AS VIAS SÓCIO-POLÍTICA DA TRANSEXUALIDADE E DA TRAVESTILIDADE SOB A LUZ DA PSICANÁLISE E DA PSICOLOGIA SOCIAL

Resumen

A partir do momento em que o discurso cishegemônico sobre as relações entre sexo, gênero, identidade de gênero, desejo e práticas sexuais começaram a ser reavaliados, as expressões das sexualidades que, até então, eram consideradas patológicas receberam outra escuta. Esse artigo centra-se nas transexualidades, travestilidades e nos movimentos sociais organizados recentes pela despatologização das identidades transexuais e travestis. Então, pretendemos discutir em quais medidas a psicologia social e a psicanálise se apresentam como um dispositivo da sexualidade humana, o qual procuram reinstaurar o modelo tradicional da ‘diferença sexual’, através somente da reiteração da cisheteronormatividade da dominação masculina. Portanto, quando os profissionais de psicanálise começaram a ouvir as dinâmicas pulsionais e os movimentos identificatórios que subjazem às identidades transexuais e travestis, sem teorizá-las como um lapso desviante, as transexualidades e travestilidades passaram a ser melhor entendidas como mais uma manifestação da sexualidade humana. Além disso, questionamos ainda em que medida a psicanálise pode permanecer como uma teoria crítica e uma prática clínica que permita uma relação produtiva com as novas configurações de gênero e identidade de gênero na contemporaneidade, abrindo brechas para a concepção de novas formas de subjetivação feminina.