Anais do ENAPHEM - Encontro Nacional de Pesquisa em História da Educação Matemática

Expediente e Editorial - Anais do 7 Enaphem

Vinícius Sanches Tizzo — 2025-04-13

Instrução Secundária em Mato Grosso: a trajetória da matemática para o ensino (1879-1902)

Luana Vieira Ramalho — 2025-03-07

O artigo pretende discutir a trajetória da matemática no ensino secundário no Liceu Cuiabano em Mato Grosso, entre 1879 e 1903. Nesse sentido, é necessário entender a formação e a atuação dos professores de matemática na época. Para isso, são analisadas fontes primárias, incluindo leis, regulamentos da instrução pública e relatórios de presidentes da província. A base teórica e metodológica inclui autores da história cultural, como Chervel (1990), que discute a história das disciplinas escolares, Julia (2001) que explora a cultura escolar. A perspectiva sócio-histórica de Hofstetter e Schneuwly (2017) é utilizada para discutir os saberes profissionais dos professores que ensinaram matemática no período em estudo: saberes a e para ensinar. Os resultados das análises indicam alterações na organização das disciplinas que compunham o curso de matemática elementar, permitindo inferir a produção de novos saberes para o ensino e para a formação, evidenciando também a constituição de uma cultura escolar diferente da do ensino primário. Além disso, as análises mostram que a aquisição de conhecimentos pedagógicos está lentamente se firmando na constituição de saberes para ensinar no Liceu Cuiabano, enquanto o saber a ensinar se faz presente nas rubricas álgebra, geometria e aritmética. Este estudo se mostra pertinente para a ampliação das discussões sobre saberes profissionais de professores no contexto do ensino secundário.

Uma história sobre a criação dos cursos de Matemática na região do Bolsão/MS

Natalia Cristina da Silva — 2025-03-07

Esse texto é oriundo de uma pesquisa de doutorado que teve por objetivo traçar compreensões sobre o movimento de criação dos cursos de Matemática na região do Bolsão de Mato Grosso do Sul, a partir da década de 1970 até meados de 2000, com o apoio de entrevistas de (ex) professores e (ex)funcionários que vivenciaram tais processos. A metodologia mobilizada foi a História Oral, que tem como foco a criação intencional de fontes historiográficas por meio da oralidade, em situações de entrevistas. O movimento analítico nos permitiu observar que os cursos foram criados sob a égide dos signos das urgências e carências, que estavam interligadas a políticas governamentais. Com isto, inferimos que a falta de planejamento na criação dos cursos está relacionada com a dinamicidade na relação de “centro” e “periferia”. Uma outra temática discutida foram os entraves entre a Matemática Pura e a Educação Matemática. Assim, o trabalho contribuiu com o projeto Mapeamento da Formação e Atuação de professores que ensinam/ensinaram Matemática no Brasil, do Grupo de Pesquisa História Oral e Educação Matemática (GHOEM).

Matemática para a nova escola de primeiro grau:

Elisabete Zardo Búrigo — 2025-03-07

O texto apresenta a sugestão de programa para a área de Ciências veiculada no documento Brasil 71/74, em tempo de construir: ensino de 1º grau no Rio Grande do Sul, publicado entre 1972 e 1973 pela Secretaria da Educação e Cultura do estado do Rio Grande do Sul. A relevância do tema está conectada ao reconhecimento de que a escola de primeiro grau, criada pela Lei n. 5.692 de 1971, não se constituiu em mera fusão dos antigos cursos primário e ginasial, e de que os currículos não foram diretamente determinados pelos documentos normativos de âmbito nacional. Em consonância com os pareceres do Conselho Federal de Educação, as sugestões curriculares para a área de Ciências do documento riograndense são organizadas em torno de objetivos. Os conteúdos de matemática, alinhados com esses objetivos, indicam forte ressonância da Matemática Moderna, em uma leitura peculiar das redatoras do documento. Zoltan Dienes e Georges Papy são apontados como prováveis referências para as proposições relativas a esses conteúdos.

Crianças e infância em Educação Matemática

Giovani Cammarota Gomes — 2025-03-07

O trabalho discute a produção de uma cartografia de trabalhos publicados em periódicos e anais de eventos de relevo no campo da Educação Matemática com vistas a responder como a pesquisa com crianças vem se configurando nesse campo. Revisamos trabalhos publicados de 2012 a 2022 em quatro periódicos e em anais de dois dos eventos mais importantes da área no Brasil. Uma história da atualidade dá visibilidade a quatro características: ao fazer pesquisa com crianças, a Educação Matemática não vem problematizando explicitamente concepções de infância e criança que guiam suas reflexões; os trabalhos operam com uma equivalência entre as noções de criança e aluno; o cognitivismo de inspiração piagetiana é a o regime hegemônico de leitura da atividade matemática das crianças; as pesquisas vêm promovendo uma antecipação do uso de ferramentas didático-metodológicas da Educação Matemática para crianças cada vez menores, com destaque para trabalhos que utilizam a Educação Estatística e a Modelagem Matemática na Educação Infantil.

Uma Uma breve discussão sobre o uso da história oral e da pesquisa em um arquivo pessoal para a escrita de uma biografia

Jean Sebastian Toillier — 2025-03-07

O presente texto faz menções a um exercício biográfico, cujo objetivo foi compreender Lourdes de la Rosa Onuchic como uma educadora matemática. Para que isso fosse possível, foi utilizada a história oral como metodologia de pesquisa, além da pesquisa no arquivo pessoal da biografada. Esses dois momentos são aqui tensionados a partir de como foi feito para a elaboração da biografia, destacando, principalmente, o olhar que o pesquisador teve sobre as fontes orais e documentais utilizadas na pesquisa. Por fim, destacamos como as subjetividades aparecem para a escrita dessa biografia e para a escrita da história, mostrando que os dois tipos de fontes têm suas potencialidades e que não deve haver um jogo de forças entre elas.

A matemática no “Gymnasio” Leopoldinense no início do século XX e a formação da elite mineira: 1906 a 1922

Rosane Miguel Alvim Mendonça — 2025-03-07

O presente texto, fruto de uma dissertação de mestrado, ainda em fase de desenvolvimento, tem por objetivo construir uma representação, para saber mais sobre o ensino de matemática no “Gymnasio” Leopoldinense , no início do século XX. Para essa tarefa iremos utilizar os aportes teórico-metodológicos da História Cultural, de Burke e Chartier, a Cultura Escolar de Julia e as Disciplinas Escolares de Chervel. Após as análises iniciais, tentaremos responder à questão de pesquisa: quais matemáticas estavam presentes como disciplinas escolares nesta escola, no interior de Minas Gerais, de 1906 a 1922. Encontramos relevância neste estudo ao percebermos a falta de literatura específica sobre esses ensinos, especificamente o da matemática, e como eles permeiam o cotidiano escolar, favorecendo um ideário de inovações pedagógicas e educação de qualidade, vinculadas ao ingresso dos estudantes do “Gymnasio” Leopoldinense nas universidades da República e sua inserção nos diversos domínios das sociedades mineira e brasileira, o que parece ser uma vontade de dominação e manutenção do poder das elites dominantes da época.

Historiografia por Composição

Lucas Gabriel de Souza Cruz — 2025-03-07

Este trabalho apresenta uma proposta de pesquisa em Educação Matemática que assume uma historiografia por composição, isto é, que mobiliza os elementos historiográficos pensando tanto nas formas quanto nos conteúdos. Para tanto, se pergunta: de que modos agenciar os elementos da memória em uma composição que assuma a sua própria incompletude, contando mais pelas e sobre as formas do que por qualquer conteúdo que se intenciona capturar? Assim, tomamos a composição científica do mesmo modo que as composições artísticas, produzindo discursos, ideias e sensações. Como materialidade, se expõe resultados parciais de uma pesquisa de mestrado em Educação Matemática. Esta pesquisa, que se desenvolve junto a uma banda de música, opera os elementos historiográficos assumindo-os como elementos de uma composição que é, também, musical.

