Manuais Didáticos de Genética: análise epistemológica
Resumo
Pesquisas apontam que o manual didático é um elemento fundamental para o trabalho docente, podendo exercer um papel coercitivo na formação de concepções sobre o conhecimento e sua aplicabilidade. O manual tem o potencial de formar concepções epistemológicas e didático-pedagógicas sobre os temas e os conteúdos que tratam de abordar, o que justifica uma investigação que visa fornecer análises que apontam para certas especificidades e perspectivas nele encontradas. Nesse contexto, nesta pesquisa analisamos a influência que os manuais didáticos de Genética mais citados em Projetos de Cursos de Licenciaturas em Ciências Biológicas de 3 universidades do Estado de Mato Grosso do Sul podem proporcionar com relação à formação de concepções no entorno do fenômeno splicing alternativo. O objetivo do trabalho é identificar como o conceito de gene é abordado nos manuais didáticos em relação ao splicing alternativo. As análises mostram distorções com relação à introdução deste conceito, podendo proporcionar uma visão epistemológica e social equivocada da atividade científica, levando a necessidade de reflexões e ações que indiquem mudanças na estrutura e na dinâmica destes materiais instrucionais.
Palavras chave: manuais didáticos, epistemologia, splicing alternativo.
Referências
ALONI, Yosef et al. Novel mechanism for RNA maturation: The leader sequences of Simian Virus 40mRNA are not transcribed adjacent to the coding sequences. Proceedings of the Natural Academy of Sciences USA, v.74, n.9, p.3686-3690, 1977.
AMARAL, Carmem Lúcia Costa; XAVIER, Eduardo da Silva; MACIEL, Maria de Lourdes. Abordagem das relações Ciência/Tecnologia/Sociedade nos conteúdos e funções orgânicas em livros didáticos de Química do ensino médio. Investigações em Ensino de Ciências, v.14, n.1, p.101-114, 2009.
BERGET, Susan M.; MOORE, Claire; SHARP, Phillip A. Spliced segments at the 5’ terminus of adenovirus 2 late mRNA. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v.74, n.8, p.3171-3175, 1977.
BRACK, Christine; TONEGAWA, Susumu. Variable and constant parts of the immunoglobulin light chain gene of a mouse myeloma cell are 1250 nontranslated bases apart. Proceedings of the National Academy of Sciences of the United States of America, v.74, n.12, p.5662-5656, 1977.
BREATHNACH, R.; MANDEL, J. L.; CHAMBON, P. Ovalbumin gene is split in chicken DNA. Nature, v.270, n.5635, p.314-319, 1977.
BURNS, G. W. Genética: uma introdução à hereditariedade. 5ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1984.
BURNS, G. W.; BOTTINO, P. J. Genética. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1991.
CHAMBON, Pierre. Split genes. Scientific American, v.244, p.60-71, 1981.
CHOW, Louise T. et al. An amazing sequence arrangement at the 5’ ends of Adenovirus 2 messenger RNA. Cell, v.12, n.1, p.1-8, 1977.
COSTA, S. O. P. Genética molecular e de microorganismos: os fundamentos da engenharia genética. São Paulo: Ed. Manole, 1987.
DOWNES, Stephen M. Alternative splicing, the gene concept, and evolution. History and Philosophy of the Life Sciences, v.26, n.1, p.91-104, 2004.
EL-HANI, C. N. Controvérsias sobre o conceito de gene e suas implicações para o ensino de genética. In: V Encontro Nacional de Pesquisa em Ensino de Ciências, 28 de nov. a 03 de dez., Bauru, SP, 2005, Atas...
FALK, Raphael. What is a gene? Studies in History and Philosophy of Science, v.7, n.2, p.133-173, 1986.
FREITAS, Renan Springer de. Por que estudar controvérsias científicas? Episteme, v.3, n.6, p.208-221, 1998.
FUTUYMA, D. J. Biologia Evolutiva. 2ª ed. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética/CNPq, 1992.
GARDNER, Eldon J.; SNUSTAD, D. Peter. Genética. 7ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1986. 497p.
GILBERT, Walter. Why genes in pieces? Nature, v.271,n.501, p.501, 1978.
GLOVER, David M.; HOGNESS, David S. A novel arrangement of the 18s and 28s sequences in a repeating unit of Drosophila melanogaster rDNA. Cell, v.10, n.2, p.167-176, 1977.
