Depois da abolição

a representação do sofrimento dos agregados em obras de Monteiro Lobato

  • Hiago José Martines da Silva UFMS/CPAQ
  • José Alonso Torres Freire UFMS/CPAQ

Resumen

Este trabalho analisa a representação dos agregados, herdeiros dos efeitos da abolição da escravidão, nas obras de Monteiro Lobato, autor fundamental para a formação de leitores brasileiros no século XX. O estudo tem como objetivo compreender como os personagens marginalizados aparecem em contos como “Negrinha”, “O Jardineiro Timóteo” e “Os negros”, buscando evidenciar a postura crítica do autor diante das desigualdades sociais do período pós-abolicionista. A pesquisa adota método analítico-interpretativo, apoiando-se em referencial teórico de estudiosos do Modernismo, como Wilson Martins e Alfredo Bosi, e da crítica literária, como Antônio Candido e Marisa Lajolo. A análise dos textos revela que as narrativas se situam no início do século XX e apresentam personagens em situações de opressão, mas tratadas com empatia e solidariedade narrativa, refletindo a atenção do escritor às consequências sociais da escravidão. Observa-se, ainda, que Monteiro Lobato valorizou escritores negros, como Lima Barreto, cujo romance “Vida e morte de M. J. Gonzaga de Sá”, fora editado por ele. Conclui-se que sua produção literária manifesta uma visão crítica e sensível das desigualdades históricas brasileiras, afastando interpretações simplistas sobre sua postura social e revelando a complexidade do pensamento do autor.

Publicado
2025-11-18