Ensino de Transformações Geométricas em tempos de Matemática Moderna

Guilherme Rodrigues Magalhães — 2025-03-07

Este estudo examina um volume da coleção de livros didáticos do Grupo de Ensino de Matemática Atualizada (Gruema), publicado na década de 1970, com o objetivo de compreender como um saber específico – as transformações geométricas planas (TG) – foi apropriado pelas autoras e inserido no ensino de geometria, em consonância com as diretrizes do Movimento da Matemática Moderna. A análise histórica é fundamentada em pressupostos da História Cultural e da Educação Matemática, baseando-se no conceito de "matemática do ensino", conforme estudado por W. R. Valente e colaboradores. Destacam-se os conceitos de 'matemática a ensinar' e 'matemática para ensinar', que representam, respectivamente, o conteúdo que é objeto de ensino do professor e as ferramentas utilizadas no processo de ensino. Os resultados mostram que a única TG abordada no livro é a reflexão em relação a uma reta, inicialmente definida como função. No entanto, os exercícios enfatizam a relação entre pontos e figuras simétricas, preparando a introdução da noção de figuras congruentes. Dessa forma, a TG é introduzida em conexão com o estudo das figuras na geometria euclidiana, fundamentando a noção de congruência sem explorar explicitamente a abordagem funcional.

Jogando na Roda

Júlia Gabriele Silva — 2025-03-07

Neste artigo trazemos reflexões a partir de uma revisão de literatura, sobre potencialidades de Rodas de Conversas para a produção de dados para uma pesquisa de mestrado, em fase de desenvolvimento, na qual assume-se a História oral como perspectiva de pesquisa. A pesquisa em andamento intitulada “Mulheres no campo e suas possíveis relações com a Matemática: um Estudo de Caso em assentamentos no interior de São Paulo”, visa problematizar relações matemáticas, formais ou não formais, que se manifestam em história de mulheres que trabalham com o escoamento de produtos agroecológicos em assentamentos do Movimento Sem Terra (MST). Para a realização da pesquisa, serão realizadas entrevistas individuais e/ou coletivas em Rodas de Conversas com mulheres que vivenciam este contexto do campo. Nossa revisão de literatura vem apontando ser potente a produção de dados em situações de Rodas de Conversas, sendo estas uma oportunidade de produção de conhecimento coletivo ao mesmo tempo em que se produz os dados de pesquisa, junto a um público mais amplo, sendo uma possibilidade importante para o campo da História da Educação Matemática.

Uma análise de materiais didáticos de Cálculo produzidos e utilizados pelo CEFET-MG no final do século XX

Davidson Paulo Azevedo Oliveira — 2025-03-08

Esse artigo é resultado de um projeto de pesquisa de Iniciação Científica Júnior e tem o objetivo de analisar e comparar o conteúdo de Cálculo presente em dois materiais didáticos de Matemática do Centro Federal de Educação Tecnológica de Minas Gerais. É um estudo documental que contou, também, com duas entrevistas de modo a compreender as principais diferenças percebidas entre um material focado no currículo de matemática tradicional e outro produzido especificamente para alunos da Educação Profissional Técnica de Nível Médio. Conclui-se que a principal diferença entre tais conteúdos está nos exemplos e exercícios; enquanto um material produzido na década de 1973 é voltado para o currículo tradicional e apresenta exercícios e exemplos majoritariamente teóricos e numéricos, o livro produzido em 1991 fornece, além de exercícios numéricos, aplicações dos conteúdos apresentados no contexto da Física, Geometria e de conteúdos de alguns Cursos Técnicos.

Heranças da matéria Trabalhos Manuais no ensino primário paulista: reflexões sobre o programa paulista e livros didáticos dos anos 60

Josilaine Aparecida Pianoschi Malmonge — 2025-03-08

Este trabalho faz parte de uma tese de doutorado que investiga a integração das concepções de trabalhos manuais no ensino de geometria nos programas escolares paulistas do ensino primário, após o término da matéria escolar Trabalhos Manuais. Tem por objetivo analisar a coleção Curso Moderno de Matemática para a Escola Elementar (CMME) e o Programa da escola primária do estado de São Paulo (1968), explorando a presença e a integração dos trabalhos manuais como metodologia para o ensino de geometria. Por meio da análise documental, o estudo buscou responder às questões: Os trabalhos manuais foram integrados como uma ferramenta para o ensino de geometria na Coleção CMME? O Programa da escola primária do estado de São Paulo (1968) cita os trabalhos manuais como recurso metodológico para o ensino? A análise documental revelou que, embora a coleção didática reflita a modernização do ensino de matemática proposta pelo Movimento da Matemática Moderna (MMM), os trabalhos manuais como metodologia de ensino aparecem de forma limitada, apenas em atividades específicas de dobradura e cartonagem no último ano do ensino primário.

“Didática Viva da Matemática no Curso Primário, (1969)”: uma matemática do ensino de fração

Diogo Ferreira Jandrey — 2025-03-08

A proposta deste trabalho é responder o seguinte questionamento: Qual é a matemática do ensino de fração no manual didático “Didática Viva da Matemática no Curso Primário” de Maria Helena Roxo e Maria do Carmo Neves, 1969? Este Manual foi escrito por Maria Helena Roxo e Maria do Carmo Neves, ambas, professoras do ensino primário na cidade de Santos/São Paulo. O Manual apresenta sugestões, aos professores primários, para o ensino da matemática moderna. Adotamos como aporte teórico-metodológico os conceitos advindos de estudos sócio-históricos para os saberes profissionais, saber a ensinar e saber para ensinar; a matemática a ensinar e a matemática para ensinar; a matemática do ensino; e as categorias para análise deste manual foram: sequência, graduação, significado e exercícios e problemas. A partir da análise do manual, podemos inferimos que o manual orienta a utilização de materiais didáticos, para o ensino; as operações são ensinadas a partir de frações equivalentes; o ensino dos números racionais se dá inicialmente pelo ensino da forma fracionária; os exercícios são de repetição; a fração é ensinada com o aspecto de uma divisão indicada, evidenciando assim a matemática do ensino presente no manual.

O Movimento da Escola Nova:

Anieli Joana de Godoi — 2025-03-08

Este texto, recorte de uma pesquisa doutoral em desenvolvimento, tem como proposta responder como se caracteriza o ensino das operações aritméticas pelo método Mackinder difundido por Margarita Comas no manual Metodología de la aritmética y la geometria? Para responder tal questionamento, utiliza-se como referencial teórico os pressupostos da História Cultural e dos saberes da formação docente. Sob um viés escolanovista e como seguidora fiel das propostas de John Dewey, Comas valorizava a manipulação de materiais didáticos, neste caso, a caixa de Mackinder, e a partir dela apresentou um ensino de números e operações aritméticas com jogos e situações em que é importante a composição e decomposição de números e o uso do visual, valorizando assim, novos modos de pensar a aritmética, principalmente para as crianças.

APUA e Educação Matemática

Jonathan Machado Domingues — 2025-03-08

Este estudo tem como objetivo analisar como as correspondências presentes no Arquivo Pessoal de Ubiratan D’Ambrosio, especificamente relacionadas à sua posse como Professor Emérito da UNICAMP em 1995, elucidam aspectos da constituição do campo da Educação Matemática no Brasil e contribuem para o entendimento do processo de produção do conhecimento. As narrativas desveladas através das correspondências do Arquivo Pessoal de Ubiratan D’Ambrosio podem gerar uma reflexão acerca da constituição do campo da Educação Matemática no Brasil, conforme observado por meio das lentes de Hofstetter e Schneuwly (2017), no que concerne ao processo de produção do conhecimento. Por meio dessas cartas, percebeu-se não apenas o reconhecimento dos colegas de D’Ambrosio, mas também a rede de comunicação que ele construiu e sua influência na profissionalização e no avanço da Educação Matemática no Brasil.

História da Matemática em cursos de licenciatura

Luciane de Fatima Bertini — 2025-03-08

O presente texto tem como objetivo discutir o papel da História da Matemática em cursos de licenciatura, nas décadas de 1970 e 1980, a partir de propostas identificadas no Arquivo Pessoal Ubiratan D’Ambrosio. Nessa perspectiva foram utilizados como documentos principais o “Projeto do Curso Experimental de Licenciatura em Matemática” realizado na UNICAMP e uma carta enviada por Ubiratan com uma proposta para um curso de Licenciatura em Matemática. Nas duas propostas a HM parece ter um papel central na formação de professores no que diz respeito ao ensino de matemática. Tal centralidade se relaciona ora ao seu papel de articulação de disciplinas, principalmente entre disciplinas de natureza interdisciplinar e pedagógicas, ora à sua posição de disciplina associada aos objetivos do curso (e não aos seus conteúdos ou métodos).

