Mímesis e a tradição do mendigo sábio em El rey Gallo de Francisco Santos

  • Edelberto Pauli Júnior UFMS
Palavras-chave: Sátira Menipeia, Cinismo, Retórica

Resumo

 Em El rey Gallo y discursos de la hormiga (1991), o madrilenho Francisco Santos (1623-1698) constrói um colóquio entre o soberbo Galo e a humilde Formiga à maneira das fábulas de Esopo, a fim de que “hablen las bestias para que entiendan los hombres” (GRACIÁN, 1995). Nesta viagem alegórica, que visa desvelar a natureza e condição do homem, o escritor emula a tradição do mendigo sábio presente no Galo ou no Sonho de Luciano de Samósata (século II d. C.). Ao contrário do Menipo do escritor sírio que aparece como um falso ingênuo, Santos acolhe o espírito das anedotas de Diógenes de Sinope, veiculadas nos séculos XVI e XVII, em que o sábio cínico mantém uma identidade estável, sendo caracterizado como misantropo e anticortesão. Santos amplifica em seu Gallo o enfrentamento entre o cajado rústico de Diógenes e o cetro majestoso de Alexandre por meio da relação sapiencial entre os protagonistas – o Galo na qualidade de senhor e a Formiga, de conselheiro. Com a transformação do inseto em valido do Rei, o escritor propõe uma imagem positiva do estamento ordinário, além do apreço pelas bestas e a renúncia ao que há de servidão no conceito de honra. O autor eleva o baixo sem rebaixá-lo como acontecia na comédia e na literatura picaresca do período.

Biografia do Autor

Edelberto Pauli Júnior , UFMS

Professor do Curso de Letras do Campus de Aquidauana – UFMS.

Publicado
2021-12-23