O PAPEL DO RISO E DO ESCÁRNIO NAS CHARGES DE HENFIL: MEMÓRIAS RESSENTIDAS DA DITADURA MILITAR BRASILEIRA

THE ROLE OF LAUGHTER AND MOCKERY IN HENFIL'S CARTOONS: RESENTFUL MEMORIES OF THE BRAZILIAN MILITARY DICTATORSHIP

Palavras-chave: Memória, Riso, Ditadura, Henfil

Resumo

A história e o historiador produzem o diálogo composto pelo entrelaçamento das memórias percebidas e não percebidas e os sentidos dados a elas pelos sujeitos. Dentro desta perspectiva de memória, nasce a inquietação de investigar, qual o papel do riso. Se ele é sentido ou ressentido, no contexto da ditadura civil militar entre os anos de 1960 a 1980. O objetivo desta pesquisa consiste, portanto, em fazer um estudo das charges criadas pelo cartunista Henrique de Sousa Filho (Henfil) e seu trabalho realizado no semanário, O Pasquim, bem como, a forma que elas foram trabalhadas no contexto de censura e ditatorial do Brasil. Nesse propósito, serão trabalhados os conceitos de memória, ressentimento, riso, humor político e as formas de como esses afetos transitam no meio social e coletivo. Através do saber histórico e as formas recentes do fazer história, surgem novas práticas discursivas e, uma nova posição é assumida pelo sujeito numa determinada conjuntura histórica. Desta forma, para entender como parte de um processo de linguagem funciona, será feita uma reflexão sobre quem a realiza, onde se realiza, através de quais meios, as motivações que impulsionam a ação. Desta maneira, recorro às charges de Henfil, lançadas na revista Fradim em 1972, como recorte documental, com o intuito de viabilizar o entendimento da ação artística, suas linguagens e a forma que estas revelam intenções que vislumbram mudanças nas políticas públicas, de modo, a alcançar todas as classes sociais, através do conjunto dos rastros deixados pela construção das memórias e dos traumas ocorridos nas sociedades.

Biografia do Autor

Dayse de Jesus Rocha, Universidade Federal de Goiás

Mestra pelo programa de Pós Graduação em Performances Culturais na linha, Teorias e práticas da Performance da Faculdade de Ciências Sociais da Universidade Federal de Goiás. Especialista em História e Cultura da Universidade Federal de Goiás Licenciada em História pela Escola de Formação de Professores e Humanidades da Pontifícia Universidade Católica de Goiás. Trabalhou como auxiliar de ensino fundamental na Escola Infantil Vir a Ser. Monitoria de alunos do Curso de História da PUC Goiás nas disciplinas Seminário: História e Cientificidade 2017/2 e Prática de Ensino de História.2018/1 e Brasil Recente 2018/2. Áreas de interesse: História Cultural. Memória, interdisciplinaridade, performances culturais.

Referências

ABREU, Luciano Aronne. Autoritarismo e cultura política. Porto Alegre: FGV: Edipucrs, 2013.
ALBERTI, Verena. O riso e o risível: na história do pensamento. 2 ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2002.

ASSMANN, Aleida. Espaços de recordação: formas e transformações da memória cultural. Campinas-SP: Editora da Unicamp, 2011.

BARROS, José D’ Assunção. O campo da história: especialidades e abordagens. 9 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2013.

BENJAMIN, Walter. “O narrador”. In: Walter Benjamin – Obras escolhidas, vol. 1: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Editora Brasiliense, 1987.
BERGSON, Henri. O riso: ensaio sobre a significação da comicidade: tradução Ivone Castilho Benedetti – 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007
BERGSON, Henri. Memória e vida: textos escolhidos por Gilles Deleuze. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

FICO, Carlos. Como eles agiam. Rio de Janeiro: Record, 2001.
GAGNEBIN, J. M. Lembrar escrever esquecer. São Paulo, SP: Editora 34, 2006.
GASPARI, Elio. A ditadura envergonhada. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
GEERTZ, C. A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: LTC, 1989.
HENFIL. Como se faz humor político. Depoimento a Tárik de Souza. 2ª edição. Editora Petrópolis. 1985.
KEHL, Maria Rita. Tortura e sintoma social. In: TELES, Edson; SAFATLE, Vladimir (orgs.). O que resta da ditadura? — a exceção brasileira. São Paulo: Boitempo, 2010.
KUCINSKI, Bernardo. Relato de uma busca. São Paulo: Companhia das letras, 2016.
_____________. A nova ordem. 1 ed. São Paulo: Alameda, 2019.
MINOIS, Georges. História do riso e do escárnio. Tradução Maria Elena O. Ortiz Assumpção – São Paulo: Editora Unesp, 2003.
MORAES, Dênis de. O rebelde do traço: (a vida de Henfil). Rio de Janeiro: José Olympio, 1996.
MOTTA, Rodrigo P. Sá. Jango e o golpe de 1964 na caricatura. Rio de Janeiro: Jorge Zahar. 2006.
PÊCHEUX, Michel; FUCHS, Catherine. A propósito da análise automática do discurso: atualização e perspectivas. In: GADET, Françoise; HAK, Tony (Org.). Por uma análise automática do discurso: uma introdução à obra de Michel Foucault. Campinas: Unicamp, 1990. p. 163-252. (Originalmente publicado em 1975).
RODEGHERO, Carla S. Anistia, esquecimento, conciliação e reconciliação: tensões no tratamento da herança da ditadura no Brasil. In: RODEGHERO; MONTENEGRO; ARAÚJO (Org.), 2012.
SALIBA, Elias Thomé. Raízes do Riso. A representação humorística na história brasileira: da Belle Époque aos primeiros tempos do rádio. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.

SEIXAS, Rozeny S. Morte e Vida Zeferino: Henfil & Humor na revista fradim. Oficina do autor – Rio de Janeiro, 1996.
Publicado
2024-01-13