CIRCUNSCRIÇÕES SOBRE O CONCEITO DE VERDADE EM NIETZSCHE
as bases para o reconhecimento de uma interlocução valorativa entre a ciência e a moral
Resumo
Ao considerarmos os diversos aspectos e as distintas fases da produção intelectual nietzschiana, é possível afirmar que suas exposições sobre o conceito de verdade apresentam grande consistência. Isto pode ser explicado levando-se em conta que nos colocamos diante de um conceito-chave para a fundamentação de sua compreensão da moral, da religião e da ciência como âmbitos operando a partir de um mesmo arcabouço valorativo e metafísico. Sem qualquer pretensão de esgotar a vasta temática da verdade em Nietzsche, coligimos alguns de seus pensamentos de juventude e de maturidade para darmos início a uma inicial compreensão sobre o assunto. Tomamos esta nossa análise como uma forma possível de explorar o método investigativo de Nietzsche acerca do conceito de verdade em suas perquirições sobre a gênese das valorações morais. Para Nietzsche fica evidente, principalmente por meio de suas apreciações dos tipos do filósofo, do sacerdote e do asceta, a íntima correspondência entre as valorações morais e as considerações de ordem epistêmicas. Para ele, na origem do conceito de verdade habitaria um até então não revelado impulso moral para a verdade, uma Vontade de Verdade, sem o qual nem filosofia, nem religião, nem ciência teriam emergido. Por sua vez, o impulso para a verdade estaria ancorado em relações de forças originárias, cuja dinâmica é articulada, em Nietzsche, sobretudo por meio do conceito-chave de niilismo.
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Referências
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