CHARLES S. PEIRCE E A CRISE DA REPRESENTAÇÃO NA LINGUAGEM DO SÉCULO XX
UMA ANÁLISE SEMIÓTICA DO CASO DE DERRIDA
Resumo
No século XX, abriu-se um campo muito rico para atuação de uma ciência nascente e muito profícua, a semiótica, em especial, a semiótica peirciana, como ferramenta de leitura e análise dos signos. Segundo Santaella e Nöth (2015, p. 22-23), muitos são os filósofos, após Peirce, que anunciam uma “crise da representação” na linguagem, como Heidegger, Adorno, Lukács e Lyotard. Outros autores, com menos ênfase, apresentam uma “perda da representação”, como Foucault (2000). No entanto, há teorias mais radicais, como a desconstrução da representação em Derrida. Apresentaremos, de modo sucinto, esta teoria de Derrida (1994; 1973) que defende uma impossibilidade da re-presentação como reprodução da apresentação ou presentificação. Em seguida, faremos uma análise crítica do caso de Derrida à luz da semiótica de Peirce (2019), no intuito de expor um dos desenvolvimentos posteriores do pensamento peirciano sobre este problema.
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