Rascunhos Culturais é uma publicação semestral editada pelo Curso de Letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS/Câmpus de Coxim).
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Foco e Escopo
Periódico semestral, que tem por finalidade a divulgação de artigos, resenhas, entrevistas e fontes documentais relevantes para os estudos da área de Letras. É editada pelo Curso de Letras da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, câmpus de Coxim.
Os artigos de cada número atendem à seguinte prioridade de autoria:
1) doutor (a) integrante do quadro docente de Programa de Pós-Graduação;
2) doutor (a) com vínculo empregatício junto a alguma universidade;
3) doutor (a) que não se enquadre nos itens acima;
4) doutorando (a);
5) mestre (a);
6) mestrando (a), em coautoria com o(a) orientador(a);
7) graduando (a) vinculado à iniciação científica, em coautoria com o (a) orientador (a).
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Apresentação do Dossiê
A Apresentação do Dossiê é de responsabilidade dos editores de seção correspode ao dossiê de cada número.
Editores:
- Geovana Quinalha de Oliveira
- Marta Francisco de Oliveira
- Tiana Andreza Melo Antunes
A Apresentação da seção de Temáticas Livres é de responsabilidade dos editores-gerentes, podendo ser compartilhada com os editores do dossiê de cada número.
Editores:
- Revista Rascunhos Culturais
- Julia Evelyn Muniz Barreto Guzman
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Processo de Avaliação pelos Pares
A avaliação dos artigos submetidos é feita, inicialmente, pela Editoria (editores gerentes e editores de seção), que considera sua pertinência em relação ao escopo e adequação às normas da revista, bem como em relação à temática do dossiê ao qual foi feita a submissão. Somente as submissões admitidas pela Editoria são encaminhadas a avaliadores (membros do Conselho Científico ou consultores ad hoc) para emissão de parecer em formulário eletrônico apropriado.
A avaliação é realizada por dois pareceristas, na qualidade de “pares cegos”, sem acesso a informações sobre a autoria do texto. Havendo divergência entre o primeiro par de avaliadores, a submissão é encaminhada a um terceiro avaliador. As duas avaliações coincidentes constituirão o resultado final, implicando aceitação ou recusa da submissão.
Resenhas, entrevistas e demais textos que não artigos submetidos são avaliados apenas pela Editoria.
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Periodicidade
Semestral.
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Política de Acesso Livre
Esta revista oferece acesso livre imediato ao seu conteúdo, seguindo o princípio de que disponibilizar gratuitamente o conhecimento científico ao público proporciona maior democratização mundial do conhecimento.
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Taxas para submissão e publicação de textos
A Revista Rascunhos Culturais, editada pela Universdiade Federal de Mato Grosso do Sul, câmpus de Coxim, não cobra nenhuma taxa por textos publicados e tampouco pelos submetidos para avaliação, revisão, publicação, distribuição ou download.
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Editorial Permanente
"[…] quem somos nós, quem é cada um de nós senão uma combinatória de experiências, de informações, de leituras, de imaginações? Cada vida é uma enciclopédia, uma biblioteca, um inventário de objetos, uma amostragem de estilos, onde tudo pode ser continuamente remexido e reordenado de todas as maneiras possíveis". (Calvino, As seis propostas para o próximo milênio, p. 138)
Na contemporaneidade, as escrituras acerca do rótulo cultura são tantas e tão variegadas que qualquer definição seria ingênua, ineficaz e incompleta. Isso, não apenas pelo acervo discursivo-teórico sobre o tema, mas, antes, pela dificuldade em desenvolver/abarcar uma definição que contemple os meandros, às vezes, pouco transparentes do que a sociedade convenciona ou denomina o que seja tal elemento.
Entender que todo discurso seja ele literário, histórico, linguístico, cinematográfico, ensaísta, etc, contempla um território cultural, significa estar de acordo que toda e qualquer escritura está intrinsecamente relacionada a uma dada cultura. Esta subjaz a qualquer constructo humano do qual não há possibilidade de se desvincular. Na esteira desse pensamento, Hugo Achugar (2006) é categórico ao afirmar que o locus de enunciação está diretamente ligado ao homem, este, fala, então, de um lugar determinado e, por conseguinte, sua fala é impregnada da cultura de tal lugar.
