Turismo de favela: uma análise da experiência turística de visitação da Rocinha-RJ

  • Rina Ricci-Cagnacci Universidade de São Paulo - USP
  • Wynne Gonçalves Farias Universidade de São Paulo
  • Walkiria Hiromi Usui-Napoli Universidade de São Paulo https://orcid.org/0009-0002-3249-1468
  • Julia Helena Tonet Universidade de São Paulo
Palavras-chave: Autenticidade, Motivação, Experiências de Turismo, Safari Humano, Mineração de Texto

Resumo

O turismo de favela é um segmento polêmico no campo do estudo do turismo. Como turismo alternativo, desenvolve progressivamente tendências em relação aos interesses individuais e especiais. Esse trabalho pretende identificar esse tipo de turismo como autêntico e, se essa autenticidade é a motivação para a experiência de visitação. Como objeto de pesquisa elegeu-se a Favela da Rocinha. Para atingir os objetivos, utilizou-se da análise de conteúdo de comentários realizados por turistas que vivenciaram esse atrativo, formando um corpus de 17.122 palavras contidas nos 261 comentários deixados por usuários dos passeios no período de 2010 a 2021 no TripAdvisor. O software VOSviewer fez a mineração de texto para identificação de padrões. A pesquisa caracteriza-se pela abordagem qualitativa. Como resultado, foram identificados três clusters: “atrativos”, “oportunidade” e “passeio”, respectivamente ligados aos construtos “motivação”, “autenticidade” e “experiência turística”. Consequentemente, foi proposto um modelo conceitual que facilitará a visualização do estudo, com a confirmação das proposições. Com o estudo foi possível observar que a busca pelo autêntico é um fator motivador para visitar a Favela da Rocinha, sendo esse fator “autêntico” atrelado à motivação cultural e interpessoal, ou seja, o turista quer conhecer o diferente, aquilo que não faz parte do seu cotidiano, em especial no âmbito de atividades paisagísticas e isso se torna um fator motivador da experiência turística.

 

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Rina Ricci-Cagnacci, Universidade de São Paulo - USP
Mestra e Doutoranda em Turismo - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Universidade de São Paulo (USP) E-mail: rina.ricci@usp.br

 

Wynne Gonçalves Farias, Universidade de São Paulo

Mestranda em Turismo -  Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Universidade de São Paulo (USP). E-mail: wynnefarias@gmail.com

 

 

 

Walkiria Hiromi Usui-Napoli, Universidade de São Paulo
Mestranda em Turismo -  Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Universidade de São Paulo (USP) E-mail: walkiria.usui@usp.br

 

 

 

Julia Helena Tonet, Universidade de São Paulo

Mestra em Turismo - Escola de Artes, Ciências e Humanidades - Universidade de São Paulo (USP)
E-mail: Juliahtonet@gmail.com 

 

 

 

Referências

Boyer, M. (2003). História do Turismo de Massa. Bauru, SP: EDUSC.

Butler, R. W. (1980). The Concept of a Tourist Area Cycle of Evolution: Implications for Management of Resources. Canadian Geographer 24:5-l 2.

Boorstin, D. (1962). The image: a guide to pseudo-events in America. New York: Vintage Books.

Braga, D. C. (2007). Planejamento turístico: teoria e prática. Rio de Janeiro. Campus.

Brasil. Lei nº 1995, de 18 de junho de 1993 (1993). Delimita A XXVII Região Administrativa - Rocinha, Criada Pelo Decreto Nº 6.011, de 4 de Agosto de 1986, Cria e Delimita O Bairro da Rocinha, Altera A Delimitação da VI Ra - Lagoa e dos Bairros da Gávea, São Conrado e Vidigal, Subdivide O Bairro da Rocinha em Áreas Segundo Especificidades e Dá Outras Providências.. Rio de Janeiro, RJ.

BR Press Center (2023). About TripAdvisor. https://tripadvisor.mediaroom.com/br-about-us.

Bursztyn, I.; Bartholo, R.; Delamaro, M. (2009). Turismo para quem?: sobre caminhos de desenvolvimento e alternativas para o turismo no Brasil. In: BARTHOLO, Roberto; SANSOLO, Davis Gruber; BURSZTYN, Ivan (org.). Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem, p. 1-508. http://www.each.usp.br/turismo/livros/turismo_de_base_comunitaria_bartholo_sansolo_bursztyn.pdf.

