenas na
cidade é um fato construído pela colonizadora para facilitar a ocupação da re-
gião, assim como um rastro da política governamental de “vazios demográcos”,
ao mesmo tempo que essa fala aponta para a inferiorização do indígena enquanto
ser humano que não foi “escolhido por Deus” para tornar a terra próspera.
Ainda sobre a presença de povos indígenas na região, pode-se apontar as
“limpezas” realizadas pela própria empresa. Em sua dramaturgia, Macedo (2008,
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p. 96) aponta “3. Será fácil rasgar a carne do índio e abrir as veias da Floresta!”.
E a historiadora Regina Beatriz também aponta esse processo em sua disserta-
ção, “A esse respeito, referindo-se à expulsão dos indígenas que se encontravam
nas terras da Indeco, um funcionário dessa Colonizadora foi categórico: ‘Nós aqui
domamos os índios e zemos a limpeza da área’” (GUIMARÃES NETO, 1986, p. 83).
Esse relato de um funcionário entrevistado pela historiadora em abril de 1982
deixa claro a construção do projeto de ocupação e integração que a colonizadora
e os governos militares possuíam para essas terras, assim como podemos iden-
ticar a importância da presença da dissertação da professora no processo de
construção da dramaturgia, dando ao espetáculo teatral um embasamento teóri-
co e historiográco, na construção de suas representações.
Importa, assim, abordar o tema da Propaganda a partir da dramaturgia. Para
isso, selecionamos a terceira cena do espetáculo. Nesta cena, guram cinco
atores, caracterizados como migrantes colonos, a rubrica do texto anuncia que
chegam no espaço cênico pelo rio, em uma canoa - provável alusão a balsa da
INDECO. A região escolhida para o empreendimento imobiliário da Colonizadora
possui uma demarcação natural que é o Rio Teles Pires (ou São Manuel), o que im-
possibilitava o acesso às terras da colonizadora. Por ser um rio de grande escala,
dicilmente se conseguia adentrar na região sem que fosse pelo acesso cons-
truído e controlado pela empresa, a Balsa da INDECO:
Barreira natural que ajudava na determinação de características socioculturais, distin-
tas para Alta Floresta, se comparada com outras cidades da região. Sabe-se que houve
um rigoroso controle para a entrada na área da INDECO, controle este favorecido pelo
fato de o único acesso ser a balsa. (LIMA, 2020, p. 107)
Dessa forma, o acesso à área de povoamento só era permitido para pes-
soas que comprovassem possuir terras já adquiridas na cidade. Esse movimento
perdeu força no início da década de 1980. Durante os primeiros anos da coloniza-
ção da região a entrada de grupos “indesejáveis” era controlada. Tal expediente
dava à colonizadora a função de controlar o grupo social a ter acesso à cidade. A
empresa iniciava esse processo de seleção ainda na compra das terras. As pro-
pagandas e divulgações dessa “terra fantástica da Amazônia” (MACEDO, 2008, p.
96) possuíam um público-alvo denido. Buscava grupos populacionais do estado
do Paraná. Em parte, as terras eram vendidas em escritórios da colonizadora,
instalados em cidades do Paraná.
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A propaganda não se restringia somente às cidades que tinham um escritório da INDE-
CO. Corretores em outras cidades apresentavam as novas terras nos municípios que
não tinham ponto especíco de vendas. Nessas cidades eram feitas reuniões na resi-
dência de alguns moradores, que chamavam os amigos para participarem, e durante
as reuniões eram exibidas fotos do projeto da INDECO. (TAFNER JUNIOR; SILVA, 2016,
p. 216)
A colonizadora buscava pela população sulista por se tratar de um grupo
descendente de imigrantes europeus que, segundo a colonizadora, já possuíam
relação com a migração e com o trabalho na terra. Vale recordar o texto “A Terra
Para Quem Nela Não Trabalha (A especulação com a terra no oeste brasileiro nos
anos 50)”, de Alcir Lenharo (1986), no qual compreendemos que parte do Estado
do Paraná e do atual Mato Grosso do Sul foram ocupados a partir de projetos de
colonização das décadas de 1940 e 19506.