Formação e desenvolvimento profissional de docentes de universidades federais mineiras

Kelly Kelly Maria de Campos Fornero Abreu de Lima Melillo — 2025-03-08

Este artigo aborda a formação continuada de quatro professores de Matemática do Colégio Técnico da Universidade Federal de Minas Gerais, no período 1969-1997, e da Universidade Federal de São João del-Rei, no recorte temporal de 2001 a 2019. O trabalho resulta de pesquisas fundamentadas na metodologia da História Oral. Revisitamos as narrativas criadas para duas pesquisas de doutorado. Os testemunhos dos professores indicam que sua inserção em cursos de pós-graduação (mestrado e doutorado) promoveram um conhecimento pessoal, aprofundamento de conteúdos, exploração de recursos e métodos de ensino, além de propiciar que se responsabilizassem pela disseminação de conhecimentos a partir do oferecimento de cursos de capacitação no país. Entretanto, o afastamento dos docentes prejudicou suas instituições, temporariamente, na época de suas ausências.

Uma história dos livros didáticos para ensino de Ciências no Brasil entre 1960-1970

Adriana Nogueira de Oliveira — 2025-03-08

O presente artigo tem como objetivo apresentar alguns livros didáticos referentes as disciplinas científicas
presentes no currículo escolar brasileiro entre 1960-1970. A partir disso, aborda-se aspectos históricos
que narram as mudanças curriculares que aconteceram no Brasil durante esse período, além disso, foi
realizado o estudo teórico das fontes encontradas de modo que fosse mostrado elementos relevantes
para compreensão do contexto no qual se gesta a produção dos livros didáticos de Ciências. Diante
disso, foi possível concluir que a influência dos Estados Unidos foi um fator determinante para as
mudanças ocorridas no ensino de Ciências no Brasil, bem como, para a produção dos livros didáticos
que atendiam ao projeto que vinha sendo desenvolvido no país norte-americano.

Notas para uma análise do Manual do Ensino Primário, de Miguel Milano

Antonio Vicente Marafioti Garnica — 2025-03-08

O presente artigo explora aspectos – relativos tanto ao contexto de elaboração, publicação e circulação quanto ao tratamento do conteúdo matemático – da coleção Manual do Ensino Primário, publicada por Miguel Milano ao final da década de 1930. As análises foram conduzidas seguindo, basicamente, o referencial teórico metodológico da Hermenêutica de Profundidade. Ficam realçadas as condições gerais da produção de livros didáticos, do contexto educacional e da formação e atuação de professores da primeira metade do século XX bem como aponta-se a ênfase principal do autor que, segundo as análises desenvolvidas, visa a atender prioritariamente as disposições técnicas, as legislações em vigência e as circunstâncias mercadológicas do comércio livreiro, muitas vezes em detrimento dos ideários pedagógicos.

Vozes pelo tempo: produções de um grupo de pesquisa a partir da História Oral

Luiza Borges — 2025-03-08

O presente trabalho investiga as principais temáticas e abordagens relacionadas à História Oral nas dissertações e teses do grupo História da Educação Matemática em Pesquisa, entre 2019 e 2023, totalizando 10 trabalhos analisados. Longe de se limitar ao mapeamento dessas produções, a pesquisa problematiza como a utilização da História Oral no campo da Educação Matemática reverbera memórias e experiências de professores e alunos, revelando simultaneamente as tensões e contradições presentes nesses relatos. A metodologia, ao resgatar essas vivências, evidencia os desafios sistêmicos que permeiam o ensino da Matemática, como a frustração docente diante das limitações institucionais e da precarização do trabalho educacional. O estudo aprofunda-se na História Oral como uma metodologia em constante transformação, que vai além do registro de narrativas e questiona os discursos hegemônicos presentes na educação. Nesse processo, ao reverberar vozes historicamente silenciadas, a pesquisa busca descolonizar o conhecimento, trazendo à tona perspectivas diversas, frequentemente marginalizadas. Esse movimento conduz à interrogação sobre o papel da formação docente, evidenciando como as narrativas pessoais contribuem para uma visão mais diversa das práticas educativas. Essa crítica, por sua vez, aponta para a necessidade de repensar os movimentos políticos que atravessam o campo educacional. Nesse sentido, a pesquisa sugere que a História Oral pode ser um instrumento de resistência contra narrativas opressivas, ao propor uma história mais plural, inclusiva e representativa das experiências educacionais no Brasil.

O Produto Educacional “EnsiGA Podcast – Ensino de Geometria Analítica: perspectiva histórica”

Daniel José de Paula — 2025-03-08

Este artigo apresenta um Produto Educacional (PE) desenvolvido em conjunto com uma dissertação de Mestrado Profissional em Educação Matemática, que investigou a Geometria Analítica (GA) em livros didáticos brasileiros para o ensino superior nas décadas de 1960 e 1970. A pesquisa analisou como a GA foi sistematizada nesses livros e suas motivações, utilizando uma abordagem histórica e metodológica baseada em referências adotadas pelo Grupo de Pesquisa em História da Educação Matemática (GHEMAT). A pesquisa identificou a presença de GA em diferentes contextos e livros didáticos brasileiros, destacando variações no tratamento do conteúdo. O Produto Educacional descrito consiste em um podcast denominado "EnsiGA Podcast – Ensino de Geometria Analítica: perspectiva histórica", destinado a divulgar a pesquisa de maneira acessível para o público acadêmico e não acadêmico, abordando a importância da História da Educação Matemática para a Educação Matemática. Foram produzidos quatro episódios com participações de professores da educação básica e do ensino superior, além de estudantes da licenciatura em matemática. O PE foi criado e divulgado na plataforma de áudios spotify.

O que a história nos conta sobre a Teoria da Probabilidade?

Gerlan Silva da Silva — 2025-03-08

Este artigo apresenta uma visão histórica da Teoria da Probabilidade, desde a antiguidade até o século XX, com o objetivo de mostrar seu movimento complexo e multifacetado. Organizado em uma linha do tempo que abrange quatro períodos distintos (pré-história da probabilidade, surgimento do conceito, desenvolvimento da Probabilidade Clássica e período moderno), o texto destaca as contribuições essenciais de matemáticos para o Cálculo de Probabilidade. A análise revela que a teoria foi formada por diversas contribuições de mentes brilhantes de diferentes épocas e contextos, incluindo matemáticos, filósofos, estatísticos e cientistas. Essa evolução conceitual e epistemológica teve um impacto profundo no desenvolvimento da teoria e influenciou os processos de ensino e de aprendizagem.

Preservação Digital em História da Educação Matemática

Jonathan Machado Domingues — 2025-03-08

A pesquisa em Educação Matemática enfrenta desafios na era da digitalização. O tema central deste artigo é a preservação digital e a autenticidade de fontes digitalizadas para a elaboração de narrativas históricas em Educação Matemática. Desta forma, objetiva-se analisar as estratégias de digitalização de fontes históricas na História da Educação Matemática, avaliando os impactos e desafios associados a esse processo. Quais são os desafios associados à digitalização de fontes históricas na História da Educação Matemática? Em síntese, a digitalização contribui para a preservação da autenticidade e integridade dos documentos, elementos essenciais para a validade das fontes históricas.

A Presença dos Problemas Aritméticos na Revista do Ensino de Minas Gerais (1925-1927)

Robert Rene Michel Junior — 2025-03-08

Esta comunicação está filiada aos estudos históricos da Educação Matemática e associada ao Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática – Santa Catarina (GHEMAT–SC). O objetivo deste texto visa discutir a presença dos problemas aritméticos na Revista do Ensino de Minas Gerais no recorte temporal de 1925 a 1927. Como aporte teórico metodológico, utilizam-se os estudos respaldados na História Cultural, na Cultura Escolar e nos conhecimentos oriundos desta cultura, relacionados ao ensino de matemática. As fontes utilizadas nesta investigação são artigos referentes à Revista do Ensino de Minas Gerais dos anos de 1925 a 1927. A partir da análise das fontes, constatam-se dois principais focos para o ensino de aritmética nos artigos desse periódico: o ensino pelo Método de Projetos e as orientações das Lições de Aritmética de Vitalia Campos. Identificam-se, ao longo da análise dos artigos, diferentes representações para o ensino de problemas aritméticos. Em certos momentos, verificam-se os problemas como aplicação dos conteúdos vinculados à vida prática dos alunos. De outro modo, aparecem de forma oral como meio de ensinar aritmética, mas também, ao final, como forma de verificação do conteúdo estudado, oportunizando o desenvolvimento do raciocínio dos alunos.

