LITERATURA E PINTURA

DECIFRA-ME OU TE DEVORO, GUERNICA E A CADELA DO FASCISMO

  • Leonardo Alexandre Passos Noronha UEMS
  • Maria Luisa Barbosa Martins

Resumo

O presente trabalho analisa a relação entre a literatura e a pintura a partir da observação do pós-guerra civil na Espanha. Para tal, a compreensão intermidiática associada à história, à filosofia, a psicanálise e à sociologia, de forma interdisciplinar, procura o entendimento em torno da barbárie perpetrada pelos totalitarismos do século XX. Observa-se que o franquismo tinha como objetivo a dissolução da liberdade e da subjetividade, fazendo da população uma massa amorfa e misturada. Assim, inspirado pela dor, Picasso fez de sua obra cubista um retrato da atrocidade e um monumento de denúncia e revolta que, também, ficou para a memória como um alerta da bestialidade humana. Orwell, com extrema maestria, analisou a Guerra Civil Espanhola relatando suas experiências de combate. Da mesma maneira, Laforet fez um retrato do período em uma Barcelona abandonada no vazio sepulcral de uma cidade quase fantasma. O fenômeno do fascismo tem raízes profundas na história do Ocidente. Imaginar que a barbárie não se restringe a um momento histórico da humanidade, e que ela não é fruto, somente, da ganância e crueldade de alguns homens, nos faz questionar não só a ética de nosso tempo, mas também a falha do projeto civilizacional previsto pelos Iluministas diante do sonho do progresso. Dessa forma, o estudo aborda a intermidialidade entre literatura e pintura ao explorar a história da relação entre as artes, a crítica ao franquismo na obra Guernica, de Picasso, e nas obras de Laforet e Orwell, tendo como objetivo demonstrar os perigos do totalitarismo e a urgente necessidade de cuidado para que a tragédia não se repita em nosso tempo.

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Publicado
2023-09-06