[…]. Em primeiro lugar, abriu-se espaço para o colono do sul, branco, de origem euro-
péia, preferido em relação ao nacional, geralmente de origem nordestina. O colono do
sul já teria passado pela experiência da colonização, traria seu pecúlio para aplicar na
sua propriedade e, acima de tudo, com outra mentalidade em relação ao trabalho faria
da produção uma atividade realmente lucrativa. Produziria, pois, como um capitalista.
(LENHARO, 1986, p. 50)
Dessa forma, pequenas propriedades de terra eram foco da INDECO. Nas pe-
ças de propaganda, a colonizadora apontava para uma terra próspera, fértil, que
teria lugar para todos os que estivessem dispostos a nela trabalhar e que nessa
nova terra os problemas que os estavam afetando, como as geadas, não eram
uma realidade. É importante termos em mente que nos anos anteriores ao início
dos empreendimentos em Alta Floresta, uma geada atingiu a região sul, causan-
do danos para as diversas plantações em território paranaense7. Então, quando
aparece uma oportunidade, apresentada pela empresa como a salvação para os
problemas locais, muitas dessas famílias optam por vender sua pequena quan-
tidade de terra no interior do Paraná para se aventurarem na Amazônia, lugar no
6 No texto, Alcir Lenharo (1986) problematiza a presença dos conitos por terra no interior do Brasil.
É comum abordarmos esses conitos nessa região do país pós 1964, porém Lenharo nos mostra que
esses conitos ocorriam anteriormente, e que eles se agravam durante os governos militares pós
1964.
7
Em sua dissertação , Regina Beatriz Guimarães Neto entrevistou diversos colonos que “[...],
quando entrevistados , aponta a seca ou a geada como fatores importantes para a sua saí- da
(GUIMARÃES NETO, 1986, p.12).
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qual eles poderiam, segundo a empresa, prosperar de forma fácil e rápida. Na
cena selecionada um dos atores anuncia essa terra amazônica.
1. A terra fantástica da Amazônia arrastou um sem número de famílias pobres do campo
para cá, provenientes de várias regiões do país. Abra a porta, escuta, sinta, veja, eu lhe
apresento: A AMAZÔNIA oferece a você, agricultor, e sua família, uma nova opção de
vida. (MACEDO, 2008, p. 96, grifos do autor)
A primeira frase da citação acima é uma referência direta à dissertação de
Guimarães Neto (1986, p. 1). Essa é a primeira frase de seu trabalho, a qual foi uti-
lizada na primeira fala dos colonos na dramaturgia. Essa fala apresenta a ideia de
terra fantástica e prometida que é retomada nesta cena diversas vezes. Ao com-
por as propagandas da colonizadora, busca atrair a população com a idealização
de uma terra cobiçada e próspera para as famílias.
Durante a cena temos falas que abordam a realidade encontrada por mui-
tos dos colonos e a ideia de paraíso contada pela colonizadora em suas propa-
gandas. Como é o caso dessas duas falas ditas em sequência, “5. Corra, chegou a
sua vez / Não haverá outra oportunidade / Morra de mosquito, de malária / A mor-
te bela é a Amazônica” seguindo de “1. Venha plantar conosco nas terras férteis
de nossos projetos, as culturas do café, arroz, feão, milho e mandioca. Desfrute
da infra-estrutura que uma nova cidade lhe oferece.” (MACEDO, 2008, p. 97). Duas
ideias estão em conitos nessa sequência de falas: relatos de problemas encon-
trados pelos colonos que enfrentavam novas doenças e a ideia da terra fértil, pa-
rafraseada de forma muito interessante por Regina Beatriz, que a chama de “Ouro
Verde”. Sabe-se que as culturas citadas no texto não prosperaram e logo foram
substituídas pelo gado e a exploração madeireira, assim, como a busca pelo ouro.
