Estratégias de acesso e circulação do conhecimento científico sobre, para e de surdos em periódicos brasileiros
Resumo
Debatemos sobre a importância de repensarmos a forma como a divulgação científica tem sido conduzida em nosso país, sobretudo, em relação às políticas linguísticas nas quais se embasam os periódicos científicos. Nossos objetivos perpassam por levantar e demonstrar formas de divulgação científica, com apoio de novas tecnologias, que sejam mais acessíveis à Comunidade Surda, como as apresentações de artigos em Libras, por vídeo, por exemplo. Assim, questionamos: é possível desenvolver estratégias para que a produção e a circulação do conhecimento científico se tornem mais acessíveis ou democráticas? Nosso ponto de partida é a coleta de estudos que tematizam a Comunidade Surda, por meio da visão Sociocultural, abordando de que forma os periódicos que aceitam trabalhos científicos deste cunho promovem a apresentação e socialização destes em sua plataforma. Também debatemos instrumentos de dominação linguística, utilizando-nos de referenciais como Bourdieu (2004) e Castro-Gómez (2007). Coletamos cerca de 94 estudos, publicados entre 2019 e 2021 em duas bases de dados científicas: BDTD e CAPES periódicos. Nenhum dos estudos foi apresentado em Libras, sendo predominante a socialização por meio do suporte em PDF e em língua portuguesa. Oito destes, especificamente os artigos, também foram publicados em língua inglesa. Assim, concluímos que, em geral, os repositórios que socializam estudos sobre a educação de surdos não desenvolvem uma forma alternativa ou democrática de divulgação dos conhecimentos produzidos, uma vez que essa socialização não ocorre na Libras, oficializada como a língua de expressão e comunicação da Comunidade Surda Brasileira.