A revelação magnética de um conto de Edgar Allan Poe

  • Edilva Bandeira UFMS/CPTL
Palavras-chave: conto, deus, magnetismo, morte

Resumo

O artigo analisa o conto “Deus (Revelação Magnética)”, publicado em 1844. Narrado em primeira pessoa, o conto aborda um debate filosófico entre o narrador que participa da história e a personagem Vankirk que está à beira da morte e pede ao narrador para ser hipnotizado por ele, menos para aliviar sua dor física e mais para abrir o espírito em uma conversa sobre a existência e essência de Deus. Ao atender o pedido do doente, o narrador o transporta por meio da hipnose a um mundo de transe entre a consciência e a inconsciência. É neste limbo intermediário entre vida e morte que se desenvolve a diegese do conto.  A proposta deste trabalho é fazer uma aplicação da teoria de Poe, presentes no ensaio “A Filosofia da Composição”, no conto “Deus (Revelação Magnética)” do próprio Poe. O autor afirma no ensaio que na produção de uma obra há sempre a ideia de um projeto, propósito, intenção, escrever é trabalho árduo, meticuloso, racional, o texto é construído “com precisão e rígida lógica de um problema matemático”. Como forma breve de narrativa o conto condensa recursos, explora tensões e questionamentos fundamentais da condição humana. Poe argumenta que na construção da obra literária estão presentes conceitos como extensão, epílogo, clímax, unidade de efeito, tom e tese. O objetivo é mostrar a presença desses conceitos no conto analisado, observando como a realidade   transfigurada do texto literário, permeada de dores e questionamentos existenciais sobre transcendência e morte, está subordinada a uma arquitetura criativa que contenha os conceitos propostos na “Filosofia da Composição”.

Publicado
2021-12-23