ANÁLISE DO USO DOS CONECTORES CONSECUTIVO-CAUSAIS EM PRODUÇÕES ESCRITAS EM ESPANHOL POR APRENDENTES BRASILEIROS
Resumo
Apesar das diversas similaridades entre o Português Brasileiro (PB) e o Espanhol no nível lexical, gramatical, morfossintático, semântico, pragmático e discursivo, existem dificuldades que devem ser levadas em consideração no processo de aquisição/aprendizagem da Língua-alvo. No nível discursivo, tais dificuldades podem estar relacionadas à “aparente” semelhança entre os marcadores da Língua Estrangeira (LE), suas especificidades de uso ou matizes significativos. Empreendemos esta investigação porque percebemos que o estudo e a descrição dos marcadores discursivos, especificamente dos conectores, nas gramáticas, dicionários e materiais didáticos são ineficientes (sobretudo acerca das orações compostas) ou estritamente gramaticais. Nosso objetivo é examinar a utilização dos conectores consecutivo-causais em produções escritas em Espanhol por universitários brasileiros de um Curso de Letras ao longo do 3º e 4º anos de aprendizagem formal da LE para auxiliar estudantes, professores e pesquisadores da área de Espanhol como Língua Estrangeira (ELE) no estudo e compreensão dos conectores dessa classe. Examinamos os enlaces consecutivo-causais existentes nos textos de seis sujeitos falantes de PB, a fim de averiguar se eles os usam ou não e quais são os principais erros detectados nesta categoria. Para tanto, empregamos o modelo investigativo da Análise de Erros concebida por Corder (1967) e aportes teóricos de Portolés (1998), Gili Gaya (2000), Martí e Torrens (2001), Piñero Piñero (2001), entre outros. Constatamos a preferência por pues que revelou a aquisição de um conector prototípico da LE, além de erros relacionados à repetição de um enlace da mesma categoria (porque), transferência da LM (“pois”) e problemas com as pausas requeridas pelo conectivo (omissão de vírgula e uso de ponto em lugar de vírgula). Em sua totalidade, as produções escritas dos brasileiros aprendentes de ELE não exibiram regressões, mas volubilidade expressa na alternância de formas corretas e incorretas. Além disso, na tentativa de evitar os erros, a estratégia empregada pelos estudantes foi a de recorrer à invariabilidade das formas conectivas e aos conectores mais usuais da Língua Espanhola.
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