Mutualismo e fronteira racial: Sociedades de trabalhadores negros e Conselho de Estado no Rio de Janeiro do século XIX

  • Camila Menegardo Mendes Jogas UERJ

Resumo

Durante os séculos XVIII e XIX, as sociedades beneficentes ou de ajuda mútua tornaram-se bastante populares no Brasil. O mutualismo tratava-se de uma prática de assistencialismo mútuo entre membros com algum traço de identidade em comum, fosse ele de ofício, naturalidade, lazer ou étnico-racial. Essas sociedades reuniam diversos trabalhadores, dos mais diversos estratos sociais, que uniam seus recursos financeiros a fim de destiná-los a si próprios ou a outros membros e suas famílias nas horas de necessidade, como doença, desemprego, prisão ou morte. Este artigo tem como finalidade analisar as tentativas de legalização de sociedades beneficentes de trabalhadores negros, na segunda metade do século XIX, no Rio de Janeiro, bem como as barreiras, claramente impostas por critérios raciais, criadas pelo Conselho de Estado para impedir essa reunião.

Biografia do Autor

Camila Menegardo Mendes Jogas, UERJ
Mestre em Hitória Social (UERJ) e pós-graduada em Ensino de História e Cultura Africana e Afro-brasileira (IFRJ)

Referências

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Publicado
2018-07-06