A ferida aberta da formação docente de línguas no Brasil

uma análise crítica sob a perspectiva decolonial

  • Luã Oliveira Silva UEMS

Abstract

A formação docente de línguas no Brasil é atravessada por tensões históricas que revelam contradições profundas. Embora o país seja marcado por intensa diversidade cultural e linguística, os currículos e políticas educacionais seguem pautados em um projeto eurocentrado que privilegia determinadas línguas e epistemologias, sobretudo o português e o inglês, os Estados Unidos e o Reino Unido, em detrimento da pluralidade de vozes e saberes. Este artigo analisa criticamente a formação docente sob a perspectiva decolonial, discutindo conceitos como colonialidade do saber, pedagogia decolonial e literatura decolonial. Parte-se da análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para a oferta da Educação Plurilíngue (2020), que reconhecem a necessidade de docentes preparados para lidar com a diversidade, mas não oferecem mecanismos concretos de formação. Busca-se demonstrar que a formação docente de línguas ainda constitui uma 'ferida aberta', marcada pela colonialidade, precarização e pela hegemonia de línguas e suas epistemologias coloniais. Ao mesmo tempo, argumenta-se que há horizontes possíveis de transformação a partir de pedagogias e práticas decoloniais que valorizem epistemologias outras dentro e fora da das línguas portuguesa e inglesa, bem como experiências literárias que ressignificam identidades e imaginários.

Published
2025-11-18