Apresentação – a alteridade como patologia
os discursos médicos e seus usos políticos
Resumo
O campo da História da Saúde e das Doenças investiga, entre outros temas, as relações de poder estabelecidas entre o sistema político e as instituições de saúde em diversos âmbitos, tem chamado a atenção dos historiadores nos últimos anos. Situam-se neste debate, o estudo das relações políticas e sociais que forjaram padrões de comportamentos, como aqueles ocorridos nas primeiras décadas do século XX. Inspirados na eugenia europeia, a comunidade médica desenvolveu, no Brasil, um projeto de saúde pública para justificar e legitimar a disciplinarização dos indivíduos, culminando em diferentes processos de exclusão social. Para isso, diversos mecanismos foram adotados para que comportamentos socialmente “indesejáveis” fossem representados por meio de um discurso de patologia social. No início do século XXI, indícios dessa mentalidade permanecem e podem ser notados por meio das recentes discussões aera da internação compulsória de usuários de drogas ilícitas, a negligência com relação à saúde das mulheres ou, ainda, sobre a real eficácia das vacinas. Num momento grave, em que as instituições, a produção de conhecimento científico (inclusive o saber médico) e a democracia têm sido duramente postas à prova, convidamos os colegas pesquisadores para discutir sobre temas e abordagens ligados à saúde pública, seus agentes históricos e possíveis desdobramentos.
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Referências
LENHARO, Alcir. Sacralização da Política. Campinas: Papirus, 1986.
MACHADO, Roberto. A Danação da Norma. Medicina Social e Constituição da Psiquiatria no Brasil. 3. ed. Rio de Janeiro: Ed. Graal, 1978.
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