Aspectos restritivos para manejo da Incontinência Urinária: percepção de fisioterapeutas da Atenção Primária à Saúde

Palavras-chave: Fisioterapia, Incontinência Urinária, Atenção Primária à Saúde

Resumo

A Incontinência Urinária (IU) é conceituada como perda involuntária de urina, e afeta negativamente a qualidade de vida dos indivíduos acometidos. O manejo conservador é recomendado como primeira opção de tratamento, e o fisioterapeuta possui papel fundamental em sua avaliação e assistência. Objetivou-se descrever qual a atual situação dos atendimentos fisioterapêuticos para avaliação, diagnóstico, prevenção e assistência aos casos de IU no âmbito da Atenção Primária à Saúde (APS), e identificar os desafios para a atuação deste profissional. Trata-se de estudo de abordagem qualitativa, realizado com fisioterapeutas lotados em municípios da 4ª Coordenadoria Regional de Saúde (CRS) do estado Rio Grande do Sul (RS) (amostra por conveniência). Os dados foram coletados por meio de questionário estruturado com perguntas abertas e fechadas e, posteriormente, analisados através da proposta operativa de Minayo. Os resultados apontam lacunas na abordagem da IU, por falha na identificação por parte do profissional e falta de capacitação específica. Ainda, há desinformação dos demais profissionais acerca da atuação fisioterapêutica, desconhecimento do paciente frente a IU, falta de encaminhamento do usuário, e restrição de tempo para a atuação. Frente ao exposto, evidenciou-se a carência de assistência aos usuários da APS acometidos pela IU residentes de municípios da 4°CRS/RS.

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Publicado
2023-01-05