CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec <p style="text-align: justify;"><strong>ISSN 2763-888X (online)</strong></p> <p style="text-align: justify;">O periódico&nbsp;<strong>CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS</strong>&nbsp;tem como objetivo oportunizar a um número maior de estudantes de Graduação e Pós-graduação, bem como a pesquisadores em geral, o debate contemporâneo em torno dos Estudos Culturais numa perspectiva transdisciplinar.</p> pt-BR <p><a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/" rel="license"><img style="border-width: 0;" src="https://i.creativecommons.org/l/by-nc/4.0/88x31.png" alt="Licença Creative Commons"></a><br>Este obra está licenciado com uma Licença <a href="http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0/" rel="license">Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional</a>.</p> ecnolasco@uol.com.br (Edgar Cézar Nolasco) luiz.ludvig@ufms.com (Luiz Eduardo Ludvig Alencastro) Tue, 18 Nov 2025 00:00:00 +0000 OJS 3.1.2.1 http://blogs.law.harvard.edu/tech/rss 60 A CONSTRUÇÃO DO OUTRO E A CONQUISTA DA TERRA https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/21862 <p><em>Os sertões</em>, de Euclides da Cunha, e <em>Coração das trevas</em>, de Joseph Conrad, foram publicados no mesmo ano, em meio a um contexto político e intelectual marcado pelo imperialismo europeu e pelo racismo científico. Neste artigo, proponho uma comparação entre as duas obras a partir de uma perspectiva decolonial. São abordados três pontos principais: primeiro, como, nas duas obras, se projeta sobre a terra uma imagem de outro mundo habitado por um povo totalmente estranho; segundo, como ambos os autores descrevem um deslocamento no espaço a partir de uma viagem no tempo, criando a ideia de grupos pré-históricos cujos hábitos precisavam ser suplantados; terceiro, como os dois escritores elaboram sua narrativa de perspectivas muito distintas: enquanto Conrad constrói um personagem fictício que narra os acontecimentos, Euclides da Cunha cria a imagem de um escriba invisível, que supostamente conta a história a partir de um ponto de vista neutro e científico.</p> Alan Osmo Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/21862 Thu, 13 Nov 2025 15:36:52 +0000 DA LUTA POR AUTODETERMINAÇÃO EM NARRATIVAS PALESTINA E LATINO-AMERICANA https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23019 <p><strong>Resumo: </strong>Este ensaio intenta explorar e comparar a questão da luta por autodeterminação em narrativas palestinas e latino-americanas, utilizando como foco de análise os romances <em>Homens ao Sol</em>, do palestino Ghassan Kanafani, e <em>O Senhor Presidente</em>, do guatemalteco Miguel Ángel Asturias. Ambos os autores, embora distintos em suas técnicas narrativas e estilos literários, convergem na exploração de temas críticos que transcendem suas respectivas culturas. Assim, este estudo será conduzido à luz dos Estudos Culturais de linha marxista, mais especificamente a partir dos estudos de Raymond Williams (1979), através dos quais investigaremos como as narrativas literárias refletem e contribuem para as lutas por autodeterminação, bem como quais são as semelhanças e diferenças entre os contextos políticos, sociais e culturais dos referidos locais e, ainda, de que modos os elementos literários das obras são manejados para transmitir as experiências de luta e resistência dos povos palestino e latino-americano.<span class="Apple-converted-space">&nbsp;</span></p> <p>&nbsp;</p> Amanda Brandão Araújo Moreno, Tânia Mara Rupp Bourbon Nava Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23019 Thu, 13 Nov 2025 15:43:19 +0000 A HISTÓRIA DOS MOVIMENTOS JUDAICOS OFICIAIS NOS ÚLTIMOS SÉCULOS: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23625 <p style="margin: 0cm; margin-bottom: .0001pt; text-align: justify;"><span style="font-size: 10.0pt; color: black;">Esta pesquisa tem como objetivo mostrar os movimentos judaicos e as respectivas denominações judaicas se desenvolveram ao longo da história judaica com foco nos movimentos judaicos dos das últimas décadas dos últimos séculos. Para tanto foi utilizada pesquisas em jornais judaicos online e revisão de literatura, dentro