Descolonização epistemológica na formação docente:
por um currículo mais representativo
Resumo
Apresentamos algumas considerações parciais de uma pesquisa de doutorado, em andamento, cuja metodologia situa-se no âmbito da pesquisa (auto) biográfica em Educação. De natureza qualitativa, a investigação dedica-se à análise dos impactos do ingresso de estudantes afrodescendentes nas atividades formativas da Pedagogia na Universidade Federal do Pará (UFPA). Propomo-nos a dialogar se podemos falar em democratização somente possibilitando o acesso de estratos sociais marginalizados ou se tal acesso é indissociável de uma virada epistemológica. Compreendemos que as genealogias de pensamentos não-ocidentais podem contribuir com o rompimento da dominação epistemológica euro-norte-androcêntrica de pensamentos críticos das Ciências Sociais, com a valorização dos saberes tradicionais e com a descolonização curricular. Os pressupostos teóricos foram Gomes; Laborne (2018), Fanon (2020), Delory-Momberger (2012), Bragança (2018), entre outros. Consideramos que as narrativas com as histórias de vida e as experiências formativas expõem o caminho mais longo para afrodescendentes acessarem esse espaço educativo, científico, intelectual e político, reflexo do sistema de dominação que exclui corpos, bem como genealogias de pensamentos outros.
Referências
BRASIL. Lei N.º 12.711, de 29 de agosto de 2012. Dispõe sobre o ingresso nas universidades federais e nas instituições federais de ensino técnico de nível médio e dá outras providências. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12711.htm Acesso em: 12 nov. 2023.
DELORY-MOMBERGER, Christine. A pesquisa biográfica ou a construção compartilhada de um saber do singular. Trad. Eliane das Neves Moura. Revista Brasileira de Pesquisa (Auto)Biográfica, v.1, n.1, p.133-146, 2016. Disponível em: https://www.revistas.uneb.br/index.php/rbpab/article/view/2526 Acesso em: 12 set. 2024.
DELORY-MOMBERGER, Christine. Abordagens metodológicas na pesquisa biográfica. Trad. Anne-Marie Milon Oliveira. Revista Brasileira de Educação, v.17, n.51, p.523-740, 2012. Disponível em: https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=27524689002 Acesso em: 21 ago. 2024.
FANON, Frantz Omar. Pele negra, máscaras brancas. Trad. Sebastião Nascimento e colaboração de Raquel Camargo. São Paulo: Ubu editora, 2020.
FREIRE, Paulo. Educação como prática da liberdade. 16. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1993.
GOMES, Nilma Lino; LABORNE, Ana Amélia de Paula. Pedagogia da crueldade: racismo e extermínio da juventude negra. Educação em Revista, Belo Horizonte, v.34, 2018. Disponível em: https://www.scielo.br/j/edur/a/yyLS3jZvjjzrvqQXQc6Lp9k/ Acesso em: 28 set. 2024.
GROSFOGUEL, Ramón. A estrutura do conhecimento nas universidades ocidentalizadas: racismo/sexismo epistêmico e os quatro genocídios/epistemicídios do século XVI. Revista Sociedade e Estado, v.32, n.1, p.25-49, 2016. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/sociedade/article/view/6078 Acesso em: 4 abr. 2024.
LIMA, Norma Silvia Trindade de. Inclusão escolar e pertencimento, cruzos a partir da experiência: capoeira e decolonialidade. EM: MANTOAN, Maria Teresa Egler; LANUTI, José Eduardo de Oliveira Evangelista (Orgs.). Todos pela inclusão - dos fundamentos às práticas. Curitiba: CRV, 2021, p.121-129.
LUGONES, María Cristina. Colonialidad y género. Tábula rasa, n.9, p.73-101, 2008. Disponível em: https://revistas.unicolmayor.edu.co/index.php/tabularasa/article/view/1501. Acesso em: 10 jul. 2024.
MACHADO, Adilbênia Freire. Filosofia africana e currículo: aproximações. Revista Sul-Americana de Filosofia e Educação, n.18, p.4-27, 2012. Disponível em: https://periodicos.unb.br/index.php/resafe/article/view/4455 Acesso em: 20 jul. 2024.
QUIJANO OBREGÓN, Aníbal. Colonialidad del poder, eurocentrismo y América Latina. EM: LANDER, Edgardo. La colonialidad del saber: eurocentrismo y ciencias sociales – perspectivas latinoamericanas. Buenos Aires: CLACSO, 2000.
