COORDENAÇÃO EM SISTEMAS AGROALIMENTARES DIFERENCIADOS DO CAFÉ: UMA REVISÃO À LUZ DA ECT E DA ECM

  • Amanda Ferreira Guimarães Universidade Estadual de Maringá
  • Sandra Mara Schiavi Bánkuti Universidade Estadual de Maringá

Resumen

O agronegócio brasileiro, especialmente a cafeicultura, tem destaque no cenário nacional e internacional. Apesar dos resultados favoráveis, esse sistema agroindustrial enfrenta problemas de competitividade e coordenação. Como alternativa, Sistemas Agroalimentares Diferenciados (SADs), voltados para a diferenciação do produto, emergem. Entretanto, falhas de coordenação na relação entre os agentes permanecem. Dada a importância do setor e dos SADs nesse contexto, e a necessidade de coordenação para a continuidade dos mesmos, o objetivo dessa pesquisa qualitativa e descritiva foi identificar, por meio de uma revisão bibliográfica à luz da ECT e da ECM, os mecanismos de coordenação no SAD de cafés especiais no Brasil, considerando as relações entre produtores e agentes à jusante. Os resultados demonstraram que subsistemas diferenciados do café envolvem elevada especificidade de ativos, recorrência, elevada incerteza e dimensões difíceis de serem mensuradas. As estruturas de governança identificadas foram, além da integração vertical, os acordos verbais e de longo prazo, em alguns casos alicerçadas pela certificação.

Biografía del autor/a

Amanda Ferreira Guimarães, Universidade Estadual de Maringá
Doutoranda em Administração na linha de Marketing e Cadeias Produtivas do Programa de Pós-Graduação em Administração da Universidade Estadual de Maringá. Mestre em Administração pela Universidade Estadual de Maringá com estágio acadêmico pela École dIngénieurs de Purpan - Toulouse/FR.

Citas

ABIC. Associação Brasileira da Indústria do Café. Café com qualidade é café certificado ABIC. Disponível em: http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=2. Acesso em: 02 ago. 2017a.

ABIC. Associação Brasileira da Indústria do Café. Glossário do Café. Disponível em: http://www.abic.com.br/publique/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=36. Acesso em: 08 ago. 2017b.

ATLAS.TI. Atlas.ti qualitative data analysis. Disponível em: http://atlasti.com/product/v7-windows/. Acesso em: 31 jan. 2017.

AZEVEDO, P. F. Nova Economia Institucional: referencial geral e aplicações para a agricultura. Agricultura em São Paulo, v. 47, tomo 01, 2000. Disponível em: http://www.iea.sp.gov.br/out/publicacoes/asp-1-00.htm. Acesso em 14 nov. 2017.

BÁNKUTI, S. M. S.. Differentiated agrifood systems (DAS): organizational arrangements for small and mid-sized farmers. In: 2º Simpósio Internacional em Agronegócio e Desenvolvimento, 2016, Tupã. Anais… Tupã: SIAD, 2016.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1979.

BARRETO, R. C. S.; ZUGAIB, A. C. C. Dinâmica do mercado internacional de café e determinantes na formação de preços. Economia & Região, Londrina (Pr), v.4, n.2, p.7-27, jul./dez. 2016.

BARZEL, Y. Organizational forms and measurement costs. Journal of Institutional and Theoretical Economics, 161, p. 357-373, 2005.

BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Valor bruto da produção agropecuária (VBP). Disponível em: http://www.agricultura.gov.br/assuntos/politica-agricola/valor-bruto-da-producao-agropecuaria-vbp. Acesso em: 08 ago. 2017.

BRONZERI, M.S.; BULGACOV, S. Estratégias na cadeia produtiva do café no norte pioneiro do Paraná: competição, colaboração e conteúdo estratégico. Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 16, n. 1, p. 77-91, 2014.

