RICOEUR, LEITOR DE FREUD E LACAN
a questão do sujeito em Da interpretação
Resumo
Pretendo analisar os desafios que a invenção da psicanálise colocou para as filosofias da liberdade e da consciência dos filósofos ligados à fenomenologia e/ou à renovação dos estudos hegelianos na França, tomando como exemplo paradigmático a leitura de Freud de Paul Ricoeur. Registro, inicialmente, o diálogo entre psiquiatras, filósofos e psicanalistas de língua francesa, que culminou no famoso Colóquio de Bonneval (1960) sobre o inconsciente. Em seguida, apresento o desdobramento da Comunicação ricoeuriana de Bonneval na publicação do Essai sur Freud em 1965. Registro, em seguida, as ressonâncias positivas e polêmicas à leitura ricoeuriana de Freud e Lacan, reconhecendo as dessemelhanças existentes entre os dois pensadores acerca da questão do sujeito, mas também destacando as aproximações possíveis. Finalmente, apresento uma releitura da questão do sujeito a partir da atual conjuntura cultural e da nova correlação de forças entre psiquiatria, filosofia e psicanálise.
Downloads
Referências
"DISCUSSIONE”, Archivio di Filosofia, n.1/2, 1964, 55-60.
BEIRNAERT, Louis. "Un essai sur Freud", Études, n. 323, jui/août 1965, 49-52.
BENVENISTE, Émile. “De la subjectivité dans le langage”, Journal de psychologie, jui./sep. 1958.
BENVENISTE, Émile. “Le langage et l'expérience humaine”, Diogène, n. 51, 3-13, jui./sep. 1965.
CARUSO, Igor. "Psicanálise e sociedade: da crítica da ideologia à autocrítica". In: W. Reich., E. Fromm, H. Marcuse, E. Bergler, G. Roheim, Psicanálise e sociedade. Lisboa: Editorial Presença, 1970, pp. 1-27.
CHAZAUD, Jacques. "De l’interprétation", Revue française de psychanalyse, vol. 31, n. 3, mai/juin 1967, p. 500.
DALBIEZ, Roland. La Méthode psychanalytique et la Doctrine freudienne. Paris: Desclée de Brouwer, 1936.
DELACAMPAGNE, Christian. História da filosofia no século XX. Trad. Lucy Magalhães. Rio de Janeiro: Zahar, 1997.
DERRIDA, Jacques. J. Estados-da-alma da psicanálise: o impossível para além da soberana crueldade. São Paulo: Escuta, 2001.
DI MATTEO, Vincenzo. Filosofia e liberdade: o desafio da psicanálise. Estud. psicanal., Belo Horizonte, n. 42, p. 135-144, dez. 2014. Disponível em:
<http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0100-34372014000200015&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em 01 out. 2021.
DOSSE, François. "Benveniste: a exceção francesa". In: História do Estruturalismo. O canto do cisne, de 1967 aos nossos dias. Trad. Álvaro Cabral. Sao Paulo: Ensaio, 1994.
ELLENBERGER, Henri. "Herméneutique et psychanalyse. À propos du livre de M. Paul Ricoeur [De l’interprétation]", Dialogue, Canadian Philosophical Review, vol. 5, n. 2, sep. 1966.
EY, Henri, L’inconscient. VI Colloque de Bonneval. Paris: Desclée de Brower, 1966.
FINK apud RAMOS, Antonio Pintor. "Arqueología y teología del sujeto: hitos en la filosofia reflexiva de P. Ricoeur", La ciudad de Dios: Rev. augustiniana, 191, n. 2, 1978.
FREUD, Sigmund. As resistências à psicanálise, 1925, v. XIX. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1977.
FREUD, Sigmund. Esboço de Psicanálise, 1940, v. XXIII. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1977.
FREUD, Sigmund. Sobre a psicoterapia, 1905, v. VII. Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1977.
FREUD, Sigmund. Uma dificuldade no caminho da psicanálise,1917, v. XVII, Edição Standard Brasileira das Obras Psicológicas Completas de Sigmund Freud. Rio de Janeiro: Imago, 1977.
GAIANO, Alberto. "Psicanalisi e fenomenologia nel saggio su Freud di P. Ricoeur", Giornale Critico della Filosofia Italiana, vol. 49, n. 3, lug./set. 1970, pp. 406-432.
GT FILOSOFIA E PSICANÁLISE. Disponível em: <http://www.anpof.org/portal/index.php/pt-BR/gt-filosofia-e-psicanalise>. Acesso em 01/10/2021.
HYPPOLYTE Jean, "Filosofia e psicanálise". In: Ensaios de psicanálise e filosofia. Trad. André Telles. Rio de Janeiro: Timbre Taurus, 1989, pp. 87-124.
JULIEN, Philippe. "P. Ricoeur à la rencontre de S. Freud", Archives de Philosophie, 29, n. 4, oct./déc. 1966.
LACAN, Jacques, Écrits. Paris: Seuil, 1966.
LACAN, Jacques, O Seminário, Livro 17, O avesso da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, [1969-1970] 1992.