A Rascunhos Culturais com artigos cujas temáticas abrangem diversas frentes da área de Letras e afins propõe divulgar uma série de textos de modo a pôr em circulação culturas, pensamentos, idiossincrasias e reflexões acerca da humanidade, demonstrando como tais elementos divergem-se de um olhar para o outro. Queremos, portanto, favorecer um espaço cuja multiplicidade de pontos de vista traduza as mais variadas formas de pensar a cultura e os bens culturais, onde nenhuma perspectiva rechace outras, mas que, conforme as palavras de Gilles Deleuze, em seu A dobra (1991), diferentes elementos possam congregar o mesmo cosmos, criando um mundo de infinitas dobras.
Italo Calvino em Seis propostas para o próximo milênio afirma que “[…] os livros mais modernos que mais admiramos nascem da confluência e do entrechoque de uma multiplicidade de métodos interpretativos, maneiras de pensar, estilos de expressão” (CALVINO, 1990, p. 131). Como Calvino, queremos pensar na precariedade das totalidades, na discrepância da palavra final e na (im)possibilidade de exaurir um determinado tema. Dissertar, ensaiar, teorizar – independentemente do verbo empregado – sobre arte, literatura, história, educação, culturas e os bens que desta emergem implica num trabalho muitas vezes efêmero, temporal, transitório, não havendo, portanto, uma palavra exata ou acabada. A proposta da Rascunhos é, como afirma o próprio nome, rascunhar, propor perspectivas teóricas divergentes, incentivar a interlocução acadêmica e a divulgação de diferentes pesquisas. É um pôr de cartas na mesa, onde cada autor apresentará uma a uma, combinando com as dos outros para que, em conluio, possamos construir um projeto escritural que abarquem o “eu” e o Outro
Na esteira do pensamento sobre a prática escritural, observemos as palavras de Drummond:
Entendo que a poesia é negócio de grande responsabilidade, e não considero honesto rotular-se de poeta quem apenas verseje por dor-de-cotovelo, falta de dinheiro ou momentânea tomada de consciência com as forças líricas do mundo, sem se entregar aos trabalhos cotidianos e secretos da técnica, da leitura, da contemplação e mesmo da ação. Até os poetas se armam, e um poeta desarmado é, mesmo, um ser a mercê de inspirações fáceis, dócil às modas e compromissos. (ANDRADE, 1992, p. 1344-1345).
Drummond entendia que a escritura literária deveria ser pautada por motivações que estavam para além de um trabalho superficial, ordinário e de pouca reflexão. Estendendo tais proposições à escrita científica, comungamos com o pensamento do poeta e creditamos que nosso projeto escritural far-se-á a partir de um aparato crítico-teórico relevante que comprove, assim como os poetas que se armam, a seriedade, o comprometimento e o labor com as palavras por parte dos que se lançam nos meandros do discurso crítico.
Hodiernamente as Humanidades ainda é a prima pobre no hall das ciências; em alguns casos nem recebe reconhecimento como tal. Estamos em busca de criação de espaços igualitários. Objetivamos, ademais de autonomia, uma sensibilização por parte das Instituições competentes e de fomento. Escrever acerca dos bens culturais de qualquer sociedade significa refletir acerca da cultura, idiossincrasia e história dessa sociedade. Escrever é condição sine qua non para entender o mundo no qual estamos inseridos; sem esta reflexão que se dá – entre outros elementos – pela escritura não há entendimento do homem por ele mesmo. Perpetuamo-nos a partir da palavra. Posicionamo-nos por intermédio do discurso, sem o qual nada existira.
Rascunhos literários. Rascunhos linguísticos. Rascunhos históricos. Rascunhos antropológicos. Rascunhos sociológicos. Rascunhos cinematográficos. Rascunhos poéticos. Rascunhos filosóficos. Rascunhos memorialísticos. Rascunhos escriturais: Rascunhos culturais. Rascunhemos!
REFERÊNCIAS
ACHUGAR, Hugo. Planetas sem boca: escritos efêmeros sobre arte, cultura e literatura. Trad. Lyslei Nascimento. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2006
ANDRADE, Carlos Drummond de. Carlos Drummond de Andrade – poesia e prosa. 8ª ed. Rio de Janeiro: Nova Aguiar, 1992.
CALVINO, Italo. As seis propostas para o próximo milênio. Trad. Ivo Barroso. São Paulo: Companhia das Letras, 1990.
DELEUZE, Gilles. A dobra: Leibniz e o barroco. Trad. Luiz B. L. Orlandi. Campinas, SP: Papirus, 1991.