OS DISCURSOS RACIAIS EM “O MULATO” DE ALUÍSIO AZEVEDO E A QUESTÃO DA MESTIÇAGEM
Resumo
O presente trabalho tem como objetivo analisar o romance O Mulato, de Aluísio Azevedo (2003 [1881]), principalmente no que concerne à problemática da representação de estereótipos raciais empregados na construção do protagonista mestiço, Raimundo, filho de Domingas, uma mulher ex-escravizada alforriada, com o comerciante português José Pedro da Silva. Na narrativa, Raimundo, após passar alguns anos estudando em Portugal, retorna para sua terra natal no Maranhão, numa sociedade marcada pelas relações escravistas, onde o protagonista, sem ter conhecimento de sua ascendência, depara-se com o preconceito racial dos familiares e da população local. Nesse sentido, a obra, que teve sua primeira publicação em 1881, será analisada para compreender questões acerca da mestiçagem e da discriminação em um período histórico e social do Brasil marcado pelo escravagismo. O presente trabalho está fundamentado em pesquisas bibliográficas e na exploração de conceitos relacionados às questões raciais, principalmente no que concerne ao tema da mestiçagem, como: a ideologia do branqueamento como proposta por Hofbauer (2002) e desenvolvida por estudiosos racialistas no período pós-abolição como uma possibilidade de branquear a população brasileira, além das discussões levantadas acerca de raça, miscigenação e mestiçagem por Munanga (2015) e ainda nos estudos de Bhabha (1998) acerca dos estereótipos no discurso colonialista que impedem a articulação e a circulação do significante raça para além da sua fixidez: o racismo.
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