SOB O SIGNO DO CONTROLE RELIGIOSO DO IMAGINÁRIO: O FINGIMENTO DECOROSO NOS SERMÕES DE ANTÔNIO VIEIRA
Resumo
Partindo do destaque costalimiano da desconfiança ou mesmo da hostilidade do pensamento religioso quanto à fictio, pretende-se abordar a feição particular assumida pelo controle do imaginário a partir do Concílio de Trento, com sua grande valorização do emprego das imagens como estratégia persuasiva e como ferramenta de combate ao protestantismo nascente. Em seguida, considerando a força da retórica cristianizada nas práticas letradas do século XVII e o lugar de destaque da alegoria nas representações da época, será examinada a sermonística de Antônio Vieira para refletir acerca de seu uso da narrativa alegórica e do fingimento como figura veritatis.Referências
AUERBACH, E. Mimésis. La représentation de la réalité dans la littérature occidentale. Paris: Gallimard, 1968. ______. Figura. In: Scenes from the drama of European literature. Minneapolis: Univ. of Minnesota Press, 1984. BEUGNOT, Bernard. La mémoire du texte. Paris: Honoré Champion Éditeur, 1994. CEIA, Carlos. Sobre o conceito de alegoria. Matraga n.10. Rio de Janeiro: UERJ/ Instituto de Letras, out. 1998. p. 19-26. CERTEAU, Michel de. La fable mystique, 1. XVIe -XVIIe siècle. Paris: Gallimard, 1982. COSTA LIMA, Luiz. O controle do imaginário. São Paulo: Brasiliense, 1984. ______. O fingidor e o censor: no ancien régime, no Iluminismo e hoje. RJ: Forense Universitária, 1988. ______. Vida e mimesis. São Paulo: Editora 34, 1995. ______. História. Ficção. Literatura. São Paulo: Companhia das Letras, 2006. DELÈGUE, Yves. La perte des mots. Essai sur la naissance de la “littérature” aux XVIe et XVIIe siècles. Strasbourg: Presses Universitaires de Strasbourg, 1990. DERRIDA, Jacques. Marges de la philosophie. Paris: Minuit, 1975. DIDI-HUBERMAN, Georges. Puissances de la figure. Exégèse et visualité dans l’art chrétien. In: Encyclopaedia Universalis. Symposium. Les Enjeux. Paris: Encyclopaedia Universalis France S.A., 1990. p. 608-620. FOUCAULT, Michel. As palavras e as coisas. São Paulo: Martins Fontes, 1995. GRACIÁN, Baltasar. Agudeza y Arte de ingenio. 5.ed. Madrid: Espasa-Calpe, 1974.
HANSEN, João A. Alegoria: construção e interpretação da metáfora. São Paulo: Atual, 1986. LAUSBERG, Heinrich. Elementos de retórica literária. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1982. LEUPIN, Alexandre. Fiction et incarnation. Littérature et théologie au Moyen Âge. Paris: Flammarion, 1993. LUBAC, H. de. Exegese medieval, vol. 4. Paris: Aubier, 1964. OLIVEIRA, Ana L. M. de. Por quem os signos dobram: uma abordagem das letras jesuíticas. Rio de Janeiro: EdUERJ, 2003. PÉCORA, A. A. Razões do mistério. In: NOVAES, A. (org.) A crise da razão. SP: Companhia das Letras, 1996. ______. Para ler Vieira: as três pontas das analogias nos sermões. In: Floema. Caderno de Teoria e História Literária, ano I, n. 1, jan./jun. 2005. Vitória da Conquista: Edições Uesb, 2005. p. 29-36. PELEGRÍN, Benito. Éthique et esthétique du baroque. L’espace jésuitique de Baltasar Gracián. Arles: Actes Sud, 1985. PÉPIN, Jean. Dante et la tradition de l’allégorie. Paris: Vrin, 1979. QUINTILIANO. Institution oratoire. Paris: Les Belles Lettres, 1975-1980. 6 vol. ROUSSET, Jean. L’intérieur et l’extérieur. Essais sur la poésie et sur le théâtre au XVIIe siècle. Paris: Librairie José Corti, 1976. TESAURO, Emanuel. Il cannocchiale aristotelico. Berlin/ Zurich: Verlag Gehlen, 1968. VIEIRA, Antônio. Sermões, vol. 1. Org. de Alcir Pécora. São Paulo: Hedra, 2000. ZUMTHOR, Paul. Allégorie et allégorèse. In: Le masque et la lumière. La poétique des grands rhétoriqueurs. Paris: Seuil, 1978. p. 78-94.