O IMPACTO DO TERRORISMO NOS DIREITOS HUMANOS: UMA ANÁLISE CRÍTICA DAS MEDIDAS INTERNACIONAIS DE COMBATE AO TERRORISMO À LUZ DOS DIREITOS HUMANOS

  • Guilherme Berger Schmitt Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (Portugal)

Resumo

Atualmente é possível dizer que já se abandonaram as teses de que a proteção dos Direitos Humanos não passava de um problema ou assunto puramente interno, pois as normas que visam à proteção internacional de direitos humanos são um claro reflexo desta contemporânea linha de pensamento. Nesse cenário, a ONU se apresenta como o principal responsável pela efetiva proteção desses direitos, que vem sofrendo com os diversos ataques terroristas perpetrados mundialmente. No seu papel de efetivador dos direitos fundamentais dos indivíduos, a ONU acaba por adotar ações e medidas que podem, por si, ferir os próprios direitos que a Organização visava proteger. A presente pesquisa busca demonstrar, destarte, o paradoxo existente no emprego das medidas extremas de combate ao terrorismo, nomeadamente das Resoluções 1267 e 1373, que foram adotadas pela Organização com o objetivo de permitir o combate ao terrorismo em âmbito global por meio das chamadas smart sanctions. Para tanto a pesquisa irá abordar a internacionalização dos direitos humanos, bem como o impacto que os atos terroristas podem ter sobre estes direitos. Apresentando, por fim, o paradoxo na aplicação dessas medidas, quando tomadas de maneira extrema e sem a devida observância dos direitos humanos.

Biografia do Autor

Guilherme Berger Schmitt, Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra (Portugal)
Advogado. Mestre em Ciências Jurídico-Políticas pela Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Pós Graduando pela Faculdade de Direito da Universidade CESUSC.

Referências

ALMEIDA, Francisco Ferreira de. Direito Internacional Público. 2ª ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2003.

AZAROV, Valentina; EBERT, Franz Christian. All done and dusted? Reflections on the EU standard of judicial protection against UN blacklisting after the ECJ’s Kadi Decision, Hanse Law Review, vol. 5, nº 1 (2009), pp. 99-114.

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Capus, 2004.

BRATANOVA, Elena. Terrorist Financing and EU Sanctions Lists: Is the Court’s Annulment of a Council Decision a Lasting Protection for an Organization?, The Columbia Journal of European Law Online, vol. 15, nº 2 (2009), pp. 7-11.

ECKES, Christina. Protecting Supremacy from External Influences: A Precondition for a European Constitucional Legal Order?, European Law Journal, vol. 18, nº 2 (2012), pp. 230-250.

ERIKSSON, Mikael. In Search of a Due Process – Listing and Delisting Practices of the European Union. Suécia: Uppsala University, 2009.

GARFIELD, Richard. The impact of economic sanctions on Health and Well-being, RRN Network Paper, vol. 31 (1999), pp. 1-33.

HAARSCHER, Guy. Filosofia dos Direitos do Homem. Lisboa: Instituto Piaget, 1997.

LONDRAS, Fiona de; KINGSTON, Suzanne. Rights, Security and Conflicting International Obligations: Exploring Inter-Jurisdictional Judicial Dialogues in Europe, American Journal of Comparative Law, vol. 58, nº 2 (2010), pp. 359-414.

MACHADO, Jónatas Eduardo Mendes. Direito Internacional: do paradigma clássico ao pós-11 de setembro. 2ª ed. Coimbra: Coimbra Editora, 2004.

OEA. Informe sobre terrorismo y Derechos Humanos. Comissão Interamericana de Direitos Humanos (2002), Disponível em: <http://www.cidh.org/terrorism/span/indice.htm>. Acesso em: 20 de fev. de 2015.

ONU. Carta das Nações Unidas. Disponível em: <http://www.onu.org.br/documentos/sistema-onu/>. Acesso em: 07 de jan. de 2015.

———. Declaração dos Princípios Básicos de Justiça Relativos às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder. Assembléia Geral das Nações Unidas (1985), Disponível em: <http://direitoshumanos.gddc.pt/3_6/IIIPAG3_6_28.htm>. Acesso em: 27 de jun. de 2014.

———. Documento A/RES/60/1. Assembléia Geral das Nações Unidas (2005), Disponível em: <http://daccess-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/N05/487/60/PDF/N0548760.pdf?OpenElement>. Acesso em: 05 de jul. de 2014.

———. Documento S/RES/1267. Conselho de Segurança da ONU (1999), Disponível em: <http://www.un.org/ga/search/view_doc.asp?symbol=S/RES/1267(1999)>. Acesso em: 10 de jun. de 2014.

———. Documento S/RES/1373. Conselho de Segurança da ONU (2001), Disponível em: <http://daccess-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/N01/557/43/PDF/N0155743.pdf?OpenElement>. Acesso em: 12 de jun. de 2014.

———. Documento S/RES/1566. Conselho de Segurança da ONU (2004), Disponível em: <http://daccess-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/N04/542/82/PDF/N0454282.pdf?OpenElement>. Acesso em: 12 de jun. de 2014.

———. Fact Sheet nº 32 - Human Rights, Terrorism and Counter-terrorism. Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos (2008), Disponível em: <http://www.unhcr.org/refworld/docid/48733ebc2.html>. Acesso em: 07 de jan. de 2015.

PELLET, Alain; DINH, Nguyen Quoc; DAILLIER, Patrick. Direito Internacional Público. Lisboa: Calouste Gulbenkian, 2003.

PORRETTO, Gabriele. The European Union, Counter-Terrorism sanctions against Individuals and Human Rights Protection. Fresh Perspectives on the ‘War on Terror’ (ed. Penelope Mathew e Miriam Gani). Caberra: ANU E Press, 2008, pp. 235-268.

RODRIGUES, Simone Martins. Segurança Internacional e Direitos Humanos: A prática da intervenção humanitária no pós-Guerra Fria. Rio de Janeiro: Renovar, 2000.

SADEK, Maria Tereza. Maquiavel: o cidadão sem fortuna, o intelectual da virtú. Os clássicos da Política (ed. Francisco WEFORT). São Paulo: Ática, 2003, pp. 11-25.

TLADI, Dire; TAYLOR, Gillian. On the Al Qaida/Taliban Sanctions Regime: Due Process and Sunsetting, Chinese Journal of International Law, vol. 10, nº 4 (2011), pp. 771-789.

WILLIS, Grant L. Security Council Target Sanctions, Due process and the 1267 Ombudsperson, Georgetown Journal of International Law, vol. 42 (2011), pp. 673-745.

ZGONEC-ROŽEJ, Miša. Kafka, Sisyphus, and Bin Laden: Challenging the Al Qaida and Taliban Sanctions Regime, Essex Human Rights Review, vol. 8, nº 1 (2011), pp. 91-137.

Publicado
2016-04-15
Seção
Artigos