GRIESEMER, James. Reprodution and the reduction of genetics. In: BEURTON, Peter J.; FALK, Raphael; RHEINBERGER, Hans Jorg (Orgs). The Concepçt of the Gene in Development and Evolution. Cambridge: Cambridge University Press, 2000.
GRIFFITHS, Paul E; NEUMANN-HELD, Eva M. The many faces of the Gene. BioScience, v.49, n.8, p.656-662, 1999.
GRIFFITHS, A. J. F. et al. Introdução à Genética. 7ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 1998. 786p.
HOFFEE, P. A. Genética Médica Molecular. 1ª ed. Rio de Janeiro: editora Guanabara Koogan, 2000.
JEFFREYS, A.J.; FLAVELL, R. A. The rabbit? - globin gene contains a large insert in the coding sequence. Cell, v.12, n.4, p.1097-1108, 1977.
JOAQUIM, Leyla Mariane; EL-HANI, Charbel Niño. A genética em transformação: crise e revisão do conceito de gene. Scientiae studia, v.8, n.1, p. 93-128, 2010.
JORDE, L. B. et al. Genética Médica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Ed. Guanabara Koogan, 2000.
KELLER, Evelyn Fox. O Século do Gene. Belo Horizonte: Editora Crisálida, 2002.
LEITE, Marcelo. Hegemonia e crise da noção de gene nos 50 anos do DNA. In: 49º Congresso Nacional de Genética. Águas de Lindóia, SP, setembro de 2003.
LEWIN, B. GENES VII. Porto Alegre: Editora Artmed, 1997.
MEYER, Lia Midori Nascimento; BOMFIM, Gilberto Cafezeiro; EL-HANI, Charbel Niño. How to understand the gene in the 21st century? Science & Education, v.22, n.2, p.345-374, 2013.
PIERCE, B. A. Genética: um enfoque conceitual. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004.
PRO CHEREGUINI, Carlos; PRO BUENO, Antonio. ¿Qué estamos enseñando con los libros de texto? La eletricidad y la electrónica de tecnologia en 3º ESO. Revista Eureka sobre Enseñanza y Divulgación de las Ciências, v.8, n.2, p.149-170, 2011.
RAMOS, Fernanda Peres; NEVES, Marcos Cesar Danhoni; CORAZZA, Maria Júlia. A ciência moderna e as concepções contemporâneas em discursos de professores-pesquisadores: entre ruptura e a continuidade. Revista Electrónica de Enseñanza de las Ciencias, v.10, n.1, p.84-108, 2011.
REICHENBACH, Hans. Experience and Prediction: An analysis of the foundations and the structure of knowledge. 7a. impressão. Chicago: The University of Chicago Press, 1970.
REZENDE, Flavia. As novas tecnologias na prática pedagógica sob a perspectiva construtivista. Revista Ensaio, v.2, n.1, p.1-18, 2002.
RINGO, J. Genética Básica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005.
ROSA, Marcelo D’Aquino; MOHR, Adriana. Os fungos na escola: análise dos conteúdos de micologia em livros didáticos do Ensino Fundamental de Florianópolis. Experiências em Ensino de Ciências, v.5, n.3, p.95-102, 2010.
SAMBROOK, J. Adenovirus amazes at Cold Spring Harbor. Nature, v.268, p.101-104, 1977.
SCHNEIDER, Eduarda Maria; JUSTINA, Lourdes Aparecida Della; ANDRADE, Mariana A. Bologna Soares de Andrade; OLIVEIRA, Thais Benetti de; CALDEIRA, Ana Maria de Andrade; MEGLHIORATTI, Fernanda Aparecida. Conceitos de Gene: Construção Histórico-Epistemológica e percepções de professores do Ensino Superior. Investigações em Ensino de Ciências, v.16(2), p.201-222, 2011.
Autores que publicam nesta revista concordam plenamente com os seguintes termos:
- Os autores atestam que a contribuição é inédita, isto é, não foi publicada em outro periódico, atas de eventos ou equivalente.
- Os autores atestam que não submeteram a contribuição a simultaneamente outro periódico.
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Licença Creative Commons Attribution que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria e publicação inicial nesta revista.
- Os autores atestam que possuem os direitos autorais ou a autorização escrita de uso por parte dos detendores dos direitos autorais de figuras, tabelas, textos amplos etc. que forem incluídos no trabalho.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) após o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado,
- Em caso de identificação de plágio, republicação indevida e submissão simultânea, os autores autorizam a Editoria tornar público o evento, informando a ocorrência aos editores das revistas envolvidas e aos eventuais autores plagiados.