CRÍTICA E ESCRITA DAS MARGENS EM LUIZ COSTA LIMA
Resumo
Resumo: Nos paratextos que acompanham as obras crítico-teóricas de Luiz Costa Lima, sua atitude mais frequente consiste em comentar o “complexo colonial carregado por todo sujeito” que desafia o pensamento nos trópicos. Com expansões maiores ou menores, em muitos enunciados de seus textos, o crítico evidencia um mal-estar diante do isolamento que a atividade intelectual impõe num país periférico como o Brasil. Em especial os textos exordiais de prefácios, notas preliminares e pessoais, autobiografia intelectual, depoimento e também epílogo são escritos segundo determinado mood e momento para expressar “o monótono desenrolar dos dias”. Monotonia é o nome que ele dá de bom grado ao “exercer o gosto de pensar como habitante dos trópicos”. No entanto, desse mal-estar tão imperioso quanto angustiante, parece construir um valor a priori para a persistência de seu exercício crítico, rigor conceitual e abrangência de repertório comparatista. Diante disso, gostaria de propor que as aberturas performativas de Costa Lima, com insinuações autobiográficas, não cifram propriamente a expressão de subjetividade, antes codificam a experiência do intelectual, que confronta a sua experiência teórica e crítica com a força perturbadora de uma voz, que se quer inscrita numa escritura das margens, na medida mesmo em que, tal qual em Redemunho do Horror: as margens do Ocidente, finalmente associa a revisitação da mímesis ao “lugar em que se processa a diferença ou em que ela é percebida”. No “horror dos continentes marginalizados”, modos de fala do silêncio ampliam-se na obra de Costa Lima, reconfigurando os pontos cego e surdo de sua teoria nos trópicos.
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