de uma abordagem exploratória e qualitativa. Chegou-se a conclusão de que o judaísmo passou por diversas transformações, desde o judaísmo ortodoxo ao judaísmo não ortodoxo ou judaísmo progressista. Surgiram novos movimentos judaicos, geralmente como desdobramentos do judaísmo ortodoxo e do judaísmo reformista, com o surgimento de movimentos judaicos pluralista, reconstrucionista, humanista, universalista, renovador, dentre diversos outras denominações judaicas. O judaísmo tem como essência o seu aspecto renovador, progressista, humanista, democrático e evolutivo, devido a influência de que o judaísmo moderno e contemporâneo evoluiu muito em sociedades democráticas como nos Estados Unidos da América e Canadá, especialmente.</span></p> Arlete Freire de Lima, Alan Freire de Lima Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23625 Thu, 13 Nov 2025 15:39:36 +0000 (DES) APROXIMAÇÕES ENTRE BELL HOOKS E GENI NÚÑEZ: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/21863 <p>O presente trabalho se propôs a explorar a complexidade do amor e de suas definições a partir de uma análise comparativa da obra de duas autoras. As autoras escolhidas foram bell hooks e Geni Núñez, conhecidas por suas produções acerca do amor, desde uma perspectiva descolonial e de oposição ao amor romântico. Realizou-se uma pesquisa documental comparativa a partir dos seguintes documentos: 1. O livro Tudo sobre amor: novas perspectivas de bell hooks; 2. O capítulo O amor como prática da liberdade de bell hooks; 3. O capítulo Prática do amor de bell hooks; 4. O livro Descolonizando afetos: experimentações sobre outras formas de amar; 5. Palestra Monogamia e identidade na clínica de Geni Núñez. A análise propiciou um levantamento das aproximações e afastamentos entre as autoras e suas percepções acerca do amor enquanto uma prática descolonial. Destaca-se que ambas as autoras se aproximam na forma de compreensão do amor enquanto uma prática, uma ação direcionada para a liberdade. Contudo, se afastam nas definições de algumas críticas e posições em relação às instituições do capital, diferenças que têm origem principalmente nas compreensões epistemológicas de cada autora, que partem de lugares distintos, uma vez que uma fala de uma perspectiva crítica do feminismo negro dos Estados Unidos e outra de uma radicalidade da descolonização proposta por povos indígenas guarani.</p> Beatriz Borges Brambilla, Sandra Gagliardi Sanchez, Camila Varella Berlinck Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/21863 Thu, 13 Nov 2025 17:41:02 +0000 BATE, GIRA, GINGA, SAMBA: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23305 <p>Enquanto um fenômeno que encontra linhas de fuga da racionalidade neoliberal e do colonialismo, o corpo-samba-território se apõe em linha de contestação ao achatamento existencial que sugere o paradigma científico moderno. Ao se inscrever coletivamente, o corpo em roda de samba tensiona o espaço, territorializando-o em afirmação da vida: existir, (r)existir e resistir. Por meio de uma pesquisa teórica em artigos e livros, essa escrito visa investigar a potencialidade de um “corpo-samba-território” como resistência decolonial. Enquanto metáfora que colabora para as leituras interdisciplinares entre Direito, Arte e Território, e também como fresta para entender o Outro e suas óticas outras de mundo, conclui-se com a percepção de que essa categoria resgata a dimensão do <em>por vir</em> que, face à dimensão de alteridade na desconstrução derridiana, se põe como uma possível imagem da desconstrução das normatividades em face do colonialismo, sendo o corpo-samba a própria democracia <em>por vir.