Compondo uma representação criada pelo espetáculo de que aquilo que se es-
tava sendo vendido não seria capaz, que a produção teatral tem ciência dos
caminhos percorridos pela economia local.
Outra questão importante que colabora para a migração desses agricul-
tores foi o avanço do grande latifúndio na região paranaense e a automação das
lavouras. Grandes latifundiários estavam ampliando suas propriedades a partir
da compra de terras de pequenos agricultores que não viam outra opção senão
vender suas terras e abandonar aquele território. Sobre essa opção de se bus-
car colonos no sul do país, Guimarães Neto apresenta a seguinte declaração de
Ariosto da Riva.
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Indagado a respeito dos motivos pelos quais procurou vender os lotes da gleba de Alta
Floresta preferencialmente no Paraná, Ariosto Da Riva respondeu de maneira incisiva:
‘Porque no Paraná a mecanização estava expulsando o pequeno, a lavoura mecanizada
exige um volume de terra. O pequeno começou a car esprimido lá, e o homem que
vendesse dez alqueires no Paraná podia comprar cem aqui. […]’. (GUIMARÃES NETO,
1986, p. 100)
Macedo também aborda na dramaturgia esses problemas enfrentados pelos
paranaenses ainda em sua terra natal. Os problemas climáticos afetaram de
forma dura a região sul do país na década de 1970, desde a falta de água, até as
geadas que destruíram plantações. Na mesma fala é possível identicar o avanço
das empresas latifundiárias sobre as terras de pequenos agricultores.
2. Era uma terra sem geada, que nem precisava ser adubada, com quase tudo de gra-
ça (só módicas prestações mensais), mas a família seria assegurada e poder-se-ia até
pensar em não mandar o lho para a cidade, pois ‘naquelas terras’ havia terra… (MACE-
DO, 2008, p. 97)
Em relação às migrações causadas por problemas naturais, Guimarães
Neto (1986, p. 12-3, grifos da autora) diz,
Ainda que estes fenômenos naturais possam em determinados momentos acelerar a
migração, não devem, no entanto, ser considerados os seus causadores. A maioria dos
colonos, quando entrevistados, apontam a seca ou a geada como fatores importantes
para a sua saída. Contudo, vejo mais como diculdades que parecem não ter solução,
para uma população pobre, oprimida politicamente e que sofre uma espoliação cons-
tante de seu saber, incompatível com os novos modelos tecnológicos, que somente
atendem poderosos grupos econômicos de ‘pai para lho
O apelo pelo sentimento de colono desbravador também se faz presente na
dramaturgia, assim como o papel de conquista da Amazônia.
5. Seja errante sempre à procura de alguma coisa, não desistindo nunca, acreditando
no desconhecido, recomeçando histórias, obedecendo uma voz interior: algo indeni-
do que impõe ao espírito e ao coração convicção’… (MACEDO, 2008, p. 97)
Dessa forma, “conquistar a Amazônia, deixava de ser simplesmente uma
questão de luta por melhores condições de vida e realização pessoal do colono,
para ser também uma contribuição do cidadão à sua nação(GUIMARÃES NETO,
1986, p. 35, grifos da autora). Essa necessidade da conquista também estava pre-
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sente na propaganda apontada na dramaturgia sobre a conquista da Amazônia e
da terra prometida.
