ATIVIDADE LEITEIRA E MÃO DE OBRA FAMILIAR: O TRABALHO E OS RISCOS À SAÚDE DO HOMEM DO CAMPO NO SUL DO BRASIL.

  • André Fernandes Peres Universidade Federal de Pelotas
  • Emanoele Figueiredo Serra Universidade Federal de Pelotas
  • Cristina Mendes Peter Universidade Federal de Pelotas
  • Amanda Krummenauer Universidade Federal de Pelotas
  • João Luiz Zani Universidade Federal de Pelotas
Palavras-chave: agricultura familiar, situação de saúde, riscos ambientais.

Resumo

O setor agropecuário familiar é responsável por produzir grande parte dos alimentos consumidos no Brasil. Nesse sistema, o núcleo familiar está envolvido em todas as fases do processo produtivo. A intensa jornada de trabalho e as dificuldades ambientais e econômicas podem afetar de várias formas a saúde dos produtores rurais, de suas famílias e da comunidade onde estão inseridos, assim como influenciar suas práticas no trabalho e hábitos de vida. Essa pesquisa objetivou obter informações sobre a percepção de produtores rurais acerca da própria condição de saúde, bem como familiar. Para isto, realizou-se um inquérito epidemiológico-ocupacional com 188 produtores rurais vinculados à atividade leiteira do município de Canguçu – RS. Os entrevistados eram predominantemente do sexo masculino e tinham entre 30 e 59 anos. Desses, 93,02% não completaram o ensino fundamental. As enfermidades de maior ocorrência relatadas foram hipertensão (24,46%) e diabetes (5,85%). O tabagismo e consumo alcoólico tiveram uma prevalência de 27,12% e 59,57%, respectivamente. Dos produtores que praticavam agricultura, 75,53% faziam uso de agrotóxicos, totalizando 29 princípios ativos distintos, com as finalidades: inseticida (14/29), herbicida (09/29), fungicida (05/29) e inibidora de crescimento (01/29). A baixa escolaridade dos produtores entrevistados pode estar relacionada à prática de hábitos danosos à saúde.

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Publicado
2019-07-18
Seção
Meio Ambiente