A ascese islâmica ou o desapego (az-zuhd) na vida dos sufis andaluzes segundo os relatos de Ibn ‘Arabi de Múrcia. Séc. XII E.C.

  • Matheus Melo Barcelos Faculdade de Ciências e Letras (FCL) Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP/Campus Assis

Resumo

RESUMO: A prática do desapego ou renúncia (az-zuhd) tem sido tradicional como parte da vivência ética do islã. Entre os pilares da fé islâmica (arkam al-islam), constituído por atos devocionais (‘ibadat), encontra-se az-zakat (esmola) e o jejum. Exemplificada nas tradições atribuídas ao Profeta islâmico Muhammad, há a prática do desapego (az-zuhd), a busca pela vida moderada e mesmo por uma certa indiferença para com o mundo, visto como transitório, mesmo que este seja criação divina. O desapego é tradicionalmente cultivado entre os grupos místicos e de pensamento esotérico no Islã. Um dos pontos básico desse desapego é a pobreza (faqr). Entre os sufis, grupos esotérico-místicos de aproximação sunita, o desapego e a pobreza tornam-se sinais da benção e proteção (walayah) divinos. Neste texto, procura-se traçar uma explicação do desapego islâmico no sufismo ocidental por meio dos relatos hagiográficos dos mestres sufis andaluzes, escritos por Ibn ʿArabi de Murcia.

Biografia do Autor

Matheus Melo Barcelos, Faculdade de Ciências e Letras (FCL) Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" - UNESP/Campus Assis

Programa de Pós-Graduação do Departamento de História da FCL-UNESP/Campus Assis, área de Antiguidade Tardia e Medievo, ênfase em islamismo.

Referências

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Publicado
2017-03-21
Edição
Seção
Artigos livres