A Potência da História Oral para a Pesquisa sobre Inclusão

Suelen Martins Vasconcelos — 2025-03-10

Este trabalho objetiva apresentar a história oral como um potente instrumento de pesquisa em estudos sobre inclusão. E nasce do que foi produzido em uma dissertação de mestrado na qual se realizou um estudo analítico sobre o caráter inclusivo do que contaram três autistas, sobre suas experiências escolares, enquanto alunos da Educação Básica. A partir dos resultados obtidos daquele estudo e tendo como pressupostos teórico-metodológicos referências da História Oral, são apresentadas reflexões sobre a importância dessa metodologia de pesquisa no debate sobre inclusão.

Circulação internacional de saberes, constituição do campo da Educação Matemática e as correspondências do APUA

Aila Maiara Santos Nascimento — 2025-03-10

A proposta de trabalho aqui apresentada tem a intenção de tratar sobre a circulação internacional de saberes e a constituição da Educação Matemática, por meio do Arquivo Pessoal Ubiratan D’Ambrosio - APUA. Utiliza-se uma perspectiva que considera estudos de Bourdieu (2001), que refere-se às particularidades sociais do campo; Souza (2016), que compreende sobre o movimento internacional de circulação e apropriação de um ideário educacional em Educação Matemática; Matasci (2016), que fornece pistas de pesquisas para repensar a história da escola republicana; e textos como de Abes (2015), para o trato de correspondências como fontes de pesquisa. O estudo mostra que as cartas do educador Ubiratan D’ Ambrosio possibilitam perceber as inter-relações com outros países como também os interesse dos professores internacionais com o professor D’Ambrosio por meio de seminários e congressos. Esse primeiro movimento constata que é possível verificar os saberes discutidos para a constituição do campo da Educação Matemática.

História do uso de paradidáticos em Matemática na Região Potengi

Anderson Souza — 2025-03-11

O presente escrito emerge de uma investigação acerca dos saberes produzidos pelos docentes que ensinam matemática na Região Potengi, no Rio Grande do Norte, a partir do uso de livros paradidáticos para elucidar os conceitos matemáticos em sala de aula. Assim, com o objetivo de expor os materiais que historicamente os docentes trabalharam no decurso de suas aulas, bem como apresentar os possíveis caminhos para o processo de ensino e aprendizagem em Matemática. Para tanto, apoiamo-nos em uma pesquisa qualitativa, com vistas ao mapeamento por meio da investigação em locus, nos documentos oficiais de aquisição dos materiais e entrevistas com os educadores. A ideia inicialmente construída, recorre ao estudo de caso, com auxílio de contato telefônico, entrevistas livremente e outras com uso de questionários. Neste contexto, para o embasamento teórico utilizamos os estudos acerca da história das instituições e disciplinas escolares, por evidenciarmos os saberes produzidos nos ambientes escolares, além de buscarmos a compreensão dos conceitos mobilizados pelos paradidáticos utilizados nas salas de aula. Com isso, por meio de um exemplo elucidativo, esmiuçamos uma espécie de proposta analítica e os possíveis desdobramentos que o uso de materiais como os paradidáticos podem oportunizar para o processo de assimilação conceitual. Espera-se que a composição dos dados possa subsidiar outras ações em prol do uso dos paradidáticos em Matemática.

Fundações educacionais e a expansão do ensino superior no Brasil

Mariana Cristina Boaretti Cavenaghi Johansen — 2025-03-11

O objetivo desse artigo é divulgar uma pesquisa de doutorado em andamento que propõe um estudo historiográfico do curso de Matemática da Fundação Educacional de Bauru, à luz do referencial metodológico da História Oral. A partir da análise dos dados emergentes das seis narrativas constituídas, foram identificadas quatro tendências de análise associadas à historicidade do curso em tela: a ênfase na formação específica em Matemática, as transformações na estrutura do curso, as implicações do contexto político e o papel das fundações educacionais no oferecimento de cursos de nível superior no Brasil. Tomando a última tendência como mote para um primeiro exercício de análise, é apresentado um breve panorama sobre as fundações educacionais, com destaque para o papel das fundações municipais na expansão e interiorização do ensino superior nos estados de São Paulo e Santa Catarina. Ao mesmo tempo, excertos das narrativas trazem ao diálogo elementos associados à Fundação Educacional de Bauru, propriamente dita. Embora tenham sido tratadas como exceção pela legislação então vigente, as fundações educacionais tiveram um boom entre as décadas de 1960 e 1980, exercendo um papel fundamental na democratização do acesso a cursos de graduação, em um cenário em que a oferta de vagas nas instituições públicas federais e estaduais era limitada e restrita, em geral, aos grandes centros.

A Essência dos Métodos Modernos no Movimento da Matemática Moderna a partir das ideias de Charles D'Augustine

Laura Dias — 2025-03-11

Utilizando a História Cultural como abordagem teórico-metodológica, o estudo analisa o capítulo “essência para os métodos modernos” do livro "Métodos Modernos para o Ensino de Matemática". O objetivo é compreender práticas e representações disseminadas sobre a Matemática Moderna. O artigo destaca a importância da ênfase dada por D’Augustine em relação aos métodos modernos, como a participação ativa dos alunos, flexibilidade curricular e a integração de novas abordagens pedagógicas.

Produções Simbólicas no Campo Científico da Educação Matemática em Mato Grosso do Sul: Uma Análise de 1990 a 2020

Kamila da Fonseca Veiga Cavalheiro Leite — 2025-03-11

Este artigo apresenta um estudo que explora aspectos do campo científico da Educação Matemática no estado de Mato Grosso do Sul (MS) a partir da sua produção acadêmica durante o período de 1990 a 2020. Analisamos 2.232 teses e dissertações de programas de pós-graduação pertencentes às áreas de Educação, Ensino e Psicologia, selecionando 238 trabalhos que tinham como foco o ensino e a aprendizagem de matemática. Para nos oferecer respaldo teórico, adotamos os conceitos sociológicos de Pierre Bourdieu sobre habitus, capital e produção simbólica. Dentre os primeiros resultados obtidos, indicou-se um aumento significativo no número de produções no decorrer das três décadas estudadas. Como aspecto principal da elaboração desses trabalhos, nos interessou estudar a relação dos agentes envolvidos nessas produções. Nesse caso, relações estabelecidas pela composição das bancas de defesa: autores, orientadores e membros examinadores. Uma análise preliminar nos permitiu elaborar uma rede que expressa essas relações e, por consequência, uma certa distribuição. A partir do resultado gráfico, inferimos que se trata de uma rede de pesquisadores de distribuição uniforme. Em suma, esses resultados nos permitem apresentar hipóteses sobre características dessas relações a partir do contexto estudado.

Táticas de professores catarinenses em períodos de Escola Nova

Cintia Schneider — 2025-03-11

Neste artigo tem-se por objetivo caracterizar aspectos referentes a metodologia de ensino de aritmética catarinense, em período de escolanovismo. Para isso, foram mobilizados materiais empíricos provindos da legislação catarinense, mas principalmente comunicados escolares, que foram instituídos pela Circular n. 1 de 02 de janeiro de 1941, de autoria de Elpídio Barbosa. Estes comunicados são textos escritos pelos professores de Escolas Isoladas e Grupos Escolares de Santa Catarina, em que deveriam escolher um tema do seu cotidiano, fundamentar e emitir suas opiniões. Para estas análises optou-se pelo uso do ferramental teórico de Certeau (1998), mais especificamente aos conceitos de estratégias e táticas, em que o primeiro era fruto de uma imposição governamental, que consequentemente, resultava em uma tática por parte do professorado. E neste sentido, conclui-se que, por mais que o governo, estrategicamente impusesse que os professores escrevessem os comunicados e nestes demonstrassem conhecimentos e adesão ao Movimento escolanovista, os professores, taticamente, redigiam superficialmente sobre aspectos da Escola Nova e o que, por muitas vezes, prevalecia, eram relatos e reflexões que se aproximavam do método intuitivo.