5. Tornem homens fortes e poderosos, capazes de enfrentar perigos nunca vistos,
saindo de lugares distantes para lugares tão distantes! Atravessem uma densa e ingê-
nua mata, sofram golpes de morte! Saltem de um sonho para outro, da terra da geada
para a prometida terra de abundância… (MACEDO, 2008, p. 98)
As ideias de prosperidade e “terra prometida” presentes na cena em ques-
tão foram retomadas nas últimas falas da cena: “2. Era uma terra em que o co-
meço está fora do tempo, não conta tempo não, porque é lá que está o futuro, um
futuro de fartura e até que enm o sossegar… [...] 1. Nós lhe esperamos, porque
inventamos um paraíso, onde não há misérias.” (MACEDO, 2008, p. 98). Como já
abordamos anteriormente, essa ideia de uma terra de fartura e de futuro foi ex-
plorada pelas propagandas da INDECO. Ainda sobre essa concepção de “paraíso
terrestre”, Regina Beatriz aponta o pensamento de Ariosto da Riva, dono da colo-
nizadora:
Decididamente, nesse imaginário o mundo era fantástico, não se falava de diculdades
e tampouco de sacrifícios. […]. Ariosto construía a representação da terra prometida
e não admitia outras gurações que tentassem substituir a realidade pela imaginação.
Ele, o colonizador, nomeava o real. […]. (GUIMARÃES NETO, 1986, p. 113, grifos da au-
tora)
Deve-se ressaltar que havia uma diferença entre os projetos de colonização
públicos e privados, “[…]. A principal diferença entre colonização privada e públi-
ca é a seleção de colonos. A primeira, escolhe as pessoas que têm condições de
comprar uma porção de terra, e a segunda é destinada para aqueles que justa-
mente não têm como adquiri-la(TAFNER JUNIOR; SILVA, 2016, p. 219). No caso
da colonização de Alta Floresta, a INDECO realizou uma seleção sociocultural, na
qual ela não recebe somente aqueles com condição nanceira; porém, sua esco-
lha por realizar campanhas e propagandas somente em uma determinada região
do país demonstra o interesse em selecionar possíveis colonos.
O último eixo temático a ser discutido está relacionado com o Garimpo. Se-
gundo Joanoni Neto, em seu livro “Fronteiras da Crença: Ocupação do Norte de
Mato Grosso após 1970” (2007, p. 59), “Alta Floresta fez parte de uma das mais
importantes reservas auríferas do Brasil […]”. Durante a década de 1970, estu-
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dos apresentaram a qualidade do solo na região amazônica e de suas riquezas.
A exploração do solo em busca do ouro, no caso de Alta Floresta, e de outros
projetos do mesmo período, não era propagada, para que não se atraísse uma
população indesejada pelas colonizadoras, devido ao número de pessoas pobres
que migravam para a cidade sem pretensões de permanecerem nela, mas sim
aproveitar a existência do ouro para tentar enriquecer. O foco inicial da coloni-
zação era a agricultura, porém, diferente das propagandas sobre a terra, aquele
não era um lugar de terra fértil para as mesmas culturas e meios de produção
do Paraná. Dessa forma, com o ciclo da agricultura perdendo força e a busca do
ouro se mostrando próspera, “Os problemas com as lavouras, [...], aos poucos
iam sendo conhecidos. Mais tarde, quando a fama já corria deste mundo, o pro-
gresso da cidade de Alta Floresta e o ouro dos garimpos vinham ampliar e elevar o
mito da terra de riqueza” (GUIMARÃES NETO, 1986, p. 33, grifos da autora). Assim,
Alta Floresta passa a atrair pessoas não mais para trabalhar com a terra, mas sim
para desbravar-lá com o garimpo.
O primeiro diálogo sobre esse tema na peça ocorre na quarta cena. Sozinho
em cena um ator caracterizado de agricultor/colono fala com o público.
Óia, seu moço! Tá uma correria danada pela cidade! De uma hora pra outra a cidade
virou um formigueiro de gente! O ouro – não sei se isso é bendito ou maldito – deu sua
cara pra estas bandas e o povo endoidou cavando buraco pra todo lado. Nem os atolei-
ros na estrada segura esse montão de gente que quer chegar aqui e chega. Só se esta
terra for somente ouro pra dar pra todo mundo. Ninguém tá respeitando nada. A Natu-
reza, coitada! Tá virando um balaio furado escorrendo uma lama esquisita! (MACEDO,
2008, p. 98)
Nesse trecho, podemos identicar o relato da chegada em grande número
de pessoas em busca do ouro que havia sido encontrado nas terras da coloniza-
dora, tornando foco desses migrantes, que vinham de lugares distantes na tenta-
tiva do enriquecimento. Na continuidade da cena, entra outro ator caracterizado
de colonizador, e se inicia um diálogo entre o colono e o colonizador sobre a pre-
sença do ouro e dos garimpos nas terras do projeto da colonizadora.
