TRABALHO DO PROFESSOR: novas perspectivas, novos enfrentamentos

  • Marco Antonio Costa da Silva Universidade Federal de Mato Grosso do sul
  • Adriano Corrreia de Souza Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus de Naviraí-MS Graduando em Ciências Sociais

Resumo

Minhas experiências com estágio em sala de aula, como acadêmico do Curso de Licenciatura em Ciências Sociais, do Campus de Naviraí, da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, em duas escolas da cidade de Naviraí (escola extensão da escola Presidente Médici e escola Presidente Médici), me permitiu constatar da forma mais dura que o trabalho do professor mudou, e mudou para muito pior. Essa constatação foi feita em comparação ao período que eu aluno, em período não muito distante. A relação entre professor e escola e, professor e aluno estava um tanto quanto diferente de quando fui aluno nesta mesma cidade, que não faz tanto tempo.

Qual escola encontrei? De forma geral constatei relações de trabalho precarizadas, falta de respeito e, em muitos casos, pautadas pela violência na relação entre alunos e professores e gestores. Assim, está pesquisa, ainda em fase inicial, exploratória, tem por objetivo analisar a questão do trabalho do professor, procurando identificar novas perspectivas, e enfrentamentos que este profissional tem para realizar no exercício de sua profissão, e claro, procurar entender o que de fato mudou neste ambiente escolar e os impactos para a profissão docente.

Pensando neste momento no profissional professor, podemos afirmar que de fato à, uma má interpretação da identidade deste profissional. Arroyo (2000) apresenta um dos entraves que o professor enfrenta na contemporaneidade é a descaracterização e desprofissionalização do professor. O autor enfatiza a redução do que chama de mestres ensinantes. Para este autor, é fundamental um redimensionamento do ofício do professor e de sua identidade e está nova identidade “tende a ser afirmada frente à nova descaracterização da escola e da ação educativa” (ARROYO, 2000, p. 22). Esse aspecto fatalmente repercute na identidade profissional, podendo ser fator de crise.

Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa e descritiva, com realização de estudo de múltiplos casos em escola da cidade de Naviraí-MS. Os dados da pesquisa serão coletados a partir de entrevistas, observação e documentos. Os sujeitos respondentes serão professores e gestores das escolas. A pesquisa será realizada em duas escolas.

Os dados iniciais coletados a partir dos registros de estágio supervisionado evidenciam situação de total falta de respeito de alunos com relação ao trabalho do professor. Verificou-se ainda, grande dificuldade dos professores de lidar com situações de desrespeito e violência enfrentados em sala de aula. Não foi possível identificar nas experiências de estágio nenhuma atitude ou ação dos gestores para enfrentamento da situação de desrespeito e violência.

Conforme destaca Vilela (2006) existe longa a suposição de existência de situações de desgaste do professor que poderiam estar associadas não só ao excesso de alunos em sala de aula, mas a outras influências da jornada e das condições gerais de trabalho, acrescidas da condição de enfrentamento do professor de questões de ordem social e econômica, tais como desprestígio da profissão e a exposição a situações da vida social moderna, consideradas estressantes.

É evidente que os problemas da educação não se resumem aos problemas dos profissionais de educação, é também responsabilidade da sociedade. Assim, é importante reconhecer que o mal-estar relacionado a profissão docente se fortalece na falta de apoio da sociedade, nas críticas, na negação de legitimidade à escola para desempenhar um papel fundamental para formação de sujeitos profissionais e cidadãos (PERRENOUD, 1997; ESTEVE 1999; NOVOA, 1995; ESTRELA, 1997).

Acredito que os problemas enfrentados nas escolas pelos professores e alunos, é algo muito mais complexo que imaginamos porem temos um apanhado de autores que nos mostram em suas pesquisas que é fato que temos problemas no sistema político, econômico e social que não nos permite progredir para um sistema educacional melhor, mais completo que resgate o propósito humano de educação social, de qualidade de vida profissional, de valorização dos trabalhadores que formam todas as outras profissões, e que muitas vezes fazem o papel mesmo sem ter a intenção de educadores familiares dos filhos da sociedade que vivem.

Espera-se que o aprofundamento da pesquisa possa contribuir para compreensão de caminhos para fortalecimento da identidade do professor, consequentemente da profissão docente.

 

REFERÊNCIAS

 

ARROYO, M. G. Ofício de mestre: imagens e autoimagens. Petrópolis, Rio de Janeiro: Vozes, 2000.

NÓVOA, Antonio. (Org.) Profissão Professor. Portugal: Porto Editora, 1995.

PERRENOUD, Philippe. Práticas Pedagógicas, Profissão Docente e Formação: Perspectivas Sociológicas. Lisboa: Dom Quixote. 1997.

VILELA, RITA.A.T. o trabalho do professor nas condições de adversidade: escola, violência e profissão docente. Belo Horizonte, 2006.

 

 

 

 

 

 

Biografia do Autor

Adriano Corrreia de Souza, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Campus de Naviraí-MS Graduando em Ciências Sociais
Universidade Federal de Mato Grosso do Sul
Campus de Naviraí-MS
Graduando em Ciências Sociais
Publicado
2017-10-03
Como Citar
SILVA, M. A. C. DA; SOUZA, A. C. DE. TRABALHO DO PROFESSOR: novas perspectivas, novos enfrentamentos. Encontro Internacional de Gestão, Desenvolvimento e Inovação (EIGEDIN), v. 1, n. 1, 3 out. 2017.