RORTY E SCHAFER
afinidades eletivas em torno da psicanálise freudiana
Resumo
O presente artigo tem como propósito identificar e articular pontos de contato entre as interpretações da psicanálise freudiana do filósofo Richard Rorty e do psicanalista Roy Schafer. Interessado na contribuição de Freud para a reflexão moral, o primeiro elabora sua interpretação pondo o acento no aspecto conversacional das instâncias psíquicas. Assim, ego, superego e id são entendidos por Rorty como “quase-pessoas” com crenças, desejos e intenções. Por sua vez, Roy Schafer explora a psicanálise a partir da revisão da linguagem metapsicológica freudiana, através de uma versão hermenêutica e narrativa da psicanálise. Propomos que, entre a leitura que Rorty faz de Freud e a versão narrativa da psicanálise por parte de Schafer, há certa “afinidade eletiva” entre os dois pensadores, que consiste no abandono da metapsicologia freudiana através de uma versão antiessencialista da psicanálise.
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