– Senhor, onde foram todos?
– Deus colocou também ouro nessas terras e eles foram em busca da maldição.
– Maldição?!
Sim, tudo será alterado. Não haverá mais planos nem planejamento. Chegarão mul-
tidões da noite para o dia com seus sonhos brilhantes e rasgarão o solo por todos os
cantos. No ar já se sente um cheiro de morte em todos os sentidos.
– Eles morrerão?!
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– Não somente eles, mas nós também. Para sobreviver às imposições da garimpagem
será preciso estar disposto a matar ou morrer. Mataremos e morreremos. É a lei da
sobrevivência.
– Mas e se mandássemos todos embora?!
– Não é mais possível. Já estão vindo de toda parte. Usaremos a polícia para o extermí-
nio de muitos, mas todos, será impossível. O ouro é um atrativo que endoida os homens
tornando-os como lobos famintos.
– É terrível!
– Não se preocupe. Haveremos de tirar proveito de toda a situação. Anal, temos o po-
der de nosso lado. Pediremos auxílio à Igreja para apaziguar os mais afoitos em nome
de Deus. O ouro passará e os que aqui permanecerem sofrerão na busca de seus pró-
prios caminhos. No momento, uma coisa é importante: a cidade crescerá rapidamente
sem o ônus da propaganda.
– Pra natureza, isso pode ser pior que uma bomba! (MACEDO, 2008, p. 99-100)
Na cena acima, no diálogo entre colono e colonizador podemos analisar
como uma representação da busca pelo ouro, assim como a opreso realizada
pela colonizadora INDECO no processo de avanço do garimpo e o crescimento
que a cidade teve na década de 1980. No caso de Alta Floresta, o papel repressor
da colonizadora e da gura de seu dono, Ariosto da Riva, proliferaram uma per-
seguição aos garimpeiros, além das mortes e expulsões. É possível identicar
repressão e menosprezo pelos garimpeiros, que partiam da própria população
que chegara anteriormente, Ariosto da Riva foi o rosto de uma propaganda anti-
-garimpo na cidade.
Os garimpeiros, que não eram sulistas, foram condenados por Ariosto da Riva. Eles
eram os invasores de sonhos e traziam para a sociedade valores antagônicos aos da
família, como a violência e a promiscuidade. Quando os garimpeiros, atraídos pela no-
tícia de que havia ouro no entorno de Alta Floresta, estes chegaram aos milhares e o
desprezo, o preconceito e a violência contra os garimpeiros. (TAFNER JUNIOR, 2016.
p. 220)
Além desse processo de controle, que deixou de existir no início nos anos
1980, o projeto de Alta Floresta da colonizadora INDECO promoveu uma caça a
garimpeiros, diferente de outros projetos do norte do estado,
No caso do garimpo de Paranaíta, na área do Projeto Alta Floresta, os garimpeiros que
insistiam em entrar foram expulsos com violenta repressão: […] grande parte dos ga-
rimpeiros expulsos […] por um grande número de jagunços, alguns policiais fardados
[e pelo] delegado de Sinop, José Carlos Conte […] Calcula-se em 300 o número de mor-
tes […] quem caminha naquelas matas não raro encontra cadáveres já praticamente
decompostos. E diga-se que no mês de novembro um grupo de garimpeiros encontrou
18 cadáveres amontoados, mortos recentemente. (JOANONI NETO, 2007. p. 65)
Deixando claro a violência sofrida pelos garimpeiros nos anos iniciais do
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projeto e a utilização das forças de represo do estado em processos que bene-
ciavam as empresas privadas de colonização na garantia de suas terras (JOA-
NONI NETO; GUIMARÃES NETO, 2019, p.109). Podemos ainda citar o episódio co-
nhecido como “taca”, na qual
Quase todos os garimpeiros (cerca de 3.500) foram torturados pelos bandidos. Em al-
guns introduziram o cano do mosquetão e outros objetos no ânus, outros eram pen-
durados pelos pés (muitos até morreram), outros eram obrigados a manterem relação
sexual com os próprios companheiros. As mulheres eram violentadas na presença dos
maridos pelos policiais e jagunços. Chegou ao ponto de colocarem gasolina na vagina
e em seguida atear fogo. Davam coices de mosquetão no ventre de mulheres grávidas.
