A DOENÇA COMO METÁFORA EM PHILIP ROTH E SAMUEL RAWET
Resumo
Este ensaio é um breve recorte da dissertação “A doença como metáfora em Philip Roth e Samuel Rawet”. Nossa hipótese é a de que nos textos desses autores a doença, a melancolia e a degenerescência são representadas alegoricamente, a fim de expressar o que a psicanálise freudiana entende como o conflito primordial do ser humano: a tensão entre as forças da pulsão de vida (Eros) e da pulsão de morte (Thanatos). A partir de uma leitura benjaminiana, essas narrativas colocam em questão o declínio da experiência e da tradição na modernidade, a impossibilidade de se transmitir experiências autênticas e de se afirmar um único significado, eterno e universal. A narração, nesse sentido, deixa de ter um caráter coletivo, em que as experiências eram passadas de geração em geração para dar lugar à narração da vida de um sujeito solitário que luta pelo sucesso em uma sociedade marcada pela concorrência. Dessa forma, as obras de Roth e de Rawet representam o desencantamento do mundo na modernidade, e é essa desvalorização do mundo aparente e a morte do sujeito clássico que fazem ressurgir a forma alegórica como Walter Benjamin a definiu, a saber, que a alegoria manifesta a fragmentação do real. Nosso ensaio é baseado nos estudos de Walter Benjamin, Freud, Betty Fuks, Jaime Ginzburg e Susan Sontag.
Referências
BENJAMIN, Walter. Origem do drama trágico alemão. Trad. João Barrento. 2 ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.
BINES, Rosana Kohl. Na frequência de Samuel Rawet. Revista Brasileira, fase VIII, ano I, n. 71, p. 127-135, abr./jun. 2012.
FUKS, Betty. Freud e a Judeidade: a vocação do exílio. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2000.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. História e narração em Walter Benjamin. São Paulo: Perspectiva, 2013.
GAGNEBIN, Jeanne Marie. Limiar, aura e rememoração: ensaios sobre Walter Benjamin. São Paulo: Editora 34, 2014.
GINZBURG, Jaime. Estética da morte. Gragoatá, v. 16, n. 31, p. 51-61, 30 dez. 2011.
RAWET, Samuel. Contos e novelas reunidos. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2004.
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SONTAG, Susan. A doença como metáfora. Trad. Márcio Ramalho. Rio de Janeiro: Edições Graal, 1984.
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