Clawson, M. (1963). Land and Water for Recreation: Opportunities, Problems and Policies. Chicago: Rand McNally.

Cohen, Erik. (1979). A Phenomenology of Tourist Experiences. Sociology, [S. l.], v. 13, n. 2, p. 179–201. https://doi.org/10.1177/003803857901300203.

Cooper, Chris. (2007). Turismo: Princípios e Práticas. Chris Cooper... [et al.]. Tradução: Alexandre Salvaterra. 3.ed. Porto Alegre: Bookman.

Crawford, D., Godbey, G., (1987). Reconceptualizing barriers to family leisure, Leisure Science, Vol. 9, pp. 119-127.

Devile, E. L; Kastenholz. E.; Santiago, R. A. (2012). Inibidores, facilitadores e estratégias de negociação associadas às experiências turísticas das pessoas com incapacidade. RT&D. N.º 17/18.

Freire-Medeiros, B. (2009). Gringo na Laje: produção, circulação e consumo da favela turística. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas.

Grünewald, R.A. (2009). The Contingency of Authenticity Intercultural Experiences in Indigenous Villages of Eastern and Northeastern Brazil. Vibrant Virtual Brazilian Anthropology, V.6, n.2.

Hermans, D.; Graburn, N. (1985). The Anthropology of Tourism. Man, [S. l.], v. 20, n. 1, p. 189. DOI: 10.2307/2802266.

Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (2016). Coordenação de Geografia. Arranjos populacionais e concentrações urbanas do Brasil. http://www.ibge.gov.br/apps/arranjos_populacionais/2015/pdf/publicacao.pdf

Kalaoum, F.; Santiago, P. E. S. (2020). O Turismo na Favela do Vidigal: base comunitária ou base mercadológica? Rev. Anais Bras. de Est. Tur./ ABET, Juiz de Fora (Brasil), e-ISSN 2238-2925, v.10, n. único, pp.1 – 13, Jan./ Dez.

Köhler, A. F. (2009). Autenticidade: Origens e Bases da Discussão em Turismo. Turismo - Visão e Ação, v. 11, n. 3, pp. 282-303

Lahlou, S. (2012). Text Mining Methods: An answer to Chartier and Meunier. Papers on Social Representations, v. 20, n. 38, p 1.-7.

Lee, H. “Andy”, Law, R., Murphy, J. (2011). Helpful Reviewers in TripAdvisor, an Online Travel Community, Journal of Travel & Tourism Marketing, v. 28, n.7, p. 675-688. DOI: 10.1080/10548408.2011.611739.

Luna, S.B.; Godoy, K.E. (2012). A estética turística e cinematográfica da favela: suportes de uma autenticidade construída. Caderno Virtual de Turismo. Rio de Janeiro, v. 12, n. 2, p.239-252.

MacCannell, D. (1999). The tourist: a new theory of the leisure class. Berkeley: University of California Press.

Machado, M. D. B. T. (2012). Medo Social e Turismo no Rio de Janeiro Social Fear and Tourism in Rio de. Tourism & Management Studies, [S. l.], v. 8, p. 48–54.

Madureira, M. A.; Oliveira, E.; Irving, M.d.A.; Tavares, F. (2018). Favela – lugar para se visitar ou evitar? As contradições na mídia sobre o turismo em favelas no Rio de Janeiro. Verso e Reverso, [S. l.], v. 32, n. 81, p. 168–186, 2018. DOI: 10.4013/ver.2018.32.81.01. http://revistas.unisinos.br/index.php/versoereverso/article/view/16796.

McIntosh, R.W.; Goeldner, C.R.; Ritchie, J.R.B. (1995). Tourism: principles, practices, philosophies (Ed. 7): 167-190.

Matos, M.B.A.; Barbosa, M.L.A. (2018). Autenticidade em Experiências de Turismo: proposição de um novo olhar baseado na Teoria da Complexidade de Edgar. Revista Brasileira de Pesquisa em Turismo, v. 12, n. 3, p. 154-171. http://dx.doi.org/10.7784/rbtur.v12i3.1457

Moon, H.; Han, H. (2019). Tourist experience quality and loyalty to an island destination: the moderating impact of destination image. Journal of Travel and Tourism Marketing, [S. l.], v. 36, n. 1, p. 43–59. 10.1080/10548408.2018.1494083. https://doi.org/10.1080/10548408.2018.1494083.