Dos Cadernos à Memória: cruzando fontes e revisitando a Matemática na formação das normalistas no Rio Grande do Sul

Diogo Franco Rios — 2025-03-11

O presente trabalho tem como objetivo revisitar produções historiográficas acerca da Matemática na formação de normalistas no Rio Grande do Sul, apresentando como caminho metodológico um cruzamento entre artigos publicados a respeito de cadernos de uma normalista gaúcha dos anos 60 e uma entrevista realizada com ela, atualmente professora já aposentada. Esse exercício parte da premissa de que a produção historiográfica pode se enriquecer a partir da existência de novas fontes e do cruzamento entre elas. Como resultado inicial, o trabalho traz uma crítica à historiografia produzida sobre o tema, apontando para aprofundamentos possibilitados pelas fontes orais produzidas e publicadas.

O Ensino de Matemática em uma Escola Técnica Federal em Minas Gerais (1959 – 2008)

Thiago Neves Mendonça — 2025-03-07

O presente artigo aborda aspectos do ensino de Matemática na Escola Técnica Federal de Ouro Preto (Etfop) sob uma perspectiva histórica. O estudo foi desenvolvido segundo a metodologia da História Oral, tendo seu foco na análise de narrativas construídas a partir de entrevistas com colaboradores da Instituição. Evidencia-se um ensino de Matemática permeado por tradições, criadas na escola, que se espalham pelas formas de ensinar e pelas opções por conteúdos, materiais e abordagens pedagógicas. Estuda-se, com maior ênfase, a vinculação entre a Matemática ensinada e as formações técnicas, o que se tem chamado de uma possível Matemática para a Tecnologia, do que resulta que há apenas sutis relações entre essa Matemática e os cursos técnicos da Etfop.

Práticas de Ensino e Aprendizagem em Matemática nas Escolas Multisseriadas do campo de Ji-Paraná/RO (1977-2006)

Joziene Batista Alves Silva — 2025-03-07

Este artigo se insere no campo da História da Educação Matemática e investiga as práticas de ensino
e aprendizagem em matemática nas escolas multisseriadas do campo de Ji-Paraná/RO, entre 1977 e
2006. Esse recorte temporal foi escolhido desde a criação do município até a emissão do decreto nº
10.302/2006, que instituiu as Escolas Polos e extinguiu as escolas multisseriadas. A pesquisa baseia-
se nos teóricos Bloch (2001), Le Goff (1992) e Ginzburg (1989), utilizando métodos exploratórios que
combinam pesquisa documental e entrevistas semiestruturadas com professores e ex-alunos. Os
resultados indicam que, apesar dos desafios e da escassez de recursos, os professores adotaram
práticas inovadoras e colaborativas, tornando o ensino de matemática mais acessível e relevante para
os alunos.

Palavras-chave: Escolas Multisseriadas; Ensino e aprendizagem de Matemática; História da
Educação Matemática; Ji-Paraná

A construção de uma matemática do ensino de frações

Armando Tramontano — 2025-03-07

O estudo analisa o tratamento dado ao saber fração a partir de publicações do Laboratório de Currículos (LC) do Estado do Rio de Janeiro (1975-1978) e faz relações com a proposta contida no documento Programa do Ensino Primário do Estado da Guanabara (1965). Para tal, analisamos as orientações curriculares do 3º ano do Curso Primário, em ambos os períodos, buscando caracterizar as categorias sequência, significado, graduação e exercícios e problemas que, segundo Morais, Bertini e Valente (2021, p. 18) são estruturantes da matemática do ensino. Partindo da hipótese de que existem saberes a ensinar fração e saberes para ensinar fração, temos como objetivo construir uma matemática a ensinar fração e uma matemática para ensinar fração, a partir da análise dos saberes profissionais do professor que ensina matemática. Na análise desses documentos oficiais esperamos responder à seguinte pergunta: como os saberes a ensinar frações e para ensinar frações são sistematizados nas publicações do Laboratório de Currículos (1975-1978)? As primeiras análises indicam que a organização dada pelo LC à proposta para o ensino do conceito de fração no 3º ano do Curso Primário busca a construção de estruturas de aprendizagem matemática complexas a partir de estruturas anteriormente estabelecidas. Por outro lado, o Programa de 1965, tem uma abordagem da aritmética prática com foco em uma matemática que visa o cotidiano do estudante.

Formação de Professores que ensinam Matemática: Uma análise a partir dos Anais do ENAPHEM

Celina Aparecida Gonçalves de Souza — 2025-03-07

Resumo

A formação de professores é um tema recorrente nos debates e discussões dos meios acadêmicos, sendo, portanto, um importante objeto de investigação. Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo identificar as revelações das produções científicas publicadas nos Anais do Encontro Nacional de Pesquisa em História da Educação Matemática (ENAPHEM) dos anos de 2020 e 2022, a respeito da Formação de Professores. Quanto aos procedimentos metodológicos, se referem a uma pesquisa qualitativa do tipo Estado do Conhecimento, que propicia uma visão ampla do que vem sendo produzido na atualidade em uma determinada área, e as fontes de estudo nos direcionam ao objeto pesquisado, além de apontar lacunas e sugerir novas pesquisas. Foram identificados e analisados 17 trabalhos, dos quais 10 retratam a formação de professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental e 07 abordam a formação de professores de Matemática. Os resultados discorrem a respeito dos saberes a e para ensinar Matemática nos primeiros anos do ensino primário, a instalação e a influência dos Cursos de Licenciatura em Matemática em diferentes regiões do país.

Palavras-chave: Formação de Professores; Educação Matemática; Saberes docentes.

Primeiros Itinerários de Ubiratan D’Ambrosio em Prol de uma “Matemática para a Paz”

Gustavo de Miranda — 2025-03-08

O texto tem por objetivo registrar os primeiros delineamentos de pesquisa em perspectiva histórica a respeito do envolvimento de Ubiratan D’Ambrosio com a temática da paz, mais particularmente a “Matemática para a Paz”. O período focalizado vai de 1979 a 1996, época em que Ubiratan faz parte formalmente das Pugwash Conferences on Science and World Affairs, organização que, desde 1957, tem-se notabilizado por promover eventos cuja preocupação principal é a paz e o desarmamento nuclear. O interesse se justifica pela relação entre eixos temáticos aparentemente distintos, o que leva Ubiratan a estabelecer ao longo de duas décadas novos interlocutores e conceitos. Essas redes de sociabilidade aliadas às suas experiências e participações nos debates internacionais trouxeram elementos que acabaram incorporados no campo da Educação Matemática e da Etnomatemática. A pesquisa apresentada ampara-se na materialidade documental do APUA (Arquivo Pessoal Ubiratan D’Ambrosio).

A abordagem das construções geométricas em livros didáticos de Osvaldo Sangiorgi nas décadas de 1950 e 1960

Ederson Sales Pastor — 2025-03-08

O estudo analisa a abordagem das construções geométricas em dois livros didáticos de matemática do ensino secundário, um da década de 1950 e outro da década de 1960. O estudo revela a mudança da abordagem das construções geométricas nos dois livros didáticos. A obra da década de 1950 apresenta as construções geométricas como aplicações práticas de conceitos teóricos previamente estudados, inseridas no final dos capítulos. Em contraste, a obra da década de 1960, produzida durante o período de ascensão do Movimento da Matemática Moderna no Brasil, integra mais estreitamente as construções geométricas ao longo dos capítulos, utilizando-as como ferramentas de apoio para a compreensão dos conceitos geométricos.

A tensão intrínseca na Educação Matemática no Rio de Janeiro

Janile Oliveira — 2025-03-11

Este artigo é um recorte dos resultados de uma pesquisa de doutorado (Oliveira, 2024), que teve por intuito elaborar compreensões e constituir uma agenda de pesquisa sobre o cenário da Educação Matemática no Rio de Janeiro, a partir da perspectiva de alguns de seus pesquisadores. Consideramos a Educação Matemática como campo de investigação desde os cursos de pós-graduação. A História Oral constituiu-se como metodologia basilar no trabalho. Realizamos entrevistas com 12 pesquisadores atuantes em cursos de pós-graduação e/ou citados em investigações, memoriais e documentos da área, envolvidos com a Educação Matemática do estado do Rio de Janeiro. Neste artigo, a partir da análise das entrevistas, apresentamos uma discussão sobre a contextualização do cenário, com ênfase no ressentimento apresentado pelos entrevistados, como um dos possíveis elementos que impactaram na área no Estado. Revelaram-se tensões e ressentimentos nas interações entre pesquisadores das áreas de Matemática e de Educação Matemática. Nota-se a influência de instituições como a Sociedade Brasileira de Matemática (SBM), a Sociedade Brasileira de Educação Matemática (SBEM) e o Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA) na formação desse campo no Estado. Por fim, apresentamos como que essas disputas internas podem afetar (ou afetam) o campo da Educação Matemática no Rio de Janeiro.

