Inserção de práticas veganas na operação de um meio de hospedagem no contexto do desenvolvimento sustentável
Resumo
O veganismo é um movimento social pautado na ideologia de libertação animal e contempla práticas diversas, sendo a mais popular delas o seu regime alimentar. O mercado de viagens vem se adaptando a este novo interesse do público e inserindo tais práticas em sua operação, o que leva ao seguinte questionamento: como as práticas consideradas veganas podem contribuir para a sustentabilidade em um meio de hospedagem? Neste sentido, o objetivo desta pesquisa é investigar a aplicação de práticas veganas por um meio de hospedagem no contexto do desenvolvimento sustentável. Para tanto, foi utilizada uma abordagem metodológica qualitativa de caráter exploratório-descritivo. Optou-se pelo método de estudo de caso, que contou com uma pesquisa bibliográfica sobre as temáticas envolvidas e uma entrevista semiestruturada com a representante de um meio de hospedagem associado ao veganismo. Os dados foram analisados com base na categoria ‘sustentabilidade’, sugerida no estudo de Oliveira e Conti (2022). Entre os resultados encontrados, percebeu-se, principalmente, a busca por minimizar os danos causados ao meio ambiente, por meio de práticas orientadas à libertação animal, e a maior preocupação com a comunidade local e sua qualidade de vida. Além disso, o avanço teórico desta pesquisa proporciona novas possibilidades de investigação no campo da hotelaria e do turismo, enquanto apresenta um conjunto de práticas sociopolíticas e ambientais relevantes para a operação mais sustentável de um meio de hospedagem e para a captação de hóspedes veganos e demais indivíduos preocupados com questões socioambientais da atualidade.
Downloads
Referências
Aleksandrowicz, L., Green R., Joy E. J. M., Smith P., & Haines A. (2016) The Impacts of Dietary Change on Greenhouse Gas Emissions, Land Use, Water Use, and Health: A Systematic Review. PLoS ONE 11(11). https://doi.org/10.1371/journal.pone.0165797
Bardin, L. (2010). Análise de conteúdo. 4. ed. Lisboa: Edições 70.
Başol, C. I., & Alvarez, M. D. (2023). Development of a Vegan-Friendly Destination – The Case of Didim. Tourism Planning & Development. https://doi.org/10.1080/21568316.2023.2276217
Boni, V. & Quaresma, S. J. (2005). Aprendendo a entrevistar: como fazer entrevistas em Ciências Sociais. Revista Eletrônica dos Pós-Graduandos em Sociologia Política da UFSC, 2(1-3), 68-80. Recuperado de: https://periodicos.ufsc.br/index.php/emtese/article/view/18027/16976.
Brzustewicz, P., & Singh, A. (2021) Sustainable Consumption in Consumer Behavior in the Time of COVID-19: Topic Modeling on Twitter Data Using LDA. Energies, 14(18), 1-20. https://doi.org/10.3390/en14185787.
Caetano, A.L.R.; Stoll, C.B.; Helfenstein, M.J.W. (2020). Classificação de meios de hospedagem no Brasil: o SBCLass na perspectiva do ciclo de políticas públicas. Turismo, Visão e Ação, 22(1), 24-45. https://doi.org/10.14210/rtva.v22n1.p24-45.
Castelli, G. (2001). Administração hoteleira. 8.ed. Caxias do Sul: Educs.
Cevik, S. (2022). Dirty dance: tourism and environment. International Review of Applied Economics, 168-185. https://doi.org/10.1080/02692171.2022.2117282
Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento - CMMAD. (1998). Nosso futuro comum (Relatório de Brundtland). Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas, 1988.
Damas, M. T. (2020). Turismo Sustentável: reflexões, avanços e perspectivas. Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur), 13(2). Recuperado de: https://periodicos.unifesp.br/index.php/ecoturismo/article/view/9578.
Dilek, S. E., & Fennell, D. A. (2018). Discovering the hotel selection factors of vegetarians: the case of Turkey", Tourism Review, 73(4), 492-506.
https://doi.org/10.1108/TR-11-2017-0175
Feil, A. A., & Schreiber, D. (2017). Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável: desvendando as sobreposições e alcances de seus significados. Cadernos EBAPE.BR, 14(3), 667-681. https://doi.org/10.1590/1679-395157473.