(SCHAEFER, 1985, p. 150 apud LIMA, 2020, p. 86)
Então, podemos compreender o uso dessas tentativas da colonizadora de
buscar desmoralizar o garimpo e seus praticantes. Em sua dissertação de mes-
trado “A Lenda do Ouro Verde” (1986), Regina Beatriz Guimarães Neto aponta como
havia uma necessidade de diferenciar os migrantes do sul dos migrantes do nor-
deste, ideia presente nos discursos que frisavam como o colono do sul buscou a
terra amazônica para prosperar a partir do trabalho, preservando, ainda, a lealda-
de a sua família; enquanto os garimpeiros, na sua maioria nordestinos, buscavam
apenas o enriquecimento rápido a partir do ouro sem interesses em se xar na
cidade. A tentativa da colonizadora de frear o avanço e a proliferação do garimpo
falha, mas esse movimento impulsionado pela empresa gera uma descriminação
ainda presente na cidade entre paranaenses e nordestinos.
Nesta representação do novo lugar, o colono é sempre mencionado como o homem da
terra, que mais parece carregar uma ‘sina’ - a de cultivar, cultivar. E ocupar. Outros são
garimpeiros, grileiros, aventureiros sem rumo, sem lugar, que acompanham o brilho da
riqueza e não podem parar. (GUIMARÃES NETO, 1986, p. 67)
Sobre a repressão realizada pela colonizadora, a dramaturgia aponta de
forma camuada. Em sua dissertação, Lima ressalta que essa era uma temática
delicada. No ano em que o espetáculo estreou (1996) o lho de Ariosto da Riva, Vi-
cente da Riva, foi eleito prefeito de Alta Floresta. Com isso, havia um certo receio
da reação dele e da família Riva como um todo, pelo fato de que eram (e ainda
estão) presentes na vida política e detentores de grandes poderes no município
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(LIMA, 2020, p. 73-4). Sobre o receio em abordar o episódio de repressão denomi-
nado “taca”, Lima (2020, p. 86) diz,
Discussões sobre a ‘tacaforam longamente travadas pelo TEAF, mas a escolha pelo
desvio foi consciente. Seria uma opção demasiadamente espinhosa e perigosa. Do
ponto de vista da relação do Grupo com a cidade e os controladores dos espaços de
poder, poderia causar problemas para a própria existência do coletivo teatral. Ainda
assim, no diálogo das personagens são sugeridas práticas hostis e violentas que foram
entendidas pelo espectador mais atento.
