CRÍTICA E ESCRITA DAS MARGENS EM LUIZ COSTA LIMA

  • Lúcia Ricotta UNIRIO-RJ

Resumo

Resumo: Nos paratextos que acompanham as obras crítico-teóricas de Luiz Costa Lima, sua atitude mais frequente consiste em comentar o “complexo colonial carregado por todo sujeito” que desafia o pensamento nos trópicos. Com expansões maiores ou menores, em muitos enunciados de seus textos, o crítico evidencia um mal-estar diante do isolamento que a atividade intelectual impõe num país periférico como o Brasil. Em especial os textos exordiais de prefácios, notas preliminares e pessoais, autobiografia intelectual, depoimento e também epílogo são escritos segundo determinado mood e momento para expressar “o monótono desenrolar dos dias”. Monotonia é o nome que ele dá de bom grado ao “exercer o gosto de pensar como habitante dos trópicos”. No entanto, desse mal-estar tão imperioso quanto angustiante, parece construir um valor a priori para a persistência de seu exercício crítico, rigor conceitual e abrangência de repertório comparatista. Diante disso, gostaria de propor que as aberturas performativas de Costa Lima, com insinuações autobiográficas, não cifram propriamente a expressão de subjetividade, antes codificam a experiência do intelectual, que confronta a sua experiência teórica e crítica com a força perturbadora de uma voz, que se quer inscrita numa escritura das margens, na medida mesmo em que, tal qual em Redemunho do Horror: as margens do Ocidentefinalmente associa a revisitação da mímesis ao “lugar em que se processa a diferença ou em que ela é percebida”. No “horror dos continentes marginalizados”, modos de fala do silêncio ampliam-se na obra de Costa Lima, reconfigurando os pontos cego e surdo de sua teoria nos trópicos. 

 

Biografia do Autor

Lúcia Ricotta, UNIRIO-RJ
Professora de Letras da UNIRIO. É doutora em História pela PUC-RJ. Desenvolveu pesquisa de pós-doutorado na UNICAMP e, posteriormente, na Letras da PUC-RJ, com apoio da FAPERJ. Escreveu vários artigos, entre eles: “Entre raízes e arbustos: a forma arvoral da literatura e da cultura brasileira” (2017) e “A paisagem na produção letrada romântica: artifício e natureza” (2015) e “A constelação espacial das cenas de origem em Scènes de la Nature, de Ferdinand Denis” (2011).  Como organizadora e co-organizadora, publicou nos últimos anos os seguintes dossiês: História e Cultura Visual: Múltiplas Narrativas da Experiência Histórica (2016), Graciliano Ramos (2015), Literatura e Viagem (2010).  É autora de Natureza, ciência e estética em Alexander von Humboldt (2003). Email: luciavilelapinto@gmail.com.

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Publicado
2018-12-12