Folha de São Paulo. Pinho, F. G. (2022). Flexitarianos impulsionam crescimento do mercado vegano no país. Por amor aos animais ou consciêmcia ambiental, consumidor quer comida, maquiagem e outros produtos ‘livres de crueldade’. https://www1.folha.uol.com.br/mpme/2022/04/flexitarianos-impulsionam-crescimento-do-mercado-vegano-no-pais.shtml
Gondim, C. B., & Araújo, M. V. P. (2020). Gestão da reputação on-line pelos meios de
hospedagem: Uma análise das respostas ao EWOM negativo. Turismo: Visão e Ação, 22(1), 185-209. https://doi.org/10.14210/rtva.v22n1.p185-209
Gudynas, E. (2011). Buen vivir: germinando alternativas al desarrollo. America Latina en Movimiento – ALAI, Quito, 462, 1-20.
Hirth, S. (2021). Food that Matters: Boundary Work and the Case for Vegan Food Practices. Sociologia Ruralis, 61(1), 234-254. https://doi.org/10.1111/soru.12317.
Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística (IBGE). (2022). Pesquisa da Pecuária Municipal (2021). Rio de Janeiro: IBGE. Recuperado de: https://abrir.link/VwOKg.
Irving, M. A., & Azevedo, J. (2002). Turismo: o desafio da sustentabilidade. São Paulo: Futura.
Irving, M. A; Bursztyn, I.; Sancho A.P; Melo, G. M. (2005). Revisitando significados em sustentabilidade no planejamento turístico. Caderno Virtual de Turismo, 5(4), 1-8. http://www.ivt.coppe.ufrj.br/caderno/index.php/caderno/article/download/98/93.
Leroy, F., Hite, A.H., & Gregorini, P. (2020). Livestock in Evolving Foodscapes and Thoughtscapes. Front. Sustain. Food Syst. 4(105).
Li, S., Liu, X., Cai, S., & Scott, N. (2020). Vegan tours in China: Motivation and benefits. International Journal of Tourism Research, 23, 1–15. https://doi.org/10.1002/jtr.2401
Lopes, M. S., & Gimenes-Minasse, M. H. (2021). Dificuldades de indivíduos veganos em destinos turísticos. CULTUR - Revista de Cultura e Turismo, 15(2), 1-29. https://doi.org/10.36113/cultur.v15i2.2927.
Maria, D. F. S. (2022). Os desafios da satisfação de clientes na hotelaria em Portugal: o caso da geração Z. [Dissertação de Mestrado, Universidade do Algarve]. http://hdl.handle.net/10400.1/19388
Martini, B. (2011). Antropoceno: a época da humanidade. Ciência Hoje. Recuperado de: https://abrir.link/q69Na.
Martins, G. A. (2008). Estudo de caso: uma reflexão sobre a aplicabilidade em pesquisa no Brasil. Revista de Contabilidade e Organizações, 2(2), 9-18.
Melo, S. R. S., Silva, M. E., & Melo, F. V. S. (2020). Turismo Sustentável Como Prática: Dinâmica e Contribuições Para o Consumo Sustentável. In: XLIV Encontro da ANPAD - EnAnpad, 2020, Evento On-line. Anais do XLIV Encontro da ANPAD.
Mendonça, F., & Dias, M. A. (2019). Meio ambiente e sustentabilidade. Curitiba: Intersaberes. (Série Educação Ambiental).
Nierdele, P., & Schubert, M. N. (2020). HOW does veganism contribute to shape sustainable food systems? Practices, meanings and identities of vegan restaurants in Porto Alegre, Brazil. Journal of Rural Studies, 78, 304-313. https://doi.org/10.1016/j.jrurstud.2020.06.021.
Oliveira, R. L. (2023). Veganismo e Turismo no Brasil: um estudo sob a ótica da oferta turística. [Dissertação de Mestrado, Universidade Federal Fluminense]. Recuperado de: https://app.uff.br/riuff/handle/1/31467
Oliveira, R. L., Conti, B. R., & Valduga, M. C. (2022). Discussões sobre a comensalidade e as experiências de viagens para os veganos. Revista Cenário, 10, 1-23. Recuperado de: https://periodicos.unb.br/index.php/revistacenario/article/view/40850
Oliveira, R. L., & Conti, B. R. (2022). Investigação teórica sobre o veganismo e o turismo: uma revisão sistemática da literatura. Revista Hospitalidade, 19, 550–578. https://www.revhosp.org/hospitalidade/article/view/1045.
Organização Das Nações Unidas (ONU). (2015). Transformando Nosso Mundo: A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável. https://abrir.link/tncrG.
