A VIOLENTA COMPAIXÃO DA REVOLTA
O OUTRO ENTRE CLARICE LISPECTOR E RACIONAIS MC´S
Resumo
A presente reflexão apresenta um recorte do projeto de Iniciação Científica intitulado “ESCREVER PARA COM-VIVER: Racionais MC’s e o rap como devir descolonial” desenvolvido enquanto proposta PIBIC (Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica) no NECC (Núcleo de Estudos Culturais Comparados) sob orientação do Prof. Dr. Edgar Cézar Nolasco. Dito isso, busco estabelecer um estudo comparatista entre a crônica “Mineirinho" (1999), de Clarice Lispector, e o álbum musical Sobrevivendo no Inferno (1997), dos Racionais MC’s, a partir da aproximação de ambos com o conceito de revolta. Assim, procuramos elencar, com base em um método comparatista fundamentado na epistemologia descolonial da crítica biográfica fronteiriça (NOLASCO, 2015), as aproximações entre a “violenta compaixão da revolta” (LISPECTOR, 1999) de Mineirinho e a concepção de revolta tratada na obra dos intelectuais Racionais MC’s, para melhor fundamentação conceitual, valemo-nos da obra A ignorância da revolta (2019), de Edgar Cézar Nolasco. Logo, o nosso pensar se guia pela proposição que Clarice Lispector exprime com relação à violência incutida na justiça brasileira. Ela corporifica o olhar do cidadão brasileiro branco de classe média, que se torna espectador da violência do alto do prédio; em contraponto, os Racionais MC’s aproximam-se da perspectiva do mineirinho porque veem a violência a partir dos eixos periféricos. Dessa forma, evidenciamos as aproximações feitas pelo conceito de revolta que permeia as duas obras e abarcamos a concepção que Clarice traz do outro (MIGNOLO, 2003; 2017a; 2017b), tratando não somente das afinidades entre as obras, mas, primordialmente, das semelhanças-nas-diferenças ali retratadas.
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