Pela educação e pelo trabalho: anarquistas e o ensino racionalista na Primeira República brasileira

  • Israel de Lima Miranda Universidade do Vale do Rio dos Sinos- UNISINOS

Resumo

Defendendo os ideais de educação para os trabalhadores e seus filhos os líderes anarquistas fundaram escolas em várias localidades do país. Nelas, defendiam uma concepção considerada racionalista de educação. Esse trabalho procura investigar o uso de opúsculos (pequenos livros de divulgação) como meios de comunicação utilizados pelos militantes anarquistas. A temática aqui proposta trata da relação entre o Trabalho e Educação na concepção de ensino racionalista. Esse artigo apresenta a discussão no contexto da Primeira República brasileira, especificamente entre 1900 a 1920, período em que se acirravam as disputas no campo educacional entre as diversas lideranças anarquistas e o clero.  Busca-se identificar e analisar alguns dos pressupostos da educação racionalista, presentes em um opúsculo escrito por Adelino de Pinho, militante intelectual que dirigiu a 2ª Escola Moderna, fundada em 1912, em São Paulo. A metodologia empregada baseou-se na leitura e análise desse documento e sua relação com a historiografia produzida acerca do tema.

Biografia do Autor

Israel de Lima Miranda, Universidade do Vale do Rio dos Sinos- UNISINOS
Graduado em História, participante, como bolsista de Iniciação cientifica, Fapergs do projeto de pesquisa:Entre a fé e razão: Disputas de católicos e anarquistas pela educação operária (Espanha, Brasil e Argentina - 1891-1920), coordenado pela prof.ª Dr.ª Isabel Bilhão, desenvolvido junto ao Programa de Pós Graduação em Educação da Unisinos. 

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Publicado
2018-07-06
Seção
Ensaios de Graduação