</em></p> Bernardo Gomes Barbosa Nogueira, Letícia Vasconcellos Moreira Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23305 Thu, 13 Nov 2025 17:44:05 +0000 A IDENTILASTICIDADE DO CORPO LGBT https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24089 <p>O artigo aborda a noção de <strong>identilasticidade</strong> como chave teórica para compreender identidade, corpo e diferença sob uma perspectiva decolonial. A identidade é concebida não como essência estática, mas como processo elástico e fronteiriço, em permanente negociação, revelando as demandas de um corpo latino. Dialogando com os estudos culturais e o pensamento decolonial, articula contribuições de Foucault, Butler, Bhabha, Quijano e Dussel para refletir sobre a condição latino-americana, marcada pela colonialidade, mas também pela potência criativa da diferença, especialmente no que concerne às experiências de corpos LGBT. O corpo é tomado como território de poder e resistência, no qual discursos se inscrevem e fissuras se abrem, sendo a escola um espaço emblemático dessa tensão, permeado por violências históricas. Conclui-se que assumir a diferença latino-americana é imperativo ético-político, e que a identilasticidade representa horizonte crítico para repensar identidade, gênero e cultura em chave insurgente e decolonial.</p> <p>Palavras-chave: identilasticidade; diferenças; corpo LGBT.</p> Carlos Igor de Oliveira Jitsumori Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24089 Thu, 13 Nov 2025 14:45:14 +0000 DESENRAIZADOS: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/21833 <p>O presente trabalho tem por objetivo discutir aspectos da colonialidade vistos de dentro da linguagem poética sul-mato-grossense. A escritora e poetisa coxinense, Gleycielli Nonato, ribeirinha das margens do Rio Taquari, pantaneira do Pantanal dos Payaguás, índigena da etnia Guató, delineia em sua poesia alguns traços do ser colonizado, o qual entendemos como aquele que sofreu com (e sofre ainda) todo tipo de violência imposta pelo desejo de dominação e apropriação não só de bens, mas do ser humano racializado e colonizado. Nossa reflexão deve incidir sobre três aspectos: (1) a sensibilidade do corpo que salta na poesia, (2) a violência demarcada no texto poético em forma de lamento, (3) o poeta colonizado, mas não calado: a poesia enquanto linguagem libertadora. Para tanto, utilizamos como referencial teórico nomes como: Walter Mignolo, Edward Said, Zulma Palermo, Walter Benjamin e Vladimir Safatle.</p> Danglei de Castro Pereira, Nathalie Elias da Silva Cavalcante Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/21833 Thu, 13 Nov 2025 17:53:20 +0000 SILVIANO SANTIAGO E A LITERATURA COMPARADA HOJE: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24497 <p>O ensaio visa pensar na possível rubrica de uma Literatura comparada pós-colonial <br>brasileira, tendo por estofo e fundamentação teórica a obra crítica do intelectual brasileiro Silviano <br>Santiago. Para tanto, parte do conceito de “entre-lugar” (1971) do autor, passando pelos livros <br>mais recentes como Fisiologia da composição (2020) e O grande relógio (2024). A <br>fundamentação teórica a respeito do tema tratado encontra começo no ensaio “A literatura <br>brasileira da perspectiva pós-colonial – um depoimento” (2014).</p> Edgar Cézar Nolasco Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24497 Fri, 14 Nov 2025 20:25:50 +0000 BELEZA, VIOLÊNCIA E SEXUALIZAÇÃO DOS CORPOS: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23668 <p>A colonialidade impôs novos modos de ter um corpo, estabelecendo normas, padrões e regras para nomear a si mesmo e nomear o(a) outro(a). Nosso objetivo é refletir, a partir dos estudos descoloniais, sobre como os corpos são descritos em <em>Nossa parte de noite</em>, de Mariana Enriquez, abordando dois pontos: a imposição de um padrão de beleza europeu e como isso impactou as vidas de Rosario Bradford e Tali, distorcendo sua autoimagem e autoestima; e, em um segundo ponto, a Ordem como instituição que sobreviveu com a ajuda da colonialidade do poder e de gênero, usando, violando e assassinando homens e mulheres médiuns. Os resultados obtidos até o momento indicam que, na modernidade, o corpo perfeito é irreal e faz parte de estratégias de mercado, invisibilizando belezas outras. Em relação aos(às) médiuns, constatou-se que todos(as) foram violados(as); no entanto, o corpo africano foi totalmente desumanizado e animalizado, e o corpo do imigrante na América Latina foi sexualizado e fetichizado. Dialogamos com as teorias descoloniais para investigar as complexas relações impostas pela colonialidade descritas no livro.