MARCUSE, H. Eros e civilização. Rio de Janeiro: LTC, 2001.
MERLEAU-PONTY, Maurice. "Preface". In: HESNARD, Angelo, L´oeuvre de Freud et son importance pour le monde moderne. Paris, 1960.
MIJOLLA, Alain de. "La psychanalyse en France". In: JACCARD, Roland (dir.), Histoire de la psychoanalyse. Paris: Hachette, 1982.
NORMAND, Claudine, "Le sujet dans la langue", Langage, n.77, mars 1985, p. 8.
POHIER, Jacques M., “Au nom du Père...,”, Esprit, vol. 34, n. 3, mars 1966, pp. 480-500 e vol. 34, n. 4, avr. 1966, pp. 947-970.
POLITZER, Georges. Critique des fondements de la psychologie, I. La psychologie et la psychanalyse. Paris: Rieder, 1928. [Reeditado pela PUF em 1968].
RICOEUR, Paul. "Existência e hermenêutica". In: RICOEUR, Paul. O conflito das interpretações: ensaio de hermenêutica. Trad. Hilton Japiassu. Rio de Janeiro: Imago, 1978.
RICOEUR, Paul. "Le conscient et l’inconscient". In: EY, Henri, L’inconscient. VI Colloque de Bonneval. Paris: Desclée de Brower, 1966.
RICOEUR, Paul. "Le symbole donne a penser". In: RICOEUR, Paul. Philosophie de la volonté II. La simbolique du mal. Paris: Aubier, 1960., pp. 323-332.
RICOEUR, Paul. "O consciente e o inconsciente". In: RICOEUR, Paul. O conflito das Interpretações. Rio de Janeiro: Imago, 1978.
RICOEUR, Paul. De l’interprétation: essai sur Freud. Paris: Seuil, 1965.
RICOEUR, Paul. Philosophie de la volonté I. Le volontaire et l'involontaire. Paris: Aubier, 1950.
ROBERT, Marthe. “Remarques sur l’exégèse de Freud”, Les Temps Modernes, n. 233, oct. 1965, 664-681.
ROUANET, Sérgio Paulo. "Dupla utopia psicanalítica", Percurso, Revista de Psicanálise, XVII, n.33, (2004), pp. 123-134.
ROUANET, Sérgio Paulo. "Utopia e Psicanálise". In: ROUANET, Sérgio Paulo. Interrogações. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2003.
ROUANET, Sérgio Paulo. Psicanálise e cultura. Disponível em: <http://egp.dreamhosters.com/encontros/mundial_rj/download/conf_Rouanet_port.pdf>, Acesso em: 14.09.2011.
ROUDINESCO, Elisabeth. Histoire de la psychanalyse en France. Paris: Seuil, 1986.
ROUDINESCO, Elisabeth. História da psicanálise na França, II. Rio de Janeiro: Zahar, 1985.
ROUDINESCO, Elisabeth. Jacques Lacan: esboço de uma vida. História de um sistema de pensamento. Trad. Paulo Neves. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.
ROUDINESCO, Elisabeth. Por que a psicanálise?. Rio de Janeiro: Zahar, 2000.
SAFATLE, V. “A moral psiquiátrica”. Folha de S. Paulo, 01 out. 2013.
SARTRE, Jean-Paul. “A psicanálise existencial”. In: SARTRE, Jean-Paul. O ser e o nada. Ensaio de ontologia fenomenológica. Trad. Paulo Perdigão. Petrópolis: Vozes, 1997. p. 682-703.
SCHÉRER, René. "L’homme de foi e l’homme de soupçon", Critique, n. 223, déc. 1965, p. 1052.
SCHLEMMER, André. "Réflexion sur l’interprétation”, Les cahiers de la méthode naturelle, n. 37, jui. 1966, p. 7.
SIPP-IPP. Disponível em: <https://www.sipp-ispp.com/fr/sur-la-sipp>. Acesso em 01.10.2021.
THIRY, A. "Freud et l'interprétation", Nouvelle Revue Théologique, 88, n. 10, déc. 1966, pp. 1083-1087.
TORT, Michel, "De l'interprétation ou la machine herméneutique", Les Temps Modernes, n. 37, fev./mars 1966, 1461-1493 e n. 238, avr./mai 1966, 1629-1652.
VALABREGA, Jean-Paul. "Comment survivre a Freud?", Critique, n. 224, jan.1966, pp. 213-394.
WAELHENS, Alfonse de. "De la force du langage et le langage de la force”, Revue Philosophique de Louvain, Tome 63, n. 80, nov. 1965, pp. 591-612.
Copyright (c) 2021 Vincenzo Di Matteo

This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Todos os trabalhos que forem aceitos para publicação, após o devido processo avaliativo, serão publicados sob uma licença Creative Commons, na modalidade Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International Public License (CC BY-NC-ND 4.0). Esta licença permite que qualquer pessoa copie e distribua a obra total e derivadas criadas a partir dela, desde que seja dado crédito (atribuição) ao autor / à autora / aos autores / às autoras.