IMPRENSA DE RESISTÊNCIA AO REGIME EMPRESARIAL-MILITAR NO BRASIL (1964-1988) NO ACERVO DA BIBLIOTECA NACIONAL: ARQUIVO, HISTORIOGRAFIA E MEMÓRIA POLÍTICA

RESISTANCE PRESS AGAINST BRAZIL’S BUSINESS-MILITARY REGIME (1964-1988) ON ITS NATIONAL LIBRARY'S COLLECTION: ARCHIVE, HISTORIOGRAPHY AND POLITICAL MEMORY

Palavras-chave: Imprensa, Memória política, Ditadura empresarial-militar no Brasil

Resumo

Neste artigo aborda-se a presença de 441 títulos da imprensa de resistência à ditadura empresarial-militar no Brasil (1964-1988) no acervo da Biblioteca Nacional do país. Explora-se o que ela evoca, como dispositivo narrativo e rastro documental ligado a uma postura de rememoração engajada em particular, do “lembrar para nunca mais repetir” a experiência da ditadura. Aqui, o debate da historiografia recente do período é usado para abordar questões interpretativas tanto do golpe de 1964 quanto da natureza do regime subsequente. Caracteriza-se a imprensa de resistência, em proposta de novas leituras sobre a mesma, cotejando-se diálogos entre os discursos da memória política e dos direitos humanos, bem como formulações arquivísticas como promotoras de repertórios de agenciamento social.

Biografia do Autor

Bruno Leonard Simas Brasil, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)

Mestrando em Memória Social pelo Programa de Pós-Graduação em Memória Social (PPGMS) da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO), possui especialização em Comunicação e Imagem pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio, 2008) e graduação em Comunicação Social pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR, 2006). Atualmente é técnico em documentação do Coordenação de Pesquisa (CPE) da Fundação Biblioteca Nacional (FBN).

Referências

AGAMBEN, Giorgio. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.

ARAÚJO, Maria Paula Nascimento. A utopia fragmentada: as novas esquerdas no Brasil e no mundo na década de 1970. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2000.

BRASIL, Bruno L. S. Resistência no papel: a imprensa de oposição à ditadura civil-militar no Brasil no acervo da Biblioteca Nacional. Anais da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro, vol. 140, 2020, p. 103-250, 2022.

BUENO, Márcio. A imprensa alternativa – ontem e hoje. In: MELLO, Maria Amélia (org.). Vinte anos de resistência: alternativas da cultura no regime militar. Rio de Janeiro: Espaço e tempo, 1986.

CAMPOS, Pedro Henrique Pedreira. Empresariado e ditadura no Brasil: fontes, métodos e historiografia. Sillogés (ANPUH-RS). Porto Alegre, vol. 3, n. 1, p. 15-42, janeiro a junho de 2020.

CHINEM, Rivaldo. Jornalismo de guerrilha: a imprensa alternativa brasileira da ditadura à Internet. São Paulo: Disal, 2004.

DELGADO, Lucília de Almeida Neves. 1964: temporalidade e interpretações. In: REIS, Daniel Aarão; RIDENTI, Marcelo; MOTTA, Rodrigo Patto Sá (orgs.). O golpe e a ditadura militar quarenta anos depois (1964-2004). Bauru, SP: EDUSC, 2004.

DREIFUSS, René Armand. 1964, a conquista do Estado: ação política, poder e golpe de classe. Petrópolis (RJ): Vozes, 1981.

FICO, Carlos. Ditadura militar brasileira: aproximações teóricas e historiográficas. Tempo e Argumento. Florianópolis, vol. 09, n. 20, p. 05-74, janeiro a abril de 2017.

HUYSSEN, Andreas. Cultura do Passado-presente: modernismos, artes visuais, políticas da memória. São Paulo: Contraponto, 2001.

INSTITUTO VLADIMIR HERZOG. Edições fac-símile do jornal Ex-. Edição digital, 8 de setembro de 2010. Disponível em: https://vladimirherzog.org/acoes-ivh/edicao-fac-simile-do-ex/. Acesso em: 19 de junho de 2023.

JOFFILY, Mariana. Aniversários do golpe de 1964: debates historiográficos, implicações políticas. Tempo e Argumento. Florianópolis, vol. 10, n. 23, p. 204-251, janeiro a março de 2018.

KUCINSKI, Bernardo. Jornalistas e revolucionários: nos tempos da imprensa alternativa. São Paulo: EDUSP, 2003.

LATOUR, Bruno. Redes que a razão desconhece: laboratórios, bibliotecas, coleções. In: BARATIN, M.; JACOB, J. O poder das bibliotecas: a memória dos livros no Ocidente. Rio de janeiro: Editora UFRJ, 2008.

LEMOS, Renato. Contrarrevolução e ditadura: ensaio sobre o processo político brasileiro pós 1964. Marx e o marxismo (NIEP-Marx, UFF). Niterói, vol. 2, n. 2, p. 112-138, janeiro a julho de 2014.

MATTOS, Marcelo Badaró. As bases teóricas do revisionismo: o culturalismo e a historiografia brasileira contemporânea. In: MELO, Demian Bezerra de (org.). A miséria da historiografia: uma crítica ao revisionismo contemporâneo. Rio de Janeiro: Consequência, 2014.

MELO, Demian Bezerra de. O golpe de 1964 e meio século de controvérsias: o estado atual da questão. In: MELO, Demian Bezerra de (org.). A miséria da historiografia: uma crítica ao revisionismo contemporâneo. Rio de Janeiro: Consequência, 2014.

MÍCCOLIS, Leila. Catálogo de Imprensa Alternativa. Centro de Imprensa Alternativa e Cultura Popular (Rio de Janeiro, RJ). Rio de Janeiro: Rio Arte, 1986.

RICOEUR, Paul. A memória, a história, o esquecimento. Campinas, São Paulo: EdUnicamp, 2007.

ROLLEMBERG, Denise. A imprensa no exílio. In: CARNEIRO, Maria Luiza Tucci (org.). Minorias silenciadas: história da censura no Brasil. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2002.

SARLO, Beatriz. Tempo passado: cultura da memória e guinada subjetiva. São Paulo: Companhia das Letras; Belo Horizonte: Editora UFMG, 2007.

SMITH, Anne-Marie. Um acordo forçado: o consentimento da imprensa à censura no Brasil. Rio de Janeiro: Ed. FGV, 2000.

TAYLOR, Diana. O arquivo e o repertório: performance e memória cultural nas Américas. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2013.
Publicado
2024-01-13