DOSSIÊ
ocorreram no âmbito da UNESCO no final da década de 90, retoma a educação
voltada aos processos de desenvolvimento sustentável é um tema amplamente
debatido por diversas agências e organismos internacionais. No entanto,
destaca-se a necessidade de não tratá-la como um “remédio milagroso” — como
se, sozinha, como se fosse capaz de resolver todas as questões enfrentadas
pelos países.
Nesse cenário, Pascal Lamy, então diretor-geral da OMC, reconhece os
avanços de países emergentes como o Brasil, cuja atuação tem contribuído para
a construção de um novo equilíbrio nas relações internacionais. Para ele, trata-
se de um movimento sem volta. Inclusive, afirma ver como inevitável a entrada
do Brasil no Conselho de Segurança da ONU — uma das principais metas da
diplomacia brasileira no governo Lula (Folha, 23 dez. 2007).
[...] muitas vezes atribui-se ao sistema de formação a responsabilidade pelo
desemprego. A constatação só é justa em parte, e, sobretudo, não deve servir para
ocultar outras exigências políticas, econômicas e sociais a satisfazer, se se quiser
alcançar o pleno emprego ou permitir o arranque das economias subdesenvolvidas.
Dito isto, e voltando à educação, a Comissão pensa que sistemas mais flexíveis, com
maior diversidade de cursos e com possibilidades de transferências entre diversas
categorias de ensino ou, então, entre a experiência profissional e o retomar da
formação, constituem respostas válidas às questões postas pela inadequação entre
a oferta e a procura de emprego. Tais sistemas levariam, também, à redução do
insucesso escolar que [...] causa enorme desperdício de recursos humanos (Barone,
2000, s.p.).
Existe uma necessidade intensa de se resolver os problemas
socioeconômicos. O relatório destaca a superação de diversas tensões ainda
presentes nas sociedades atuais. Nesse contexto, propõe-se uma educação
fundamentada em quatro pilares essenciais: aprender a conhecer 10, aprender a
viver juntos 11, aprender a fazer 12 eaprender aser 13. Soma-seaissoanecessidade
de garantir ao educando a possibilidade de fazer parte das múltiplas dimensões
formativas: ética e cultural, científica e tecnológica, e econômico-social.
10 Este tipo de aprendizagem visa nem tanto a aquisição de um repertório de saberes codificados, mas antes o domínio
dos próprios instrumentos do conhecimento pode ser considerado, simultaneamente, como um meio e uma finalidade da
vida humana.
11 Quando se trabalha em conjunto sobre projetos motivadores e fora do habitual, as diferenças e até os conflitos inter-
-individuais tendem a reduzir-se, chegando a desaparecer em alguns casos.
12 Aprender a conhecer e aprender a fazer são, em larga medida, indissociáveis. Mas a segunda aprendizagem está mais
estreitamente ligada à questão da formação profissional: como ensinar o aluno a pôr em prática os seus conhecimentos e,
também, como adaptar a educação ao trabalho futuro quando não se pode prever qual será a sua evolução? É a esta última
questão que a Comissão tentará dar resposta mais particularmente.
13 Todo ser humano deve ser preparado, especialmente graças à educação que recebe na juventude, para elaborar pen-
samentos autônomos e críticos e para formular os seus próprios juízos de valor, de modo a poder decidir, por si mesmo,
como agir nas diferentes circunstâncias da vida (Chomsky, 2005).
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Albuquerque: revista de Estudos Culturais, vol. 17, n. 33, jan. - jun. de 2025 I e-issn: 2526-7280