CENTRO DE ESTUDOS AVANÇADOS EM ECONOMIA APLICADA – ESALQ/USP. PIB do Agronegócio. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/pib/. Acesso em: 08 fev. 2017.

COASE, Ronald Harry. The nature of the firm. Economica, v. 4, n. 16, p. 386-405, nov., 1937.

FARINA, E. M. M. Q. Consolidation, multinationalisation, and competition in Brazil: impacts on horticulture and dairy products systems. Development Policy Review, v. 20, n. 4, 2002.

FRANCK, A. G. S. et al. Análise da competitividade do mercado exportador brasileiro de café. Desafio Online, Campo Grande, v.4, n. 3, art.1, Set./Dez. 2016.

JOSKOW, Paul Lewis. New institutional economics: a report card. Conference of International Society of New Institutional Economics, Budapest, Hungary, September, 2004. Disponível em: http://economics.mit.edu/files/1171. Acesso em 17 fev. 2016.

LEME, P. H. M. V.; MACHADO, R. T. M. Os pilares da qualidade: o processo de implementação do Programa de Qualidade do Café (PQC). Organizações Rurais & Agroindustriais, Lavras, v. 12, n. 2, p. 234-248, 2010.

LUNA, Sergio Vasconcelos de. Planejamento de pesquisa: uma introdução. São Paulo: EDUC, 2011.

MALORGIO, G.; CAMANZI, L.; GRAZIA, C. Supply chain relationships and quality certification schemes: a case study in fisheries. PAGRI, 2012.

MARESCOTTI, A.; BELLETTI, G. Differentiation strategies in coffee global value chains through reference to territorial origin in Latin American countries. Culture & History Digital Journal, v. 5, n.1, jun., 2016.

MÉNARD, Claude. The economics of hybrid organizations. Journal of Institutional and Theoretical Economics, v. 160, n. 3, p. 345-376, 2004.

MERRIAM, Sharan B. Qualitative research and case study applications in education. United States of America: PB Printing, 1998.

NAGAI, D. K.; PIGATTO, G. A. S.; QUEIROZ, T. R. Fontes e redes de informação na produção cafeeira do Cerrado Mineiro, MG. INTERAÇÕES, Campo Grande, MS, v. 17, n. 4, p. 655-670, out./dez. 2016.

NICOLELI, M. et al. Structural aspects of specialty coffee context on transaction costs view. Custos e @agronegócio online, v. 11, n. 4, oct./dec., 2015.

NORTH, D. Institutions, institutional change and economic performance. Cambridge: Cambridge University Press, 1990, 152p.

PEREIRA, V. F.; VALE, S. M. L. R.; BRAGA, M. J.; RUFINO, J. L. S. Riscos e Retornos da Cafeicultura em Minas Gerais: uma análise de custos e diferenciação. RESR, Piracicaba, SP, vol. 48, nº 03, p. 657-678, jul/set 2010.

PONCIANO, N. J.; SOUZA, P. M.; NEY, M. G. Ajustamentos na cadeia agroindustrial do café brasileiro após a desregulamentação. Revista IDEaAS, v. 3, n. 2, p. 256-287, jul./dez. 2009.

PORTO, P.; MELLO, R. C. Empreendedorismo internacional e effectuation: o caso do café Yaguara Ecológico. Internext, São Paulo, v.10, n. 3, p. 15-30, set./dez. 2015.

QUADROS, A. V. C. Estruturas de governança na cadeia produtiva de cafés gourmet: o caso dos produtores de Alta Mogiana. 2012. 130f. Dissertação – Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2012.

SAES, A. M. Do vinho ao café: aspectos sobre a política de diferenciação. Informações Econômicas, São Paulo, v. 36, n. 2, p. 7-19, fev. 2006.

SAES, M. S. M. A distribuição de quase-renda e a estratégia de diferenciação no café. RAC, v. 11, n. 2, abr./jun. 2007, p. 151-171.

