SOB O SIGNO DO CONTROLE RELIGIOSO DO IMAGINÁRIO: O FINGIMENTO DECOROSO NOS SERMÕES DE ANTÔNIO VIEIRA

  • Ana Lúcia M. de Oliveira Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Resumo

Partindo do destaque costalimiano da desconfiança ou mesmo da hostilidade do pensamento religioso quanto à fictio, pretende-se abordar a feição particular assumida pelo controle do imaginário a partir do Concílio de Trento, com sua grande valorização do emprego das imagens como estratégia persuasiva e como ferramenta de combate ao protestantismo nascente. Em seguida, considerando a força da retórica cristianizada nas práticas letradas do século XVII e o lugar de destaque da alegoria nas representações da época, será examinada a sermonística de Antônio Vieira para refletir acerca de seu uso da narrativa alegórica e do fingimento como figura veritatis.

Biografia do Autor

Ana Lúcia M. de Oliveira, Universidade do Estado do Rio de Janeiro.
Professora associada da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Tem experiência na área de Letras, com ênfase em Literatura Brasileira, atuando principalmente nos seguintes temas: letras seiscentistas, retórica, Antônio Vieira, Gregório de Matos, alegoria. É bolsista de Produtividade em Pesquisa do CNPq e do Programa Prociência UERJ/FAPERJ. E-mail: analuciamachado54@terra.com.br

Referências

AUERBACH, E. Mimésis. La représentation de la réalité dans la littérature occidentale. Paris: Gallimard, 1968. ______. Figura. In: Scenes from the drama of European literature. Minneapolis: Univ. of Minnesota Press, 1984. BEUGNOT, Bernard. La mémoire du texte. Paris: Honoré Champion Éditeur, 1994. CEIA, Carlos. Sobre o conceito de alegoria. Matraga n.10. Rio de Janeiro: UERJ/ Instituto de Letras, out. 1998. p. 19-26. CERTEAU, Michel de. La fable mystique, 1. XVIe -XVIIe siècle. Paris: Gallimard, 1982. COSTA LIMA, Luiz. O controle do imaginário. São Paulo: Brasiliense, 1984. ______. O fingidor e o censor: no ancien régime, no Iluminismo e hoje. RJ: Forense Universitária, 1988. ______. Vida e mimesis. São Paulo: Editora 34, 1995. ______. História. Ficção. Literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. DELÈGUE, Yves. La perte des mots. Essai sur la naissance de la “littérature” aux XVIe et XVIIe siècles. Strasbourg: Presses Universitaires de Strasbourg, 1990. DERRIDA, Jacques. Marges de la philosophie. Paris: Minuit, 1975. DIDI-HUBERMAN, Georges. Puissances de la figure. Exégèse et visualité dans l’art chrétien. In: Encyclopaedia Universalis. Symposium. Les Enjeux. Paris: Encyclopaedia Universalis France S.A., 1990. p. 608-620. FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1995. GRACIÁN, Baltasar. Agudeza y Arte de ingenio. 5.ed. Madrid: Espasa-Calpe, 1974.

HANSEN, João A. Alegoria: construção e interpretação da metáfora. São Paulo: Atual, 1986. LAUSBERG, Heinrich. Elementos de retórica literária. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982. LEUPIN, Alexandre. Fiction et incarnation. Littérature et théologie au Moyen Âge. Paris: Flammarion, 1993. LUBAC, H. de. Exegese medieval, vol. 4. Paris: Aubier, 1964. OLIVEIRA, Ana L. M. de. Por quem os signos dobram: uma abordagem das letras jesuíticas. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2003. PÉCORA, A. A. Razões do mistério. In: NOVAES, A. (org.) A crise da razão. SP: Companhia das Letras, 1996. ______. Para ler Vieira: as três pontas das analogias nos sermões. In: Floema. Caderno de Teoria e História Literária, ano I, n. 1, jan./jun. 2005. Vitória da Conquista: Edições Uesb, 2005. p. 29-36. PELEGRÍN, Benito. Éthique et esthétique du baroque. L’espace jésuitique de Baltasar Gracián. Arles: Actes Sud, 1985. PÉPIN, Jean. Dante et la tradition de l’allégorie. Paris: Vrin, 1979. QUINTILIANO. Institution oratoire. Paris: Les Belles Lettres, 1975-1980. 6 vol. ROUSSET, Jean. L’intérieur et l’extérieur. Essais sur la poésie et sur le théâtre au XVIIe siècle. Paris: Librairie José Corti, 1976. TESAURO, Emanuel. Il cannocchiale aristotelico. Berlin/ Zurich: Verlag Gehlen, 1968. VIEIRA, Antônio. Sermões, vol. 1. Org. de Alcir Pécora. São Paulo: Hedra, 2000. ZUMTHOR, Paul. Allégorie et allégorèse. In: Le masque et la lumière. La poétique des grands rhétoriqueurs. Paris: Seuil, 1978. p. 78-94.

Publicado
2018-12-11