CORPOS TRANS E VIOLÊNCIA
A ARTE COMO INSTRUMENTO DE DENÚNCIA NA MÚSICA DE JUP DO BAIRRO E NA POESIA DE NENA CALLEJERA
Resumo
Os olhares sobre as representações de gêneros destoantes do binômio masculino/feminino acabam legitimando certas violências, ainda que simbólicas, a grupos que decidem não obedecer às regras impostas pela sociedade cisheteronormativa. Dessa forma, faremos uma análise literária comparativa da canção Transgressão, de Jup do Bairro, e da poesia sem título de Nena Callejera, ambas mulheres trans/travestis, pretas e periféricas. Para abordar as violências sofridas por corpos trans, tomaremos como principal base York, Oliveira e Benevides (2020) e Mbembe (2018). Ao abordar o caminhar histórico do gênero canção e a relação indissociável entre música e poesia, adotaremos os teóricos Spina (1996) e Moisés (2001). Nossa pesquisa toma como ponto de partida não só a identidade de gênero dessas mulheres, mas as formas como elas se utilizam da arte para denunciar situações e vivências que corpos como os delas sofrem. Assim, ao problematizar a respeito das vivências de identidades trans nas pesquisas acadêmicas, sobretudo literárias, buscamos abrir espaço para que possamos pensar como relações de poder, presentes tanto nas relações de gênero, quanto nas de sexualidade, podem determinar, nos microespaços sociais, práticas com potência de reforçar a subalternidade dos chamados indivíduos de identidades sexuais e de gênero dissidentes.
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