Sinais que vêm da serra
a sintaxe da língua indígena de sinais makuxi
Resumo
O artigo investiga a sintaxe da Língua Indígena de Sinais Makuxi (LIS Mak), uma língua de sinais emergente utilizada por uma família de surdos do povo Makuxi, no município de Uiramutã em Roraima. O objetivo é descrever os padrões de ordenação dos constituintes e os processos de topicalização, bem como analisar o papel sintático e discursivo dos apontamentos em enunciados existenciais. A metodologia baseia-se na observação e registro de dados em contexto natural de uso, com análise de vídeos gravados e transcritos no software ELAN, a partir de uma abordagem descritiva e comparativa fundamentada em teorias linguísticas sobre línguas de sinais emergentes (Zeshan, 2004; Meir et al., 2010; Sandler et al., 2011; de Vos, 2012; Coppola e Brentari, 2014). Os resultados apontam que a LIS Mak tende à ordem básica Sujeito–Objeto–Verbo (SOV), apresentando, contudo, variações determinadas por fatores pragmáticos e informacionais. Evidencia-se que o apontamento, além de indicar lugar, pode exercer função predicativa, expressando existência localizada e sugerindo um verbo existencial implícito. Conclui-se que a LIS Mak se encontra em um estágio intermediário de gramaticalização, no qual a iconicidade e a pragmática desempenham papel central na estruturação sintática. O estudo contribui para a documentação e descrição das línguas de sinais indígenas e amplia a compreensão dos processos de emergência e convencionalização sintática na modalidade visuoespacial.
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