Revisão Estruturada de Estudos sobre Análise de Livros Didáticos e Conteúdos de Matemática em Trabalhos Publicados nos anais do ENAPHEM de 2020 e 2022

Aniele Adriane Fonseca — 2025-03-11

Este artigo apresenta os resultados de uma pesquisa do tipo Estado do Conhecimento com foco nas produções apresentadas no 5º e 6º Encontro Nacional de Pesquisa em História da Educação Matemática (ENAPHEM) realizados em 2020 e 2022, que tratam da análise de livros didáticos e conteúdos matemáticos abordados na educação básica. A justificativa desse estudo reside na importância de compreender a evolução e as tendências atuais do ensino da Matemática, identificar os diferentes enfoques e abordagens que influenciam o currículo e a seleção de conteúdo. O objetivo principal da pesquisa é mapear e identificar o Estado do Conhecimento sobre análise de livros didáticos e conteúdos matemáticos abordados na educação básica, o que pode subsidiar práticas futuras na elaboração e utilização desses materiais. Nesse sentido, a pesquisa permitiu compreender a importância dos saberes docentes na adequação dos métodos de ensino e da contextualização histórica, fornecendo inspirações para futuras pesquisas sobre o desenvolvimento dessas práticas pedagógicas. Além de acender um campo de pesquisa acerca da visão abrangente sobre a evolução dos métodos e conteúdos matemáticos na educação básica, com uma abordagem crítica e reflexiva, para entendermos como diferentes teorias pedagógicas e movimentos educacionais influenciaram a forma como os conteúdos matemáticos foram apresentados e ensinados ao longo das décadas.

Em cena: o Laboratório de Ensino de Matemática

Higor Eduardo — 2025-03-07

O presente trabalho propõe apresentar um exercício historiográfico em torno do Laboratório de Ensino de Matemática (LEM) do Instituto de Matemática e Estatística (IME) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) elaborado a partir de uma iniciação científica em estágio inicial. Para isso, nos respaldamos nos pressupostos teóricos-metodológicos da História Oral, em especial, aquela praticada no/pelo Grupo História Oral e Educação Matemática (GHOEM) do qual os autores são membros. Assim, a partir de fontes documentais, materiais disponíveis no LEM/IME/UFU e narrativas provenientes de entrevistas com docentes que, em diferentes espaços e tempos, estiveram envolvidos com o laboratório, é que se fez possível constituir uma história do movimento de criação e permanência deste espaço no IME-UFU. Com esse exercício, entendemos que foi possível não só dizer de um LEM/IME/UFU como também de modos pelos quais ele contribuiu com a formação (inicial e continuada) de docentes que ensinam Matemática.

Léa da Cruz Fagundes e o acervo do Laboratório de Estudos Cognitivos da Universidade Federal do RS

João Colla — 2025-03-07

Neste artigo iremos destacar a importância da pesquisa em acervos, trazendo um pouco da história do Laboratório de Estudos Cognitivos, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e de seu acervo, que se confunde com a história da Professora Léa da Cruz Fagundes, idealizadora e coordenadora do laboratório. A pesquisa com os materiais do acervo está em andamento, em que se busca compreender um pouco mais sobre a expertise da professora Léa.

Alguns Aspectos Históricos da Criação de Cursos de Licenciatura em Matemática Em Minas Gerais

Paula Juliana Barbosa Faria — 2025-03-07

Este trabalho tem como objetivo descrever a trajetória de alguns cursos de formação de Professores de Matemática no Estado de Minas Gerais. Apontamos neste estudo a criação dos cursos das instituições UFMG, UFV, Unimontes e IFNMG. As criações dos cursos foram justificadas pela demanda e falta de profissionais com formação adequada na área. O estudo tem uma abordagem de pesquisa qualitativa, é caracterizado por pesquisa bibliográfica. A partir do levantamento das pesquisas, percebemos que no início da implantação de curso houve muitas dificuldades, falta de professores, recursos, entre outros. Portanto, na atualidade, é importante ressaltar que melhorou de forma significativa a qualidade, disciplinas, professor formador qualificado, que até então nos primeiros anos da implantação dos cursos, os professores eram engenheiros.

Revista do professor de matemática da SBM: Luiz Márcio Imenes e os artigos de geometria

Henrique Vieira dos Santos Brito — 2025-03-07

Este trabalho foi elaborado a partir de um exercício historiográfico na disciplina de Historia da Matemática no curso de licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Uberlândia campus Pontal em Ituiutaba no primeiro semestre de 2024. Tem como objetivo compartilhar a experiência de pesquisa no acervo do grupo de pesquisa NUPEm na referida instituição. Durante a disciplina os discentes, autores deste trabalho, manifestaram interesse por trabalhar com arquivo e surgiu a ideia de se fazer uma pesquisa no arquivo físico de obras raras de um grupo de pesquisa da instituição. A proposta foi considerada pela docente da disciplina como o instrumento avaliativo final. Para tanto, a metodologia pautou-se em visitas técnicas ao acervo do grupo em horário da aula prática, com o objetivo principal de eleger um objeto de estudo, após a participação da turma da palestra de um pesquisador na área da História da Educação Matemática. O objeto escolhido foi a Revista do professor de matemática da SBM, centrando o estudo em artigos de geometria escritos pelo educador Luiz Márcio Imenes priorizando os volumes da revista da década de 80. Constatou-se que a tendência principal utilizada nos artigos refere-se à Resolução de problemas. Espera-se que esta breve experiência com investigação em acervos históricos possam reverberar novas ações, tanto para a prática docente em licenciaturas de matemática, quanto para atrair jovens pesquisadores para a temática.

Evolução e Impacto da Formação Docente na Superintendência Regional de Ensino de Teófilo Otoni

Lucas Rodrigues Pereira — 2025-03-08

O Este estudo investiga a trajetória da formação docente promovida pela Superintendência Regional de Ensino de Teófilo Otoni (SRE-TO) e avalia seu impacto nas práticas pedagógicas e nos resultados educacionais. Utilizando uma abordagem historiográfica, a pesquisa combina análise documental e entrevistas qualitativas para examinar as iniciativas de formação desde a década de 1990 até o presente. A análise documental inclui relatórios, documentos normativos e dados de avaliações educacionais, enquanto as entrevistas com professores e gestores oferecem insights sobre as experiências e percepções dos participantes. Os resultados indicam que as formações contribuíram para a adoção de metodologias ativas e ferramentas pedagógicas inovadoras, como o Geoplano, resultando em um ensino mais dinâmico e interativo. Além disso, os dados de avaliações sistêmicas, como o IDEB e a Prova Brasil, mostram melhorias no desempenho escolar associadas às formações. Apesar das limitações da pesquisa, a combinação de diferentes fontes de dados proporciona uma visão abrangente e detalhada dos efeitos das formações na SRE-TO.

Um exercício historiográfico na análise das pesquisas com pessoas Surdas apresentadas no Encontro Nacional de Educação Matemática Inclusiva

Adrielly Antonia Santos Gomes — 2025-03-08

O objetivo deste exercício historiográfico é sistematizar os estudos envolvendo pessoas Surdas
publicados nos anais das três edições do Encontro Nacional de Educação Matemática Inclusiva
(ENEMI). Para isso, foi feita uma análise dos anais dessas edições desse evento, que foram
organizadas nos anos de 2019, 2020 e 2023 em três diferentes estados brasileiros (RJ, BA, ES),
buscando os trabalhos, por meio dos descritores: Surda, Surdo e Surdez. Identificados 65 trabalhos,
analisaram-se, inicialmente, a evolução das quantidades ao longo das três edições e a distribuição de
sua autoria pelos estados brasileiros. Foram lidos os resumos dos mesmos, com o intuito identificar a
ocorrência e a recorrência de temáticas ao longo do tempo, procurando identificar as principais
preocupações que motivaram as pesquisas e associá-las a condições e circunstâncias da sua
produção. Ao final, procurou-se, ainda, destacar algumas indicações dos trabalhos para as políticas e
as práticas pedagógicas que dão suporte à Educação Matemática de Pessoas Surdas.