Nascimento-Schulze, C.M.; Camargo, E.V. (2000). Psicologia social, representações sociais e métodos. Temas em Psicologia., Ribeirão Preto, v. 8, n. 3, p. 287-299. http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-389X2000000300007&lng=pt&nrm=iso.

Newman, M.E.J. (2004). Fast algorithm for detecting community structure in networks. Physical Review E, 69, 066133.

Noack, A. (2007). Energy models for graph clustering. Journal of Graph Algorithms and Applications, v. 11, n. 2, p. 453–480;

Noack, A. (2009). Modularity clustering is force-directed layout. Physical Review E, 79, 026102.

Oh, H.; Fiore, A.M.; Jeoung, M. (2007). Measuring experience economy concepts: Tourism applications. Journal of Travel Research, [S. l.], v. 46, n. 2, p. 119–132. https://doi.org/10.1177/0047287507304039.

Park, S.; Nicolau, J.L. (2015). Asymmetric effects of online consumer reviews. Annals of Tourism Research, [S. l.], v. 50, p. 67–83. https://doi.org/10.1016/j.annals.2014.10.007.

Pine, B. J.; Gilmore, J. H. (2014). A leader’s guide to innovation in the experience economy. Strategy and Leadership, [S. l.], v. 42, n. 1, p. 24–29. https://doi.org/10.1108/SL-09-2013-0073.

Pine, B. J.; Gilmore, J.H. (1998). Welcome to the experience economy. Harvard Business Review, [S. l.], p. 97–105.

Segheto Junior, I.; Amorim, C.C.; Simões, S.R. (2008). Turismo em Favelas: um estudo de caso na favela da Rocinha na cidade do Rio de Janeiro. Estação Científica Online. Juiz de Fora, n. 6, p. 1-21.

SKYSCANNER (2023). https://www.skyscanner.com.br/noticias/encante-se-com-7-maravilhas-do-mundo-moderno.

Stamboulis, Y; Skayannis, P. (2003). Innovation strategies and technology for experience-based tourism. Tourism Management, [S. l.], v. 24, n. 1, p. 35–43. https://doi.org/10.1016/S0261-5177(02)00047-X.

Statista. Statista Research Department. TripAdvisor - Statistics & Facts. (2021). https://www.statista.com/topics/3443/tripadvisor/#dossierKeyfigures.

Swarbrooke, J.; Horner, S. (2002). O comportamento do consumidor no turismo. São Paulo: Ed. Aleph.

TripAdvisor. Centro de Mídia. Sobre o TripAdvisor (2021). https://tripadvisor.mediaroom.com/br-about-us.

Tung, V.W.S.; Ritchie, J. R. B. (2011). Exploring the essence of memorable tourism experiences. Annals of Tourism Research, [S. l.], v. 38, p. 1367–1386.

Urry, J. (2001). O olhar do turista: lazer e viagens nas sociedades contemporâneas. Tradução de Carlos Eugênio Marcondes de Moura. São Paulo: Studio Nobel.

Van Eck, N.J.; Waltman, L. (2020). VOSviewer Manual, Manual for VOSviewer version 1.6.16. Universiteit Leiden.

Wang, D.; Park, S.; Fesenmaier, D.R. (2012). The Role of Smartphones in Mediating the Touristic Experience. Journal of Travel Research, [S. l.], v. 51, n. 4, p. 371–387. https://doi.org/10.1177/0047287511426341.

Zaoual, H.; Bartholo, R.; Delamaro, M. (2009).. Do turismo de massa ao turismo situado: quais as transições?. In: Bartholo, R.; Sansolo, D.G.; Bursztun, Ivan (org.). Turismo de Base Comunitária: diversidade de olhares e experiências brasileiras. Rio de Janeiro: Letra e Imagem. p. 1-508. http://www.each.usp.br/turismo/livros/turismo_de_base_comunitaria_bartholo_sansolo_bursztyn.pdf

Publicado
2023-10-21
Como Citar
Ricci-Cagnacci, R., Farias, W. G., Usui-Napoli, W. H., & Tonet, J. H. (2023). Turismo de favela: uma análise da experiência turística de visitação da Rocinha-RJ. Ateliê Do Turismo, 7(2), 153 - 174. https://doi.org/10.55028/at.v7i2.18328
Seção
ARTIGOS