Perspectivas da Educação Matemática

Expediente e Editorial - Volume 17, número 46 – 2024

2024-09-06T12:02:27+00:00

Livro Didático de Matemática como Mecanismo de In/Exclusão da Pessoa com Deficiência

2024-09-06T12:02:29+00:00

Este artigo destina-se às análises de ilustrações e orientações presentes no livro didático de Matemática no que tange à representação da pessoa com deficiência. Para tanto, tomamos como aporte as teorizações foucaultianas, particularmente sobre a construção artesanal da normalidade. Por meio de uma prática cartográfica, percorremos as linhas de uma coleção de livros didáticos de Matemática destinada ao Ensino Fundamental I. Os dados apontam para um modo de representação da pessoa com deficiência que sugerem mais um ajuste a normatizações impostas pelo Programa Nacional do Livro Didático do que para uma possível busca pela inclusão desta população. Mais que isso, evidenciamos um processo de in/exclusão, uma inclusão excludente, cuja sutilidade não consegue esconder o estereótipo da pessoa com deficiência como sujeito menor, invisibilizado, incapaz, distante da curva de normalidade instituída e, portanto, visto como anormal.

Aspectos da formação parcelada de professores leigos que ensinavam Matemática no interior do Mato Grosso do Sul nos anos 90

2024-09-06T12:02:31+00:00

O presente artigo tem como propósito explorar e analisar aspectos do contexto histórico e algumas implicações de uma estratégia educacional implementada no estado de Mato Grosso do Sul, na década de 1990, denominada Licenciaturas Parceladas de Ciências – Habilitação em Matemática. Para tanto, a metodologia da História Oral foi utilizada para a elaboração e a análise de fontes criadas a partir de entrevistas realizadas, entre nos anos de 2015 a 2017, com oito colaboradores – idealizadores, professores-formadores coordenadores e um ex-aluno. Foram percebidas, nos relatos, marcas de pressão cultural e política para que se reproduzisse de modo pleno, mas em tempo reduzido, em condições precárias, num formato emergencial e parcelado, o curso oferecido de modo regular na sede da Universidade. Em linhas gerais, mesmo apontando várias limitações e problemas nessa modalidade de formação - que incluem desde questões políticas, aspectos financeiros e o comprometimento do estado, até questões logísticas e organizacionais relativas ao curto tempo para a assimilação, sistematização e problematização de conteúdos -, nossos colaboradores avaliam a experiência como positiva.

O processo de imaginação pedagógica na perspectiva da educação inclusiva: influências na formação inicial de professores de Matemática

2024-09-06T12:02:32+00:00

Neste texto, analisamos aspectos relevantes da formação inicial de alunos do curso de Matemática que cursaram uma disciplina de Prática como Componente Curricular II, que aborda de forma interdisciplinar práticas para o ensino de Geometria em ambientes inclusivos, apoiada principalmente na Imaginação Pedagógica. É uma pesquisa qualitativa e os dados foram coletados por meio de questionários respondidos pelos participantes e de observações das aulas, os quais foram analisados segundo a Análise de Conteúdo. Pudemos identificar contribuições à formação inicial dos licenciandos, ao imaginarem práticas inclusivas nas aulas de Matemática, com possibilidades para transformar a situação em um cenário de inclusão, proporcionando a reflexão e criticidade sobre a prática pedagógica, de forma a (re)construir a identidade pessoal e a consolidar o saber docente. Por fim, destacamos a importância da inserção de futuros professores em um ambiente educacional que proporcione o diálogo inclusivo e lhes possibilite novos conhecimentos e o direito à educação para todos.

Uso da Análise de Cluster em Avaliação Diagnóstica para Mapeamento de Defasagem Escolar

2024-09-06T12:02:33+00:00

Como proposição de pesquisa, esse trabalho irá apresentar uma possibilidade para mensurar e identificar por meio de avaliação diagnóstica, conhecimentos de matemática que estão em defasagem. Considerando que avaliação pode ser usada como leitura de pré requisitos que os estudantes possuem, propomos um diagnóstico que pode ser aplicado em larga escala, sem perder o foco no atendimento de grupos menores e/ou individuais. O método consiste no uso da análise de cluster mapeando estudantes com defasagens semelhantes a fim de obter, de modo técnico, a condição dos alunos que chegam no ensino médio do Instituto Federal de Brasília. A partir desta análise basal, apresentamos a forma de mapear este cenário.

A A pesquisa-formação em evidência

2024-09-06T12:02:35+00:00

O presente trabalho integra uma pesquisa de doutorado em educação em desenvolvimento junto a uma universidade pública brasileira. A investigação opera com narrativas (auto)biográficas de sete futuros professores de matemática, produzidas a partir de um Seminário de Pesquisa-Formação e analisadas com base no método da compreensão cênica. O texto em tela busca repercutir uma das dimensões emergentes da análise, constituída segundo manifestações de afetos, incentivos, influências, escolhas e desafios relacionadas à opção pela profissão docente. O conhecimento produzido por meio da rememoração, reflexão e compreensão dos próprios percursos formativos reflete o potencial da escrita de si enquanto recurso indispensável à formação docente. A elaboração e apresentação dos memoriais de formação, a partilha e a cumplicidade do grupo ao longo do processo evidenciaram a relevância de espaços que permitam descortinar a singularidade dos percursos formativos, nos quais os futuros professores possam se reconhecer como autores/atores de suas próprias histórias.