</p> Fabio da Silva Sousa, Marcos Antonio Leite Júnior Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23668 Fri, 14 Nov 2025 20:33:24 +0000 AMÉRICA LATINA NA (IN)DIFERENÇA: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24088 <p>Este presente artigo propõe a perscrutar, pela via da Literatura Comparada Descolonial, os entre-lugares e entre-corpos que constituem a tessitura crítica da Rota Bioceânica – Brasil, Paraguai, Argentina e Chile –, compreendida como lócus epistemológico de refundação das latinidades silenciadas. Ao retomar a <em>fortitudo critica</em> de Enrique D. Dussel e a proposição seminal de Edgar Cézar Nolasco em <em>Literatura Comparada Descolonial (2025)</em>, argumenta-se que a (in)diferença latino-americana, engendrada pelo <em>status quo</em> eurocêntrico, obstaculizou a emergência de diálogos próprios, apagando convergências que já deveriam ser instituídas. Nesse raio fronteiriço, a crítica descolonial instaura-se como peça-motriz de desvelamento das rotas (in)cobertas, tensionando os apagamentos herdados da modernidade e instituindo formas <em>outras </em>de convivialidade intelectual. A Rota Bioceânica, mais que corredor geopolítico, deve ser a metáfora de uma circulação de saberes, afetos e críticas que desafia a tradição canônica e instaura a possibilidade de uma fortuna crítica sul-americana. O presente trabalho se ancora nessa visada disruptiva, cujo escopo amplia o debate sobre o filosofar-sendo para além da dialética ocidental, abrindo caminhos de pensamentos capazes de reconstituir as latinidades de paisagens adormecidas e de potencializar o lócus epistêmico da América Latina como espaço irradiador de saberes e intelectualidades efetivas no Cone-Sul como inquérito científico comparatista.</p> Fábio do Vale Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24088 Thu, 13 Nov 2025 14:47:47 +0000 REFLEXOS DE UM ESPELHO COLONIZADO: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24046 <p>Este artigo investiga a formação histórica dos padrões estéticos hegemônicos no Brasil, analisando sua gênese no período colonial e sua reconfiguração através das teorias eugênicas no pós-abolição. Partindo do marco teórico da colonialidade do poder (Quijano) e dos estudos críticos sobre branquitude (Schwarcz, Bento), demonstramos como o ideal de embranquecimento foi operacionalizado através de três mecanismos principais: a implementação de políticas imigratórias seletivas que privilegiaram europeus entre 1890-1970; a medicalização de características fenotípicas negras e indígenas como "desvios" patológicos; e a institucionalização de hierarquias estéticas através de aparatos científicos, educacionais e midiáticos. A análise revela como esses processos convergiram para naturalizar a branquitude como padrão de humanidade, transformando traços corporais europeus em critérios implícitos de valor social, profissional e afetivo. O estudo contribui para compreender a permanência dessas estruturas na contemporaneidade, onde padrões eurocêntricos de beleza continuam a regular o acesso a oportunidades e o reconhecimento social.</p> Felisa Cançado Anaya, Natália de Paula Narciso Rocha Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24046 Fri, 14 Nov 2025 20:39:03 +0000 ESTÉTICA DA PAISAGEM: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/22621 <p>Este artigo avança sobre a premissa da existência de uma política estética dentro dos quadros deteriorados do cenário social e cultural, com o objetivo de desenvolver uma epistemologia que permita compreender a violência contemporânea. Nós nos concentramos na conexão entre política e estética que contribui para estruturar, de maneira cruel e estratégica, uma violência dirigida e multifuncional através da configuração da paisagem. Ao abordar o cenário da violência, identificamos nele um espaço onde se formam o tom e a textura das forças que operam nesse contexto. De uma perspectiva deleuziana, nós afirmamos que esta paisagem tem um caráter barroco, manifestando-se sempre sob uma lógica de saturação. Na sua dimensão material, a paisagem influencia as experiências sensíveis relacionadas com a violência contemporânea ao fornecer roteiros culturais que moldam essas percepções. Sua dinâmica se manifesta tanto em seu conteúdo como em sua forma, articulada através de uma semiótica que organiza e desorganiza constantemente a paisagem.