O “Negócio”: marketing e prostituição feminina em Lisboa no início do século XX

  • Raquel Dang Caçote Raposo

Resumo

Paralelamente à clarificação das composições sociais das prostitutas, as últimas décadas de Oitocentos e as primeiras décadas de Novecentos assistem a um aumento da prostituição. As casas de tabuinhas dão lugar aos bares e salões da moda, e o número de casas toleradas em Lisboa é, comparativamente ao período precedente, menor. À medida que a prostituição passa a ser menos exercida tanto na rua quanto na área habitacional da meretriz, os circuitos de divulgação passam a ser mais complexos. É sobre essa transformação no «negócio», com recurso a técnicas de marketing, que nos debruçaremos neste artigo onde abordaremos a cidade Lisboeta de Oitocentos, os protagonistas sociais, os locais e as formas de atuação no recrutamento de prostitutas; a cidade na transição para o século XX e a caracterização da atividade prostitucional feminina. Abordaremos a estratificação das «mulheres públicas», a alteração nos costumes e os locais onde o favor sexual se trocava por dinheiro, identificando as mudanças operadas no espaço social. Trataremos a publicidade como forma de promoção da atividade, e os moldes em que se concretizava numa sociedade em transição para o modelo capitalista. Por último, ensaiaremos os motivos que levaram à adoção de estratégias para atrair clientes, procurando concluir a que estamentos sociais se destinava.


Palavras-chave: Prostituição; Portugal;Publicidade.

Biografia do Autor

Raquel Dang Caçote Raposo

Licenciada em História, variante de Arqueologia e Mestre em Arqueologia pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa

 

Referências

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Publicado
2018-12-04