Entre pretextos e contextos: uma breve história da OBMEP

2024-09-24T13:14:50+00:00

Este artigo relata a trajetória da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (OBMEP), a partir de sua origem e de seus objetivos, bem como discute as intencionalidades governamentais vigentes apresentadas em seus regulamentos, nos discursos dos organizadores, em seu projeto piloto, além dos programas e portais. Analisa os impactos produzidos pela OBMEP como política pública educacional e instrumento de inclusão social. Assim, os resultados evidenciaram que a OBMEP se mostra como um viés seletivo em busca de jovens talentosos em Matemática e, portanto, excludente, embora proclamada como um instrumento de inclusão social.

Conhecimento Matemático Evidenciado por Professores da Educação Básica por meio do Ensino Exploratório

2024-09-24T13:15:16+00:00

O objetivo desta pesquisa é identificar subdomínios do Conhecimento Matemático para o Ensino evidenciados por meio da prática docente dos professores em um curso de mestrado profissional em Ensino de Matemática. A estrutura metodológica utilizada foi qualitativa e interpretativa. Os dados analisados foram produzidos por meio da observação participante da pesquisadora, utilizando seu diário de campo, as escritas dos estudantes e registros fotográficos. Foi possível identificar diferentes subdomínios do Conhecimento Matemático para o Ensino em diferentes momentos: no planejamento das aulas, durante as aulas e na discussão e análise das aulas. Concluímos que o uso de tarefas matemáticas desafiadoras, a abordagem de ensino exploratório e o trabalho colaborativo no planejamento possibilitaram aos professores uma reflexão mais profunda sobre o Conhecimento Matemático do Professor.

Conhecimentos desenvolvidos por professores brasileiros a partir de uma formação colaborativa em Estatística

2024-09-06T12:02:39+00:00

Este artigo tem como objetivo analisar as narrativas de duas professoras brasileiras, que atuam no Ensino Fundamental, a partir de participação de formação colaborativa de Estatística, para o desenvolvimento profissional. Esta é uma pesquisa qualitativa, que utiliza áudio e vídeo gravados durante a formação, planejamento, ações práticas e sessão reflexiva. Os dados foram analisados pela técnica de análise de conteúdo. Ao comparar os conhecimentos antes e após a formação, foi possível constatar que as professoras desenvolveram aprendizagens relacionadas ao conteúdo de estatística e à prática pedagógica para ensinar estatística. Compreender, vivenciar e refletir sobre o ciclo investigativo PPDAC contribuiu para o desenvolvimento do Letramento Estatístico. As professoras reconheceram os benefícios de explorar contextos reais e envolver os estudantes ativamente, em oposição às abordagens tradicionais. A metodologia de formação promoveu processos reflexivos sobre a prática, coprodução de conhecimento e Desenvolvimento Profissional. Este estudo destaca o impacto positivo do trabalho colaborativo nas práticas pedagógicas dos professores de estatística.

REFLEXÕES SOBRE OS SABERES DOCENTES INERENTES À FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE MATEMÁTICA

2024-09-06T12:02:41+00:00

O presente ensaio tem como objetivo apresentar algumas reflexões inerentes aos saberes docentes de professores de Matemática com base em importantes autores que discorrem sobre a temática, tais como Roldão (2007), Tardif (2002), Gauthier (2006), Shulman (1986) e outros como Carrillo (2013), Ball, Thames e Phelps (2008), com ênfase em quais são os saberes docentes dos professores de Matemática são necessários para a formação e desempenho da docência de maneira competente ao longo da carreia. O estudo realizado apresenta diversas classificações dos saberes docentes de acordo com cada autor apresentado e mostra que, os saberes docentes relacionam-se entre si e são construídos e reconstruídos durante a formação e carreira profissional docente, mediante ação e reflexão da prática educativa, sendo saberes essenciais para a atuação e formação docente.

Vislumbrando práticas de modelagem matemática na Educação Básica

2024-09-06T12:02:42+00:00

De modo a evidenciar estratégias que professores em formação continuada vislumbram para implementar práticas de modelagem na Educação Básica a partir de um tema abordado como modeladores, neste artigo analisamos o raciocínio abdutivo desencadeado no compartilhamento de sugestões entre eles. A análise qualitativa de cunho interpretativo fundamentada no quadro teórico foi subsidiada nas transcrições das falas de nove professores participantes de uma disciplina de mestrado em Ensino de Matemática. Os resultados revelaram que os professores, após desenvolverem uma atividade com o tema parquímetro, sugeriram usar ou mesmo adaptar o tema para ser implementado em sala de aula que atuavam. As adaptações levaram em consideração aproximar os alunos do tema por meio de coleta empírica e simulação de instalação de parquímetro na cidade, revelando que os professores, ao elaborar hipóteses explicativas criaram estratégias relacionadas à vivência dos alunos e à possibilidade de conhecer equipamentos que não fazem parte do seu cotidiano.