No trecho selecionado acima da dramaturgia, também pode-se identicar
o crescimento da cidade durante o ciclo do ouro, quando a personagem do colo-
nizador arma:
Não se preocupe. Haveremos de tirar proveito de toda a situação. Anal, temos o po-
der de nosso lado. Pediremos auxílio à Igreja para apaziguar os mais afoitos em nome
de Deus. O ouro passará e os que aqui permanecerem sofrerão na busca de seus pró-
prios caminhos. No momento, uma coisa é importante: a cidade crescerá rapidamente
sem o ônus da propaganda. (MACEDO, 2008, p. 100)
Durante esse período, a cidade foi sede de um dos principais garimpos do
país. Assim, a colonizadora passa a receber investimentos em suas terras sem a
necessidade da propaganda, a cidade passa a se tornar famosa e o fruto do de-
sejo de diferentes brasileiros, que sonham com essa terra de riquezas. E, assim
como a personagem diz, o ouro deixa de ser abundante no nal da década de 1980
início de 1990, gerando na cidade um debandada, levando a permanecer somente
aqueles que tinham interesse de permanecer, ou que não tinham condições de se
aventurar em outros lugares. Durante a década de 1990, o comércio de madeira
passa a ser o principal produto da região, sendo ultrapassado pela pecuária nos
anos 2000.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Em nosso artigo buscamos compreender as representações engendradas
na dramaturgia “Fragmentos de Vida” (1995), do TEAF, a partir dos recortes dos
eixos temáticos: Participação do Governo Federal, Propaganda e Garimpo, dis-
cutidos nos tópicos anteriores. Procuramos identicar e relacionar os trechos
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da dramaturgia com o dissertação de mestrado da historiadora Regina Beatriz
Guimarães Neto (1986) e com outros textos historiográcos que discutem as te-
máticas abordadas. Assim, buscamos uma primeira aproximação com as possi-
bilidades de se utilizar uma produção teatral como fonte histórica.
A partir da dramaturgia, observamos ser fundamental estabelecer o lugar
político-social do dramaturgo Agostinho Bizinoto e do grupo Teatro Experimental
de Alta Floresta e sua relação com o território no qual está inserido, abordando,
em seu espetáculo, problemas importantes para a realidade de Alta Floresta e da
Amazônia Legal, como seu posicionamento perante a cidade e seu processo de
colonização.
Podemos identicar a partir das representações construídas e contidas
na dramaturgia teatral uma relação similar às pesquisas historiográcas, muito
porque o texto teatral possuiu como principal referência a dissertação de mes-
trado de Regina Beatriz Guimarães Neto, aproximando a discussão proposta pelo
espetáculo do conhecimento histórico. Mas também foi possível identicar na
análise da dramaturgia e da dissertação de mestrado de Ronaldo Adriano Freitas
Lima, que a produção da obra teatral carregou a presença das relações de poder
presentes na cidade, evitando em alguns momentos a discussão mais aorada e
direta sobre o papel e a presença da empresa colonizadora nas relações com os
colonos e garimpeiros. O que nos parece identicar a compreensão do espaço
em que o grupo de teatro estava presente, assim como suas relações com as -
guras de poder da cidade.
Podemos compreender a partir da análise realizada, que o processo de ocu-
pação da Amazônia teve uma presença ativa de empresas privadas juntamente
com o governo militar. Construindo cidades que pudessem servir de processo ci-
vilizatório e controlador sobre, não somente o espaço recém ocupado, mas tam-
bém sobre os corpos daqueles que estavam sendo colocados como parte crucial
da integração nacional, os migrantes. Portanto, procuramos discutir nesses três
recortes temáticos que o processo de colonização e ocupação da região norte de
Mato Grosso, em especial da cidade de Alta Floresta, pudesse ser compreendido
como um processo de controle da terra e dos corpos ali inseridos, apresentando
esta região como um “paraíso na terra”, um lugar no qual a terra fosse fértil a pon-
to de brotar oportunidades em todas as lavouras.
Concomitantemente, entendemos possível problematizar o processo de
ocupação do norte de Mato Grosso. A partir da dramaturgia, percebe-se a sele-
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tividade dos colonos, optando-se por sulistas em contraposição aos migrantes
nordestinos, gerando tensões principalmente na década de 1980. Que as ima-
gens e os expedientes retóricos que compõem um texto teatral gerem outros
trabalhos ocupados com o projeto de colonização implementado no período da
ditadura militar no Brasil, possibilitando reetir, criticamente, sobre agentes e as
práticas mobilizadas no território da Amazônia Mato-grossense.
FONTE
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