Rasoolimanesh S. M., Sundari Ramakrishna, S., Hall, C. M., Esfandiar K. & Seyfi S. (2023). A systematic scoping review of sustainable tourism indicators in relation to the sustainable development goals. Journal of Sustainable Tourism, 31(7). https://doi.org/10.1080/09669582.2020.1775621
Ribeiro, J. A. G, & Cavasan, O. (2013). Os conceitos de ambiente, meio ambiente e natureza no contexto da temática ambiental: definido significados. Gôndola, Enseñanza y aprendizaje de las ciencias, 8(2), 61-76. https://revistas.udistrital.edu.co/index.php/GDLA/article/view/5149/9355.
Rossidis, I., Belias, D., Vasiliadis, L. (2021). Strategic Hotel Management in the “Hostile” International Environment. In: Katsoni, V., van Zyl, C. (eds) Culture and Tourism in a Smart, Globalized, and Sustainable World. Springer Proceedings in Business and Economics. (pp. 325–336) Springer, Cham. https://doi.org/10.1007/978-3-030-72469-6_21
Singer, P. (2020). Libertação animal: o clássico definitivo sobre o movimento pelos direitos dos animais. São Paulo: Editora WMF Martins Fontes.
Spolon, A. P. G. (2014). Breve história dos meios de hospedagem no Brasil e no mundo. In.: SILVA, W.C. D. et al. Hotelaria, 1, 07-34.
Tavares Junior, F. A.; Irving, M. A. (2013). Sustentabilidade Líquida: ressignificando as relações entre natureza, capital e consumo em tempos de fluidez. Revista Espaço Acadêmico (UEM), 13, 1-11.
The Vegan Society. (17 de maio de 2023). Definition of veganism. https://abrir.link/zrxWN.
Tulik, O. (1992). Turismo e meio ambiente: identificação e possibilidades da oferta alternativa. Revista Turismo em Análise, 3(1), 21-30. DOI: 10.11606/issn.1984-4867.v3i1p21-30. https://www.revistas.usp.br/rta/article/view/64140.
Valduga, M. C., Martins, V. P., Oliveira, J. T. P., & Costa, M. C. (2022). Reputação Online x Classificação Oficial de Meios de Hospedagem. Revista Acadêmica Observatório de Inovação do Turismo, 16, 110-131. https://doi.org/10.17648/raoit.v16n2.71
Valenzuela-Ortiz, A., Castañeda, J-A., & Chica-Olmo, J. (2023). Good or Excellent? Factores determining online hotel ratings. A spatial Approach. Journal of Hospitality Marketing & Management, 208-232. https://doi.org/10.1080/19368623.2023.2246457
Vilela, D. B. L. (2017). Consumo político e ativismo vegano: dilemas da politização do consumo na vida cotidiana. Estudos Sociedade e Agricultura 25(2), 353-377. https://doi.org/10.36920/esa-v25n2-7.
Copyright (c) 2024 Romário Loffredo de Oliveira, Bruna Ranção Conti
This work is licensed under a Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Os autores/investigadores que publicam na Ateliê do Turismo concordam com os seguintes termos:
1 - Direitos autorais.
Os autores/investigadores mantêm seus direitos autorais, embora concedam à Ateliê do Turismo, os direitos de exploração não exclusiva (reprodução, distribuição e publicidade). Concedem à Ateliê do Turismo o direito de primeira publicação de seu trabalho/pesquisa, que estará simultaneamente sujeito à licença indicada no ponto 2. Os autores podem estabelecer outros acordos adicionais para a distribuição não exclusiva da versão do trabalho publicado na Ateliê do Turismo, desde que haja um reconhecimento de sua publicação inicial nesta revista.
2 - Licença.
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial-SemDerivações 4.0 Internacional.
Esta licença permite compartilhar (copiar e redistribuir o material em qualquer suporte ou formato), dar o crédito apropriado ao (s) autor (es) / investigador (es) e revista, porém, não pode utilizar o material para fins comerciais. No caso de remixação, transformação ou criação a partir do artigo, não poderá distribuir o material modificado.
O (s) autor (es) / investigador (es), possuem autorização para distribuição pelos diversos meios a comunidade científica e acadêmica, bem como são estimulados a distribuir em repositórios institucionais ou em suas páginas pessoais, tendo em vista que esse processo pode ocasionar alterações produtivas, como impacto da pesquisa e as devidas citações do trabalho publicado.