FREUD E A MISOGINIA
possíveis leituras a partir de uma epistemologia feminista
Resumo
O machismo, expressão da misoginia, utiliza-se de diversas estratégias de aperfeiçoamento que visam assegurar a manutenção de toda uma ordem de privilégios sociais historicamente atrelados a uma identidade específica (homem branco-europeu-heterossexual), conjunto de disposições culturais conhecido como sistema patriarcal. Pretende-se discutir se a obra de Freud se encontra alheia a esses mecanismos ou encontra-se limitada pelos dispositivos do patriarcado. Como estratégia, será adotado um percurso específico que nos permitirá, inicialmente, compreender como o conceito de misoginia se estruturou no pensamento ocidental e seu entrelaçamento com a história e a cultura, visto que a nossa hipótese, a priori é de que este pensamento está intimamente associado aos dispositivos produzidos pelo patriarcado. Por fim, entraremos em discussão com o fundador da psicanálise, a partir da sua teoria do complexo de Édipo, tentando, assim, perceber em que medida o pensamento freudiano acerca da sexualidade está afetado pelas técnicas falaciosas de um pensamento oriundo da misoginia. Buscaremos adotar, como método de análise dessas construções teóricas psicanalíticas, a categoria que sugerimos chamar de epistemologia feminista.
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