Sombra e persona

as facetas humanas expostas no conto “O demônio da perversidade”, de Edgar Allan Poe

  • Karina Torres Machado UFMS-CPTL
Palavras-chave: Conto, Edgar Allan Poe, Carl Gustav Jung

Resumo

No conto-ensaio “O demônio da perversidade”, escrito por Edgar Allan Poe, em 1845, o autor questiona a teoria da frenologia, trazendo à baila o princípio da perversidade, como forma de expor as obscuridades que constituem o inconsciente humano, a fim de despertar no homem uma nova consciência de si mesmo. Da leitura do conto emanam associações centradas na oposição entre sombra e duplo, conceitos que, no século XX, seriam o escopo de pesquisa de Carl Gustav Jung e inaugurariam a definição de arquétipo, de sombra, de persona e de inconsciente coletivo. Nesse sentido, este artigo visa, por meio de uma revisão bibliográfica, verificar como os conceitos de sombra e persona, desenvolvidos por Carl Jung, estão presentes no conto-ensaio “O demônio da perversidade”. Edgar Allan Poe ao teorizar sobre o princípio da perversidade e, baseado nos conceitos de epílogo, beleza, tom e efeito único, esboça um dos aspectos sombrios que habita a psique humana, responsável por conduzir o indivíduo a agir, mesmo tendo ciência de que não deveria. É da compreensão das experiências armazenadas no inconsciente que o homem, segundo Poe individualiza-se, isto é, torna-se consciente. No conto, os mistérios que engendram a existência e as relações humanas são, logicamente, expostos por meio de situações deflagradoras da psique humana e das condutas sociais, reveladoras de padrões comportamentais e mentais do sujeito.  Assim, a oposição luz x sombra manipula o efeito único, emerge como arquétipo do pensamento impulsivo, incita o homem a agir e oportuniza a experiência de conhecer a si mesmo.

Publicado
2021-12-23