AS CRÔNICAS DE CLARICE LISPECTOR
UMA CONVERSA EPISTÊMICA DO COTIDIANO
Resumo
Nosso ponto de partida para a escrita deste trabalho, assenta-se na crítica biográfica fronteiriça como possibilidade epistemológica outra de teorizar acerca das conversas como fazer desteórico subsidiado pela descolonialidade. Na esteira dessa afirmação, aportados pelas crônicas de Clarice Lispector as quais nos antecipam, desconfiamos que as crônicas claricianas constroem uma epistemologia assentada no cotidiano. Dessa feita, queremos compreender como as crônicas constroem o arcabouço de uma conversa epistêmica e também podem ser entendidas como uma narrativa crítica da realidade brasileira. Buscaremos tomar essas nossas/crônicas como uma maneira de conceituar o que estamos chamando na esteira de Walter Mignolo (2018) de “conversas epistêmicas”. Justificando a eleição desta proposta, estamos pensando em uma conceituação de caráter crítico biográfico fronteiriço acerca das crônicas de Clarice Lispector. A liberdade da escrita clariciana acaba por desvelar um modo outro de fazer crônica, colocando em jogo as próprias formas clássicas narrativas restritas somente ao gênero literário. Dito isso, queremos denotar como as crônicas de Lispector podem ser entendidas como conversas as quais foram convertidas em uma história local do Brasil.
Referências
CANDIDO, Antonio. Vários Escritos. 2ª Edição. São Paulo: Livraria Duas Cidades, 1977
GIULIANO, Facundo (comp.). ¿Podemos pensar los no-europeos? Ética decolonial y geopolíticas del conocer. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Del Signo, 2018.
LISPECTOR, Clarice.Todas as crônicas. Rio de Janeiro: Rocco, 2018.
LISPECTOR, Clarice.A Descoberta do Mundo. Rio de Janeiro: Rocco, 1999.
MENESES, Maria Paula; SANTOS, Boaventura de Sousa (org.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010, p. 15-27.
MIGNOLO, Walter. Prefacio de la edición castellana: un paradigma otro: colonialiad global, pensamiento fronterizo y cosmopolitismo crítico. In: MIGNOLO, Walter. Historias locales/diseños globales: colonialidad, conocimientos subalternos y pensamiento fronterizo. Madrid: Ediciones Akal Sa, 2003b, p. 19-60.
MIGNOLO, Walter. Desobediencia epistémica: retórica de la modernid, lógica de la colonialidad y gramática de la descolonialiad. Ciudad Autónoma de Buenos Aires: Del Signo, 2014.
MIGNOLO, Walter. Colonialidade: o lado mais escuro da modernidade. 2017. Disponível em: <https://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S010269092017000200507&lng=en&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 23 nov. 2020.
NOLASCO, Edgar Cézar. Memórias subalternas latinas. In: NOLASCO, Edgar Cézar. Perto do coração selbaje da crítica fronteriza. São Carlos: Pedro&João Editores, 2013, p. 131-159.
NOLASCO, Edgar Cézar. A hora da(s) estrela(s) Clarice e Macabéa: fora da literatura, dentro da realidade. Campinas: Pontes, 2021.
SANTIAGO, Silviano. A aula inaugural de Clarice Lispector. In: _____. O cosmopolitismo do pobre: crítica literária e crítica cultural. 2004. Belo Horizonte: Editora da UFMG.
SANTIAGO, Silviano. A política em Clarice Lispector. 2014. Editora Rocco.
Autores que publicam neste periódico concordam com os seguintes termos:
1. Autores mantêm os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
2. Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
3. Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado (Veja O Efeito do Acesso Livre).