</p> Francisco Hernández Galván Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/22621 Fri, 14 Nov 2025 20:42:23 +0000 ALGUMAS CONSIDERAÇÕES BREVES A PARTIR DOS POEMAS SALVAJES DE GLORIA ANZALDÚA https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24065 <p>Para este ensaio, trazemos algumas considerações a partir do poemário de Gloria E. Anzaldúa, segunda parte de sua obra&nbsp;<em>Borderlands/la frontera: the new mestiza,</em>&nbsp;publicada em 1987. Nossa proposta ao longo desta escrita é trazer à baila, sob a pluma das epistemologias descoloniais, fragmentos de alguns de seus poemas com o desejo de compreender o processo da construção de suas noções. A justificativa para falarmos dos poemas anzaldúanos é que ainda há poucos trabalhos que propõem estudá-los. Nosso aporte teórico traz autores como Coracini (2007; 2014), Vigil (2016), Keating (2005; 2009), Curiel (2021), Nolasco (2013) e a própria Anzaldúa (2012) que têm discutido questões a partir dos povos que vivenciam o entrelugar. Inferimos que, a partir dos poemas da autora, entramos em contato com reflexões que envolvem temáticas complexas que aparecem também em sua prosa, como a identidade chicana e fronteiriça,&nbsp;o feminismo, a sexualidade, os estudos queer e espiritualidade.</p> João Paulo Tinoco, Edgar Cézar Nolasco Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24065 Fri, 14 Nov 2025 20:48:14 +0000 PROJEÇÕES DECOLONIAIS NA CONFIGURAÇÃO DE PERSONAGENS FEMININAS EM XICOTÉNCATL (ANÔNIMO, 1826) E COLOMBO E BEATRIZ (DUBOIS, 1892) https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/21865 <p>O artigo evidencia a configuração das personagens femininas em dois romances históricos oitocentistas: <em>Xicoténcatl</em> (Anônimo, 1826) e <em>Colombo e Beatriz</em> (DuBois, 1892). O primeiro inaugura a escrita de romances históricos na América Latina. Enquanto seu narrador centraliza seus esforços na dicotomia Xicoténcatl-Cortés, as personagens femininas Teutila e Doña Marina (Malinche) são configuradas como peças na tese do autor anônimo. O segundo romance, destaca-se por ser a primeira obra de autoria feminina inserida na “Poética do ‘descobrimento’”. Nele Dubois (1892) promove a recuperação, na literatura, da figura histórica excluída dos registros históricos tradicionais, Beatriz Enríquez de Harana. Embasamo-nos em Fleck (2017), Quijano (2005), Mignolo (2017), Lugones (2008), dentre outros, para apontar os principais elementos e discutir sua configuração enquanto projetos estéticos decoloniais. Como resultado, apresentamos comparações entre as três personagens mencionadas e verificamos se nessas configurações a figura feminina mostra, de algum modo, a projeção de um olhar decolonial.</p> Leila Shaí Del Pozo González , Amanda Maria Elsner Matheus Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/21865 Fri, 14 Nov 2025 20:51:48 +0000 DESVELANDO O MITO DA MODERNIDADE E A APOROFOBIA. https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23569 <p>A reflexão crítica sobre a modernidade, identificada como mito, é o ponto de partida, utilizado por Dussel, para estabelecer a analética, práxis de reconhecimento do rosto do Outro e de luta por sua libertação. Em Dussel o rosto se constitui como encarnado. É o rosto do camponês sem-terra, do quilombola, do negro, da mulher, dos povos originários que sofrem com a invasão de seus territórios, e de todos e todas que, concretamente, são vítimas da colonialidade. Dessa maneira, a presente investigação tem por objetivo revelar a gênese das ideias que fundamentam o mito da modernidade, e o domínio aporófobo sobre o Outro, considerando-o pobre e, portanto, sem valor social para uma sociedade capitalista que se baseia nas relações de troca. Metodologicamente, utilizamos do que designamos de pedagogia desmascaradora, ou seja, uma análise dos mecanismos que fundamentam o mito da modernidade e das estratégias que se utiliza para estabelecer-se como “verdade”.