“PROMESSA”, DE IVAN ÂNGELO: UMA METANARRATIVA, DUAS HISTÓRIAS
Resumo
Este artigo propõe-se analisar o enredo e as estratégias narrativas usadas pelo narrador do conto “Promessa”, de Ivan Ângelo, publicado no livro Professor e aluno (1992), observando em que medida alguns desses elementos o tornam uma metanarrativa. O processo metalinguístico presente no conto “Promessa”, abordado conforme a teoria do conto de Ricardo Piglia (2004), foi decisivo para realizar uma leitura além da superficialidade. O objetivo principal deste trabalho é o de investigar como e em que medida a metalinguagem presente no texto engendra a segunda história, implícita no discurso de um narrador irônico e sagaz, pois a única promessa que se consolida é a do narrador, a promessa de escrever, elaborar e concluir uma narrativa. A promessa do narrador para com o leitor é implícita e fica subentendida no modo como ele constrói a história e no modo como as partes da primeira história, da professora, se encaixam na segunda história, a da escrita do narrador. Com relação aos conceitos pertinentes aos estudos literários, como elementos da narrativa, narrador e metalinguagem, são tratadas as concepções presentes nas obras de Brait (1985), Barthes (2007), Genette (1995), entre outros. Quanto aos aspectos teóricos sobre o conto que fundamentam a interpretação, embasamo-nos nas obras de Piglia (2004) e Zolin (2015).
Referências
ÂNGELO, Ivan. "Promessa". In: CAMPEDELLI, Samira Youssef (Org.). Professor e aluno. São Paulo: Atual, 1992.
BARTHES, Roland. Literatura e metalinguagem. In: _______. Crítica e verdade. Trad. Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Perspectiva, 2007.
BRAIT, Beth. A personagem. São Paulo: Ática, 1985. (Série Princípios).
CAMPEDELLI, Samira Youssef (Org.). Professor e aluno. São Paulo: Atual, 1992.
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FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo dicionário da Língua Portuguesa. 2. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
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ZOLIN, Lúcia. O que é literatura? Provocações metalinguísticas em narrativas de Luci Collin. Rev. Estudos de Literatura Brasileira Contemporânea, Brasília, UnB, n. 45, p. 321-340, jan./jun. 2015.
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