Tolerância e matrícula: regulamentarismo e medidas higieno-sanitárias aplicadas à prostituição feminina na Índia Portuguesa (1879 e 1898)
Resumo
Numa clara transição de um modelo proibicionista para um regime regulamentarista, a Índia Portuguesa assiste à promulgação de dois Regulamentos das meretrizes e casas toleradas, em 27 de Março de 1879 e em 26 de Fevereiro de 1898. Esse modelo, assente no pioneiro sistema francês, cuja preocupação primeira era regular a moralidade pública e os costumes e, secundariamente, a saúde pública, conheceu história na quase maioria dos países europeus e fora dele, como é o caso do Brasil onde, desde 1852, se procurava matricular todas as meretrizes da Corte. É sobre esse regime de tolerância no Estado da Índia, baseado na associação da prostituição com as doenças venéreas, especialmente a sífilis, e sobre a validade desse conjunto de medidas para prevenção da doença, e seu contágio em nível populacional, que nos debruçaremos neste artigo.
Referências
BRAGANÇA, João Fernandes
Breves Considerações sobre a Prostituição. Lisboa: Typographia Universal, 1875.
CORREIA, Alberto Carlos Germano da Silva Correia
India Portuguesa. Prostituição e Profilaxia Anti-venérea. História, Demografia, Etnografia, Higiene e Profilaxia. Bastora: Tipografia Rangel, 1938.
FICALHO, Francisco Manuel Carlos de Melo, Conde
Garcia da Orta e o seu tempo. Lisboa, 1886.
FREYRE, Gilberto
Casa-grande e senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. 30ª Edição. Record: Rio de Janeiro, 1995, p. 49.
Regulamento das Meretrizes e Casas Toleradas no Estado da Índia (26/02/1898).
BETHENCOURT, Francisco
“O Estado da Índia”. In História da Expansão Portuguesa Francisco Bethencourt and Kirti Chaudhuri (eds.). Vol. II, Do Índico ao Atlântico (1570-1697). Lisboa: Círculo de Leitores, 1998, pp. 284-314.
COSME, João
“As Preocupações higio-sanitárias em Portugal (2ª metade do século XIX e princípio do XX”. In Revista da Faculdade de Letras – História, III Série, Vol. 7. Porto: Faculdade de Letras da Universidade do Porto, 2006, pp. 181-195.
COSME, João
“A Consciência Sanitária em Portugal nos Séculos XVIII-XIX”. In CEM – Cultura, Espaço & Memória – Revista do CITCEM (Centro de Investigação Transdisciplinar «Cultura, Espaço & Memória), Nº. 5, 2014, pp. 45-62.
MELO, Ana Rita Peixoto Carvas Guedes Sousa
História das drogas e doenças no Império Português (séculos XV-XVII). Dissertação de Mestrado em Ciências Farmacêuticas apresentada à Faculdade de Ciências da Saúde da Universidade Fernando Pessoa. Porto, 2013.
SANTOS, Carlos
“A Prostituição em Portugal nos Séculos XIX e XX”. In História, Nº 41. Lisboa: Projornal, 1982, pp. 2-21.
SOUSA, Armando Tavares de
Curso de História da Medicina, das origens aos fins do séc. XVI. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1981.
Sousa, Germano de
História da Medicina Portuguesa Durante a Expansão. Lisboa: Círculo de Leitores (Temas&Debates), 2013.
Declaro que os conteúdos apresentados nos artigos e demais trabalhos são de minha autoria e tenho total responsabilidade sobre os mesmos, os quais estou cedendo os direitos autorais à Revista Saúde e Meio Ambiente, para fins de divulgação científica em qualquer meio disponível.