</p> Luciano Costa Santos, Aldineto Miranda Santos Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23569 Fri, 14 Nov 2025 00:00:00 +0000 ANA-LÉTICAS DAS DIFERENÇAS: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24540 <p>Este texto pretende ser uma re-flexão sobre algumas coisas, na verdade um pouco de<br>muita coisa, mas sem nenhuma pretensão de ser tudo sobre arte, cultura e conhecimento, para<br>todos os corpos que são considerados di-(re)ferentes: diferentes e ao mesmo tempo corpos que são<br>referentes das coisas que aqui serão tratadas, seja pelo aspecto das coisas que lhes são negadas,<br>sejam pelos aspectos das coisas que esses corpos produzem, mas que não são consideradas pelos<br>sistemas de arte, cultura e educação. Tais re-flexões não serão limitadas aos saberes acadêmicos,<br>menos ainda aos conceitos que circulam em espaços disciplinares. Por causa disso, dirão alguns<br>disciplinados: falta teoria! A ideia é tentar tratar das flexões (flexibilidades, do flexível e do<br>flexionar, etc) que determinadas coisas têm, especialmente palavras, que ao serem desconsideradas<br>impedem entendimentos outros sobre a maioria das muitas coisas que são produzidas por corpos<br>em situAção por fora dos sis-temas oficiais. Ainda que sem nenhuma pretensão oficial, almejo<br>apenas desconceituar as palavras em língua portuguesa, para o filosofar crítico-biogeográfico<br>fronteiriço, porque os conceitos impostos às palavras em língua portuguesa nos impedem de<br>pensar-sendo sobre as coisas que fazem parte de mundos de corpos di-(re)ferentes.</p> Marcos Antônio Bessa-Oliveira Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24540 Tue, 18 Nov 2025 13:17:25 +0000 A FELICIDADE NÃO ESTÁ À VENDA: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24034 <p><span style="font-weight: 400;">&nbsp;Este artigo busca apresentar teorizações ligadas a epistemologia do Bem Viver (</span><em><span style="font-weight: 400;">Sumak Kawsay - </span></em><span style="font-weight: 400;">quéchua; </span><em><span style="font-weight: 400;">Suma Qamanã</span></em><span style="font-weight: 400;"> - aymara</span> <span style="font-weight: 400;">) dos povos andinos. A senda principal dessa tarefa é a de perscrutar o cenário de crise no mundo contemporâneo, especialmente o colapso ambiental, os múltiplos problemas do capitalismo, o aumento das doenças, evidenciando que as promessas apresentadas pela modernidade ocidental não se cumpriram, ao contrário, gerou consequências nefastas que se avolumam visivelmente. Para além da política de silenciamento e ocultamento, gerada pela modernidade eurocêntrica sobre os saberes indígenas, as ideias e práxis sobreviveram&nbsp; de maneira difusa e as memórias ancestrais estão impregnadas de possibilidades alternativas da construção de caminhos outros possíveis para seguirmos além das crises e perigos de nossa era. As expressões andinas e amazônicas Sumak Kawsay e Suma Qamanã remetem a perspectiva de buscar a vida bela e plena em harmonia com a natureza. As discussões a respeito desses saberes, lançam luz e esperança no caminho da descolonialidade e no desejo da superação dos cenários de crise do mundo contemporâneo.&nbsp;</span></p> <p><strong>Palavras-chave</strong><span style="font-weight: 400;">: Bem Viver; Saberes Indígenas; Descolonialidade.</span><span style="font-weight: 400;"><br></span></p> Marta Francisco de Oliveira, José Gomes Pereira Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24034 Tue, 18 Nov 2025 13:19:55 +0000 DO CORPO À PALAVRA https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23654 <p>Este ensaio propõe uma leitura das crônicas de Clarice Lispector a partir da filosofia analética de Enrique Dussel e de autoras descoloniais como Oyèrónkẹ́ Oyěwùmí. Em vez de interpretar Clarice como uma autora introspectiva e individualista, o texto mostra como sua escrita balbuciante, hesitante e fragmentada convoca uma escuta ética e epistêmica ao outro. Clarice escreve a partir do silêncio e do indizível, em sintonia com uma crítica à linguagem ocidental como ferramenta de dominação e classificação. A conversa teórica articula a crítica ao colonialismo perceptivo de Rafael Bautista, a denúncia da invenção ocidental do corpo por Oyěwùmí e a valorização da tradição não como passado fixo, mas como epistemologia viva. O ensaio se constrói como travessia: não quer concluir, mas escutar. Pensar, aqui, é reaprender a nascer.</p> <p>Clarice Lispector; analética; descolonialidade; corpo; epistemologia.