A RELEITURA HABERMASIANA DA PSICANÁLISE DE FREUD E SEUS PERCALÇOS POSITIVISTAS

Palavras-chave: Psicanálise. Hermenêutica. Autorreflexão. Patologias Sociais. Positivismo.

Resumo

O presente artigo aborda, em sentido amplo, o papel ocupado pela psicanálise na obra Conhecimento e Interesse, publicada por Jürgen Habermas em 1968. O objetivo central é demonstrar como Habermas utiliza a psicanálise como um método crítico particular, propondo sua releitura como uma forma de discurso hermenêutico. Em face disso, a psicanálise representa uma peça fundamental na suplantação de entraves positivistas ao desenvolvimento da crítica do conhecimento, explicitando um tipo de “interesse emancipatório” inerente à identificação e ao transcender de patologias sociais. Além disso, remontaremos brevemente os passos mais fundamentais da longa trajetória na qual Habermas apreende o desenvolvimento da autorreflexão filosófica e seus percalços positivistas. Será apresentado um processo esquemático cujas etapas vão desde Kant até Dilthey, passando por Hegel e Marx, com ênfase para redescobrir a conexão perdida entre o conhecimento e as condições transcendentais do conhecimento possível.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Paula Mariana Rech, Universidade Federal do Rio Grande do Sul

É bacharela em Filosofia (2020) pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, mestranda, com bolsa CAPES, no Programa de Pós-graduação em Filosofia da mesma universidade e especialista em Metodologias do Ensino Superior (2021) pela UniRitter Laureate International Universities. Atualmente, desenvolve suas pesquisas a respeito da releitura habermasiana da psicanálise, bem como da recente recepção controversa entre Amy Allen e Robin Celikates da sustentação de um modelo de crítica social extraído da obra "Conhecimento e Interesse" (1968), de Jürgen Habermas. Integra o Grupo de Pesquisa "Subjetividade, Filosofia e Psicanálise", da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, o Grupo de Pesquisa "Críticas Filosóficas do Casamento", da Universidade Federal de Santa Maria, e o GT de Filosofia e Psicanálise da ANPOF. Suas pesquisas são voltadas à Teoria Crítica, com ênfase em Filosofia da Psicanálise. Paralelamente, possui interesses na área de Filosofia e Feminismo e Filosofia da Educação e do Ensino.

Referências

BELO, F. A primazia da alteridade: Interlocuções entre psicanálise e pragmatismo. Belo Horizonte: UFMG/FAFICH, 2003.

CARRÉ, L. e ALVARENGA, R. In: Théorie Critique. Organização: Vicente Bourdeau e Roberto Merrill – Dicopo Dictionnaire de théone politique, 2008. Disponível em: .

COMTE, A. Discours sur l’esprit positif. Ed. Fetscher. Hamburg: Felix Meiner, 1956.

COMTE, A. Soziologie. Jena: Fischer, 1923.

DILTHEY, W. Introduction to the Human Sciences. Editado: R. A. Makkreel & F. Rodi; trad.

DILTHEY, W. Der Aufbau der geschichtlichen Welt in den Geisteswissenschaften. In: DILTHEY, W. Gesammelte Schriften. Gottingen: Vandenhoeck & Ruprecht, 1913-1967, v.VII.

DILTHEY, W. Ethical and World-View Philosophy. New Jersey: Princeton University Press, 2019. (Selected Works, v. VI).

FISETTE, D. Fenomenologia e fenomenismo em Husserl e Mach. Sci. stud., São Paulo, v. 7, n. 4, p. 535-576, 2009. DOI: https://doi.org/10.1590/S1678-31662009000400002.

FREUD, S. (1900). A Interpretação dos Sonhos. Porto Alegre: Ed. L&PM, 2016.

FREUD, S. Neue Folge der Vorlesungen zur Einführung in die Psychoanalyse. In: FREUD, S. Gesammelte Werke, v.XV. Londres: Imago, 1940-1952.

FREUD, S. Os instintos e seus destinos. In: FREUD, S. Introdução ao narcisismo, Ensaios de metapsicologia e outros textos: 1914-1916, v. XII. Tradução e notas Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

FREUD, S. The Complete Letters of Sigmund Freud to Wilhelm Fliess 1887-1904. Boston: ed. Jeffrey Mousaieff Masson, Harvard University Press, 1985.

HABERMAS, J. (1968). Conhecimento e Interesse. São Paulo: Ed. Unesp, 2014.

HABERMAS, J. From Kant to Hegel and Back Again: The Move toward Detranscendentalization. In: HABERMAS, J. Truth and Justification. Cambrigde, MA: MIT Press, 2003.

HABERMAS, J. Legitimation Crisis. Boston: ed. Heinemann Educational Publishers, 1976.

MACH, E. Die Analyse der Empfindungen und das Verhältnis des Physischen zum Psychischen. 6.ed. Jena: G. Fischer, 1911.

McCARTHY, T. Psychoanalysis and Social Theory. In: McCARTHY, T. The Critical Theory of Jürgen Habermas. Cambridge, MA: The MIT Press, 1985.

MEDEIROS, A. M. S. de, & Marques, M. A. de R. B. Habermas e a teoria do conhecimento. ETD – Educação Temática Digital, vol. 5, n. 1, p. 1–24, 2008. DOI: https://doi.org/10.20396/etd.v5i1.627.

PRADO JR., B. Auto-reflexão, ou interpretação sem sujeito? Habermas intérprete de Freud. Discurso, n. 14, p. 49-66, 1983. DOI: https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.1983.37902.

POPPER, K. The Poverty of Historicism. Londres: Routledge & Kegan Paul, 1957.

REPA, L. Prefácio. In: HABERMAS, J. Conhecimento e Interesse. São Paulo: Ed. Unesp, [1968] 2014.

ROUANET, S. P. Teoria crítica e psicanálise. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2001.

WHITEBOOK, J. Perversion and Utopia. The MIT Press Cambridge, Massachusetts, London, England, 1996.

Publicado
2022-09-30
Como Citar
Rech, P. M. (2022). A RELEITURA HABERMASIANA DA PSICANÁLISE DE FREUD E SEUS PERCALÇOS POSITIVISTAS. Eleuthería - Revista Do Curso De Filosofia Da UFMS, 7(13), 197 - 214. https://doi.org/10.55028/eleu.v7i13.15485
Seção
Artigos

Artigos mais lidos pelo mesmo (s) autor (es)