Estudo histórico da trajetória das demonstrações geométricas no 2º ciclo do Ensino Secundário (1951-2000).

Talita Moreira — 2025-03-07

Este projeto de doutorado investiga os processos de validação em geometria euclidiana no Ensino Médio, enfocando as mudanças ocorridas na segunda metade do século XX, especialmente no estado de São Paulo. A pesquisa está organizada em duas etapas principais: a primeira examina as fontes referentes ao Movimento da Matemática Moderna (1950-1980), e a segunda analisa o período pós Movimento da Matemática Moderna até chegar nos Parâmetros Curriculares Nacionais (1980-2010). O estudo se baseia em referenciais teóricos da História Cultural, em particular nas obras de Peter Burke entre outros teóricos, e emprega uma abordagem qualitativa para análise documental priorizando legislações e livros didáticos. O objetivo é compreender e relatar como os processos de validação em geometria foram moldados por normatizações e práticas culturais, influenciando a Educação Matemática e a formação de professores.

A Educação Matemática e a produção curricular

Sidnéia Almeida Silva — 2025-03-07

Este projeto de doutorado sanduiche tem como objetivo, analisar os processos e dinâmicas da produção curricular entre Brasil e França na década de 1990, considerando o papel dos educadores matemáticos e didáticos da matemática. O estudo se justifica, dadas as relações estabelecidas entre a chamada Didática Francesa e a formação de pesquisadores da Educação Matemática no Brasil. Serão considerados como aportes teórico-metodológicos os estudos de Pierre Bourdieu na mobilização do conceito de campo e elementos relacionados; Rita Hofstetter e Bernard Schneuwly na compreensão dos saberes para a formação do educador, tensões entre campos disciplinares e campo profissional e para discussão do conceito de Expert; Damiano Matasci, Carla Souza e Antonio Garnica no processo de circulação e apropriação internacional de ideias, especialmente na relação Brasil e França; bem como estudos de pesquisadores brasileiros da História da educação matemática com discussões referentes aos saberes do ensino e da formação de professores que ensinam matemática. Trata-se de uma pesquisa histórica e para alcançar os objetivos propostos pretende-se considerar, na França e no Brasil, documentos curriculares oficiais, programas de ensino, guias, e outros documentos normativos relativos ao ensino de matemática e o papel dos experts na referida década.

A formação de professores de matemática na UFJF entre 1996 a 2016: um estudo a partir da legislação

Geovanna Vilela Avelar — 2025-03-08

Este texto pretende apresentar uma pesquisa de mestrado do Programa de Pós-graduação em Educação Matemática da Universidade Federal de Juiz de Fora – PPGEM-UFJF que busca investigar as transformações curriculares do curso de Licenciatura em Matemática da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF) nas últimas décadas (1996 - 2016). A investigação será baseada na legislação federal referente à formação de professores, visando compreender como as exigências para uma identidade própria do curso de licenciatura se manifestam no curso da UFJF. O estudo também pretende apresentar referências teórico-metodológicas relacionadas à História da educação matemática, além de utilizar a legislação como fonte histórica e oferecer um breve histórico sobre a formação de professores no Brasil.

A EJA como espaço de formação: trajetórias de professores/as de Matemática egressos/as do PROEF 2 – UFMG (1997 a 2007)

Ana Luisa Alves — 2025-03-08

Este trabalho apresenta como se desenvolverá a pesquisa de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Educação da UFMG. O objetivo dessa pesquisa é construir narrativas fundamentadas na História Oral mediadas pelos cadernos de turma, com a possibilidade de encontrar traços que transformaram a formação de professores egressos do PROEF-2. A partir da minha história entrelaçada com referenciais teóricos, pretendo construir essa pesquisa.

Os processos de validação em contextos de geometria na formação de professores de matemática na Universidade Federal de Juiz de Fora 1990 – 2010

Regis Veríssimo Lamas de Oliveira — 2025-03-08

O presente projeto de doutorado profissional em Educação Matemática descreve uma proposta de pesquisa que tem o intuito de analisar como se deu o ensino de provas, demonstrações ou outros processos de validação em contextos de geometria em cursos de formação na Universidade Federal de Juiz de fora – UFJF no final do século XX e inicio do século XXI. Com base em fontes como projetos pedagógicos, planos de ensino, notas de aula, livros didáticos, provas e exames, além de entrevistas com alunos e professores dos cursos de formação, o estudo almeja identificar que elementos relativos à organização e sistematização dos processos de validação em geometria estavam presentes nas disciplinas dos cursos de formação de professores de matemática da UFJF entre 1990 e 2010. Como base teórico-metodológica, além de outros referenciais que podem ser utilizados e constituídos no decorrer da pesquisa, será mobilizada a história cultural, o conceito de apropriação (CHARTIER, 1990) e o objeto teórico de estudo denominado matemática do ensino (VALENTE 2021). O trabalho de pesquisa proposto, embasado nos referidos referenciais teórico-metodológicos mencionados, traria subsídios para a elaboração de um processo/produto educacional, que assumindo a forma de um curso de extensão, contribuirá não só com a divulgação de pesquisas relativas ao campo da Educação Matemática, mas também com a formação inicial e continuada de professores de matemática.

Formação pedagógica para o ensino de matemática no Curso de Licenciatura Curta em Ciências, de Jequié (1977-1988)

Cleide Selma Pereira dos Santos — 2025-03-08

O presente projeto propõe analisar, historicamente, a formação pedagógica para o ensino de Matemática, ofertada no Curso de Licenciatura Curta em Ciências de Jequié, no período de 1977, ano em que se iniciaram as atividades do curso, a 1988, por considerar-se que no ano seguinte o vestibular passou a ofertar vagas para as habilitações implementadas nesse curso (Biologia e Química). A pesquisa se justifica devido haver poucos estudos relacionados a tais cursos e nenhum com o objetivo proposto, ao longo do período delimitado. Para tanto, fundamenta-se na história cultural de acordo com a perspectiva de Chartier (2002), valendo-se dos conceitos de apropriação, representação e prática; em Viñao Frago (2007), com o conceito de cultura escolar e sua relação com as reformas educativas; em André Chervel (1990) acerca da história das disciplinas; e no conceito de currículo de Ivor Goodson (1995). A pesquisa adotará o cruzamento de fontes orais e documentais, conforme definem Meihy e Holanda (2020); sendo assim, serão utilizados o estudo bibliográfico, a análise de documentos e a entrevista, realizada com professores e alunos do curso em questão.

Os Egressos do curso de matemática da Faculdade Nacional de Filosofia (1939-1963)

Victor Negromonte Pereira — 2025-03-08

Este projeto de pesquisa visa investigar os alunos que se formaram no curso de Matemática da Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi) entre 1939 e 1963. Fundada durante o governo de Getúlio Vargas, a FNFi tinha como objetivo formar professores para o ensino secundário, oferecendo tanto bacharelado quanto licenciatura em Matemática. A ausência de estudos acadêmicos sobre os egressos desse curso motivou a realização desta pesquisa. O referencial teórico-metodológico adotado é a prosopografia, que envolve a criação de uma biografia coletiva de um grupo social específico. As etapas do trabalho prosopográfico incluem a definição da população a ser estudada, coleta, organização, análise e interpretação dos dados, além da divulgação dos resultados. Serão coletadas informações pessoais, profissionais e acadêmicas dos egressos, que serão organizadas em uma planilha eletrônica. Os dados serão obtidos a partir de acervos físicos e digitais. Após a análise, os resultados serão contextualizados historicamente para uma melhor compreensão.

Desenho Geométrico e Processos de Validação na Formação de Professores de Matemática em Minas Gerais: 1970 a 2020

Eder Quintão Lisboa — 2025-03-11

O projeto aqui apresentado busca investigar processos de validação em contextos do passado, em disciplinas de desenho geométrico de cursos de licenciatura em Matemática em Minas Gerais, entre as décadas de 1970 a 2020. A perspectiva teórico-metodológica adotada para a realização do estudo refere-se ao campo da história cultural. Este trabalho se justifica pela carência de estudos sobre o tema, evidenciada em levantamentos preliminares. Acredita-se, de outra parte, que essa pesquisa possa contribuir para a reflexão na proposição de reformas de cursos e ou disciplinas de formação de professores que ensinam matemática.