</p> Nathalia Flores Soares, Edgar Cézar Nolasco Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/23654 Tue, 18 Nov 2025 13:23:43 +0000 O SUL DA PANDEMIA: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/22871 <p>Este trabalho tem por objetivo realizar uma leitura descolonial da pandemia de COVID-19 iniciada em março de 2020 a partir dos seus desdobramentos no Brasil, à época, (des)governado pelas políticas de poder hegemônicas de Jair Messias Bolsonaro. Para isso, orientamo-nos pelas reflexões de Silviano Santiago, Walter Mignolo, Edgar Cézar Nolasco, Aníbal Quijano, Newton Bignotto, Heloisa Starling, Miguel Lago, Ramón Grosfoguel e Boaventura de Sousa Santos com destaque à obra <em>O futuro começa agora </em>(2021). As discussões aqui evocadas se projetam a fim de comprovar como premissas de base modernas e coloniais, endossadas pelo Bolsonarismo, desprezaram corpos específicos em detrimento a outros endossando o ideal capitalista de que tudo e todos podem ser tornados mercadorias dispensáveis sem quaisquer princípios de prezar pelas vidas, em especial, aquelas situadas nas margens descortinando a perspectiva de que, tal qual o mundo, a pandemia de coronavírus acabou por criar também seu Sul.</p> Pedro Henrique Alves de Medeiros, Edgar Cézar Nolasco Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/22871 Tue, 18 Nov 2025 13:25:13 +0000 DOMINAÇÃO EM TRÊS ATOS: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24080 <p>Este trabalho, sob a perspectiva dos estudos descoloniais, busca problematizar o projeto histórico que estruturou a relação entre o ocidente e a literatura. Para isso, propomos um percurso que tem início na conquista final de Al-Andalus e na colonização do continente posteriormente denominado América. Nesse contexto, enfatizamos o epistemicídio como um dos principais mecanismos de controle da invasão desses territórios. A queima das bibliotecas Al-Andalus e dos códices dos povos originários, conforme nossa hipótese, configuram gestos fundadores da literatura ocidental moderna. Além do epistemicídio, destacamos as construções narrativas que forjaram a imagem dos povos conquistados como “selvagens” em contraposição ao europeu “civilizado”. Por fim, analisamos o processo de dominação por meio das manifestações literárias — iniciado com os jesuítas e consolidado pelo projeto alemão de uma literatura universal —, bem como a ideia moderna de superioridade europeia que permanece nas grades curriculares do ensino básico e nas disciplinas do ensino superior.</p> Tiago Osiro Linhar Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24080 Thu, 13 Nov 2025 14:57:15 +0000 DO ÑANDUTI À CERÂMICA: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/22684 <p>Este ensaio aborda as influências e contribuições da artesã, escritora, crítica de arte e feminista Josefina Plá à cultura paraguaia, em especial a produção do ñanduti e da cerâmica. O estudo apresenta o itinerário de Josefina Plá no Paraguai desde sua chegada da Espanha, bem como suas impressões e angústias poético-existenciais a partir dos poemas <em>Perdóname </em>e<em> La Carreta</em>. Discutem-se também aspectos histórico-sociológicos e antropológicos que conformaram – e conformam ainda – as identidades correntes no Paraguai, notadamente acerca de questões referentes aos constructos sociais que permeiam a noção de <em>paraguaidade, </em>tendo como fio condutor a renda ñanduti, a cerâmica e as hibridações e transculturalidades da cultura paraguaia com os povos originais guaranis e a Espanha.</p> Valdir Aragão Nascimento Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/22684 Tue, 18 Nov 2025 13:28:13 +0000 REVOLTA https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24073 Nathalia Flores, Bianca Orelli Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24073 Thu, 13 Nov 2025 14:58:58 +0000 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS: https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24542 Edgar Cézar Nolasco, Marcos Antônio Bessa-Oliveira Copyright (c) 2025 CADERNOS DE ESTUDOS CULTURAIS https://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0 https://periodicos.ufms.br/index.php/cadec/article/view/24542 Tue, 18 Nov 2025 17:11:24 +0000