______. Rent appropriation among rural entrepreneurs: three experiences in coffee production in Brazil. R.Adm., São Paulo, v.45, n.4, p.313-327, out./nov./dez. 2010.

SAES, M. S. M.; JAYO, M. Competitividade do sistema agroindustrial do café. In: FARINA, E. M. M. Q.; ZYLBERSZTAJN, D. (Ed.). Competitividade no agribusiness brasileiro. São Paulo: Pensa/FIA/FEA/USP, 1998. v. 4.

SINGOGO, Patrick. Factors influencing coffee growers’ perception on coffee buyers’ opportunism: a Case of coffee buyer – supplier relationships in Tanzania. ORSEA Journal, Vol. 5 Issue No. 2 December 2015.

SOUZA, R. C. et al. The adoption of sustainable certificates by Brazilian coffee producers. In: 9 th Research Workshop on Institutions and Organizations – RWIO. October 13-14 th., 2014.

SUDRÉ, C. A. G. W. et al. Café convencional e fair trade no norte do paraná: estudo segundo a ótica de atributos e dimensões mensuráveis. In: I Simpósio de Pós-Graduação e Pesquisa em Administração. Anais... Maringá: PPA, 2015a.

______. Atributos e dimensões mensuráveis: um estudo nas transações de café convencional e fair trade no norte do paraná. In: XXII Simpósio de Engenharia de Produção. Anais... Maringá: XXII SIMPEP, 2015b.

TÓTH, József. Value creation and capturing: the case of the Hungarian agri-food SMEs. 89th Agricultural Economics Society Conference, April 13-15, 2015, Warwick University, Coventry, UK. Disponível em: http://purl.umn.edu/204229. Acesso em: 17 fev. 2016.

TRIENEKENS, Jacques H. J. Agricultural value chains in developing countries: a framework for analysis. International Food and Agribusiness Management Review, v. 14, n. 2, 2011.

TRIVIÑOS, Augusto Nibaldo Silva. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa e, educação. São Paulo: Atlas, 1987.

UNITED STATES DEPARTMENT OF AGRICULTURE. Foreign Agricultural Services. Disponível em: http://apps.fas.usda.gov/psdonline/psdQuery.aspx. Acesso em: 02 ago. 2017.

VOTTA, T. B; VIAN, C. E; PITELLI, M. M. A desregulamentação no mercado de café torrado e moído e a emergência de campos organizacionais: uma análise prospectiva e uma agenda de pesquisa. In: 44th Congresso da Sociedade Brasileira de Economia, Administração e Sociologia Rural (SOBER) Fortaleza, Ceará, Brasil: Universidade Federal do Ceará, 2006. SSD 138.

WATANABE, K.; BÁNKUTI, S. S.; LOURENZANI, A. E. “Pingado Dilemma”: Is formal contract sweet enough? Journal of Rural Studies, n. 54, p.126-137, 2017.

WILLIAMSON, Oliver Eaton. The economic institutions of capitalism. New York: Free Press, 1985.

______. Comparative economic organization: the analysis of discrete structural alternatives. Administrative Science Quarterly, v. 36, n. 2, p. 269 – 296, 1991.

______. The new institutional economics: taking stock, looking ahead. Journal of Economic Literature, v. XXXVIII, pp. 595-613, September, 2000.

WINCKLER, C. A. G.; SOUZA, J. P. Estruturas de governança no sistema agroindustrial do café no paraná. In: V Simpósio de Gestão do Agronegócio. Anais... Maringá: DZO, 2014.

ZYLBERSZTAJN, Decio. Papel dos contratos na coordenação agroindustrial: um olhar além dos mercados. RER, Rio de Janeiro, v. 43, n. 3, p. 385-420, jul./set., 2005a.

______. Measurement costs and governance: bridging perspectives of transaction cost economics. International Society for the New Institutional Economics, Barcelona, Espanha, 2005b.

Publicado
2019-03-28
Sección
Artigos