FREUD E A MISOGINIA

possíveis leituras a partir de uma epistemologia feminista

  • João Victor Ponciano Universidade Federal do Rio de Janeiro
##plugins.pubIds.doi.readerDisplayName##: https://doi.org/10.55028/eleu.v7i13.15683

Résumé

O machismo, expressão da misoginia, utiliza-se de diversas estratégias de aperfeiçoamento que visam assegurar a manutenção de toda uma ordem de privilégios sociais historicamente atrelados a uma identidade específica (homem branco-europeu-heterossexual), conjunto de disposições culturais conhecido como sistema patriarcal. Pretende-se discutir se a obra de Freud se encontra alheia a esses mecanismos ou encontra-se limitada pelos dispositivos do patriarcado. Como estratégia, será adotado um percurso específico que nos permitirá, inicialmente, compreender como o conceito de misoginia se estruturou no pensamento ocidental e seu entrelaçamento com a história e a cultura, visto que a nossa hipótese, a priori é de que este pensamento está intimamente associado aos dispositivos produzidos pelo patriarcado. Por fim, entraremos em discussão com o fundador da psicanálise, a partir da sua teoria do complexo de Édipo, tentando, assim, perceber em que medida o pensamento freudiano acerca da sexualidade está afetado pelas técnicas falaciosas de um pensamento oriundo da misoginia. Buscaremos adotar, como método de análise dessas construções teóricas psicanalíticas, a categoria que sugerimos chamar de epistemologia feminista.

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Biographie de l'auteur

João Victor Ponciano, Universidade Federal do Rio de Janeiro

Psicanalista. Professor e coordenador do programa de pós graduação em filosofia e psicanálise da Faculdade da Amazônia (FAMA) a nível loto sensu. Doutorando em filosofia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), na linha de pesquisa gênero, raça e colonialidade. Mestre em Filosofia pelo Programa de Pós Graduação em Filosofia da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) na linha Ontologia e Epistemologia. Especialista em Ética e Direitos Humanos pela Faculdade Vicentina (FAVI). Bacharel em Filosofia pela Faculdade Vicentina (FAVI). Coordenador e fundador do Grupo de Estudos Feminista: Filosofia em Perspectiva. Faz parte do Grupo de Trabalhos Filosofia e Gênero, do GT Filosofia e Psicanálise e GT Filosofia na América Latina, Filosofia da Libertação e Pensamento Descolonial, ambos vinculados a Associação Nacional de Pós-Graduação em Filosofia (ANPOF). Integrante do Grupo de Filosofia Política da Unicamp (desde 2021). Organizador das obras: Revolução do Pensamento Feminino: Epopeia de Novos Tempos, como também da coletânea, Filosofia em Perspectiva: nas sendas no pensamento feminista, ambas lançadas no ano de 2021 pela editora Pedro e João. Atua desenvolvendo pesquisas com os respectivos temas: Freud, Lélia Gonzalez, Simone Weil, Revolução Feminina, Vazio, Feminismo, Angústia, Gênero, Filosofia da Libertação, Epistemologia, Ontologia e Psicanálise.

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Publiée
2022-09-30
Rubrique
Artigos