Práticas Socioculturais de Cuidado com uma Mestra Raizeira

Eliziara Pereira Coutinho — 2025-03-11

Esta comunicação apresenta um exercício historiográfico desenvolvido junto a uma mestra Raizeira da região de Morro do Pilar, chamada Maria da Conceição Tomáz. A mestra trabalha em saúde comunitária há mais de 30 anos. Com esta escrita pretendemos, primeiramente, narrar sua trajetória a fim de valorizar não só, sua trajetória como uma mulher camponesa, se não também as práticas socioculturais ancestrais de cuidado do campo. E, em segundo lugar, analisar o processo de construção de instrumentos políticos como o “Protocolo Comunitário Biocultural das Raizeiras do Cerrado” e da “Farmacopeia Popular do Cerrado”. Para o desenvolvimento desta pesquisa assumimos uma perspectiva decolonial e indisciplinar da Educação (Matemática) do Campo, assim como, encontramos inspiração nas pesquisas e conhecimentos de Davi Kopenawa e Ailton Krenak para nos alertar que os territórios e seus habitantes, seres vivos, humanos e não humanos, são os únicos capazes de segurar “a queda do céu”.

O Pensamento Algébrico no ensino primário: investigação inicial no livro Aritmética Elementar I de George Augusto Büchler

Abdoral Gomes da Silva Júnior Silva Júnior — 2025-03-11

Este trabalho tem como objetivo trazer algumas considerações sobre uma pesquisa inicial no campo da História da educação matemática, buscando atividades que envolvam o Pensamento Algébrico no ensino primário no livro Aritmética Elementar - Livro I, 4ª Edição, 1943, de George Augusto Büchler. Quais considerações poderão ser tratadas sobre o Pensamento Algébrico com um olhar para o livro Aritmética Elementar? Para estas considerações iniciais, foi utilizada a base teórico-metodológica da História Cultural, destacando Chartier (1988) e Burke (2008), abordam a importância do livro como fonte de pesquisa na História da educação matemática, com destaque para as contribuições de Valente (2008). A Cultura Escolar, conforme discutida por Julia (2001), é integrada na pesquisa buscando identificar a realidade social do período. Para caracterizar o Pensamento Algébrico utilizamos Ponte, Branco e Matos (2009), que o entendem que além de focar nos objetos, também devemos focar nas relações entre eles, pois precisamos representar e raciocinar sobre essas relações de forma geral e abstrata, o que envolve lidar com expressões algébricas, equações, inequações, sistemas de equações e funções. O estudo indica que, a análise inicial das questões, permitiu identificar possíveis potencialidades do Pensamento Algébrico, vinculadas ao ensino de aritmética, pois pode descrever e representar algumas relações identificadas para serem utilizadas no ensino primário usando uma linguagem natural.

Palavras-chave: Pensamento Algébrico; Aritmética Elementar; História da educação matemática.

Itinerários de internacionalização do Programa Etnomatemática

Jéssica Lins de Souza Fernandes — 2025-03-07

Este projeto de pesquisa insere-se no campo do Programa Etnomatemática e está apoiada nos referenciais teóricos da Educação Matemática, da História da Educação Matemática e dos Estudos Decoloniais, em especial na Epistemologia Feminista Negra Decolonial. Tem por objetivo identificar e analisar itinerários de internacionalização do Programa Etnomatemática, em particular a partir dos diálogos construídos pelo professor brasileiro Ubiratan D’Ambrosio com diferentes espaços e pessoas estabelecidas na Itália ou de origem italiana. Para isso, será realizado um exercício historiográfico a partir de uma pesquisa documental com correspondências do Acervo Pessoal Ubiratan D’Ambrosio, trocadas entre o educador e potenciais agentes de internacionalização e legitimação do Programa Etnomatemática no contexto europeu, além de entrevistas com essas/es agentes. Para análise dos documentos, utilizaremos como ferramenta a análise crítica do discurso. A pesquisa é conduzida no Programa de Pós-Graduação em Ensino de Ciências e Matemática da Universidade Federal de Uberlândia, em nível de pós-doutorado.

Trajetória histórica do ensino de matemática no Colégio Dante Alighieri

Roberdan Pedrosa da Silva — 2025-03-08

Esse trabalho é um projeto de pesquisa de mestrado em andamento, cujo objetivo é
analisar a trajetória histórica do ensino de matemática no Colégio Dante Alighieri (São
Paulo, SP), a partir de fontes documentais, tais como cadernos escolares, livros didáticos,
provas escolares, documentos oficiais e programas de ensino disponíveis no Centro de
Memórias da instituição. A pesquisa traz a abordagem qualitativa, buscando interpretar as
práticas pedagógicas dos docentes que ensinam matemática a partir das análises dos
materiais escolares usados nesta instituição escolar ao longo dos seus 100 anos de
existência. Além disso, o estudo também buscará relacionar as práticas pedagógicas com
o que estava previsto nos documentos normativos oficiais de cada época.

A disciplina de História da Educação Matemática do curso de Licenciatura em Matemática na Universidade Federal do Rio Grande do Sul: narrativas de estudantes

Jenifer de Souza — 2025-03-08

Trata-se de um projeto de dissertação de mestrado que busca, por meio da escuta de narrativas produzidas por estudantes do curso de Licenciatura em Matemática sobre suas experiências na disciplina de História da Educação Matemática da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, compreender como essa disciplina participa do processo de formação de professores. Serão analisados documentos normativos e a legislação vigentes no período de constituição da disciplina como as Diretrizes Curriculares Nacionais do Conselho Nacional de Educação, Projeto Pedagógico do Curso e o Plano de Ensino da disciplina. Além disso, convidaremos estudantes que tenham cursado a disciplina de diferentes turmas e semestres, desde sua implementação em 2017/1, para entrevistas, com o intuito de produzir narrativas sobre lembranças e/ou aprendizados que foram desenvolvidos na disciplina. Também serão analisados materiais produzidos pelos entrevistados durante a disciplina, postados na plataforma moodle, buscando identificar conexões com suas falas durante as entrevistas.

Ubiratan D’Ambrosio e as discussões da tecnologia para ensino de matemática: estudos a partir do APUA

Elizabeth de Oliveira — 2025-03-10

A introdução da informática na educação brasileira a partir dos anos 1970 representa um marco significativo na história do ensino no país. Em um cenário globalizado e impulsionado pelo avanço tecnológico, a educação também passou por transformações culturais e sociais. Este projeto se vale do Acervo Pessoal Ubiratan D'Ambrosio (APUA), de forma a investigar como as suas contribuições influenciam a compreensão, o uso e as perspectivas em constante mudança sobre as tecnologias no ensino e aprendizagem da matemática. O objetivo geral deste trabalho é analisar no acervo as discussões e propostas relacionadas ao uso de tecnologias no contexto educacional, visando compreender seus objetivos e finalidades na educação matemática.

Arquivo Pessoal Ubiratan D’Ambrosio: uma análise dos avanços da educação tecnológica nas aulas de matemática

Rosemeiry de Castro Prado — 2025-03-11

O projeto em andamento é parte integrante de uma de pesquisa coletiva envolvendo diferentes pesquisadores do Grupo de Pesquisa de História da Educação Matemática (GHEMAT-Brasil) e está referenciado (mas não somente) na documentação do Arquivo Pessoal Ubiratan D’Ambrosio (APUA), na cidade de Santos–SP. O objetivo deste projeto é utilizar as fontes disponibilizadas pelo APUA como possibilidade de compreender o papel inovador do professor UA em questões que perpassam pelo ensino da matemática e o uso da tecnologia, nas décadas de 1970 a 1990. A pesquisa desenvolvida no pós-doutoramento junto à Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), apesar de se encontrar em seu início, tem ressuscitado elementos que comprovam a participação de UA em movimentos que chamaremos, a princípio, de “educação tecnológica”. Como alguns resultados preliminares, têm-se fontes que comprovam a participação do professor Ubiratan D’Ambrosio em eventos, em publicações, nas trocas de correspondências entre os membros da comunidade científica nacional e internacional, na elaboração de parâmetros e cursos, em orientações de trabalhos acadêmicos, em ocupações em cargos públicos e presidências, todos nas cercanias de questões sobre a tecnologia no meio educacional. Embasada na Pesquisa Documental, espera-se que as fontes doadas pelo professor UA possam conduzir este projeto a novos saberes e conhecimentos acerca da História da Educação Matemática no Brasil.