O CONTROLE DO IMAGINÁRIO: ESPECULAÇÕES MARGINAIS
Resumo
Este trabalho, que busca refletir sobre a possibilidade do surgimento, na contemporaneidade, de novas vertentes do Controle do Imaginário, é, em parte, centrado na lembrança de alguns dos estudos de Luiz Costa Lima, realizados a partir dos anos 1980. Tais reflexões devem ser entendidas, principalmente, como forma de expressar gratidão pelo trabalho coerente de um professor que ampliou, com seriedade, as perspectivas críticas e conceituais dos estudos literários. A trilogia do Controle do Imaginário, composta pelas obras, O controle do imaginário - Razão e Imaginação nos Tempos Modernos; Sociedade e Discurso Ficcional e O fingidor e o sensor, tratam da presença de mecanismos de controle (burgueses, seculares ou religiosos) na literatura, como, por exemplo, o momento em que o pensamento ocidental passou a ter como objeto a ficção, sob a supremacia da razão. Partindo da menção a aspectos destacados, relacionados ao trabalho de Costa Lima, ao longo de sua trajetória reflexiva, o presente texto busca pensar na possível ampliação das perspectivas do “Controle”, na contemporaneidade, sob o viés da classe social, das identidades e das marginalidades. Se o controle cunhado e estudado por Luiz Costa Lima iluminou aspectos relativos à relação entre ficção, razão e sociedade, ainda sob certo crivo eurocêntrico, não menos importante, se torna refletir sobre a ocorrência da marginalização literária, em várias de suas nuanças e em tempos diferenciados da literatura, como resultado de um controle que estabelece, por exemplo, quem pode ser reconhecido como poeta ou escritor. As elocubrações contidas neste texto se inserem, direta ou indiretamente, na questão da revisão, ou na desconstrução do cânone (mas não é essa a questão central deste trabalho). O mais importante será retomar aspectos relativos a temas trabalhados por Costa Lima e a tentativa de ampliar o âmbito de atuação dos estudos sobre o Controle por ele trabalhado.
Referências
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