A subjetividade neoliberal contemporânea versus histórias baseadas na alteridade: identificação narrativa, linguagem e escrita da história

Contemporary neoliberal subjectivity versus histories based on otherness: narrative identification, language and history writing

  • João Camilo Grazziotin Portal UFRGS
Palavras-chave: reconhecimento; identificação narrativa; escrita da história

Resumo

O presente artigo analisa preocupações urgentes no que tange à escrita da história, como o reconhecimento, a identificação narrativa e a imaginação. Para tanto, há uma contextualização da subjetividade contemporânea, que, conforme Christian Dunker, encontra-se cada vez mais individualizada e “surda”. Em outro polo, a escrita da história contemporânea esteve baseada em narrativas centralizadas na alteridade, na precaridade, no reconhecimento e nas desigualdades historicamente construídas, de modo a reduzi-las, o que, hoje, mostra-se como um impasse. Todavia, a disciplina histórica tradicionalmente tratou de afastar a imaginação e a subjetividade de sua narrativa, baseada numa preocupação com a verdade. Nesse sentido, a partir de Judith Butler, argumento como a história deve assumir seu papel de produção de corpos e inserir artifícios imaginativos e mnemônicos em sua narrativa, dialogando com a imagem e o audiovisual.

Biografia do Autor

João Camilo Grazziotin Portal, UFRGS

Mestrando no Programa de Pós-Graduação em História da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), bolsista CAPES.

Referências

ARENDT, Hannah. Entre o passado e o futuro. 7ª ed. São Paulo: Perspectiva, 2014.

BAKHTIN, Mikhail. Estética da criação verbal. 2ª ed. São Paulo: Martins Fontes, 1997.

BUTLER, Judith. Quadros de guerra: quando a vida é passível de luto? 5ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

CERTEAU, Michel de. A escrita da história. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1982.

DUNKER, Christian. Subjetividade em tempos de pós-verdade. In: DUNKER, Christian et. al. Ética e pós-verdade. Porto Alegre: Dublinense, 2017. pp. 9-42.

FOUCAULT, Michel. Microfísica do poder. Rio de Janeiro: Graal, 1979.

FREUND, Alexander. Sob o encanto da contação de estória: história oral numa era neoliberal. In: Gonçalves, Janice (Org.). História do Tempo Presente – oralidade, memória, mídia. Itajaí, SC: Casa Aberta, 2016, pp. 159-224.

FUKS, Julián. A era da pós-ficção: notas sobre a insuficiência da fabulação no romance contemporâneo. In: DUNKER, Christian et. al. Ética e pós-verdade. Porto Alegre: Dublinense, 2017. pp. 73-94.

KOSELLECK, Reinhart. O conceito de história. Belo Horizonte: Autêntica, 2013.

LORIGA, Sabina. O pequeno x: da biografia à história. Belo Horizonte: Autêntica, 2011.

LOWE, Lisa. History hesitant. In: Social Text, vol. 33, n. 4, pp. 85-107, December 2015.

MAY, Rollo. Eros e repressão: amor e vontade. Petrópolis: Vozes, 1973.

PORTELLI, Alessandro. “O que faz a história oral diferente”. In: Projeto História, São Paulo, n. 14, fev. 1997, pp. 25-39.

RICOUER, Paul. A marca do passado. In: História da historiografia, Ouro Preto, n. 10, dez. 2012, pp. 329-349.

RIVEIRA, Carolina. “Estagnação? Base de usuários da Netflix no Brasil cresce cada vez menos”. In: Revista Exame, 17 de julho de 2019. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/estagnacao-base-de-usuarios-da-netflix-no-brasil-cresce-cada-vez-menos/#:~:targetText=Na%20%C3%A9poca,%20a%20empresa%20come%C3%A7ava,mercados%20da%20Netflix%20no%20mundo.&targetText=Em%20junho%20de%202019,%20a,menos%20uma%20vez%20por%20m%C3%AAs.>. Acesso em 15 de abril de 2020.

ROUSSO, Henry. A última catástrofe: a história, o presente e o contemporâneo. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2016.

SMITH, Barbara Herrnstein. Crença e resistência: a dinâmica da controvérsia intelectual contemporânea. São Paulo: Editora UNESP, 2002.

SOMBINI, Eduardo. “Jovens leem mais no Brasil, mas hábito de leitura diminui com a idade.” In: Folha de São Paulo, 28 de setembro de 2019. Disponível em: <https://www1.folha.uol.com.br/seminariosfolha/2019/09/jovens-leem-mais-no-brasil-mas-habito-de-leitura-diminui-com-a-idade.shtml#:~:targetText=Entre%202011%20e%202015,%20a,104,7%20milh%C3%B5es%20de%20pessoas.&targetText=Esses%20dados%20est%C3%A3o%20na%20%C3%BAltima,Livro%20a%20cada%20quatro%20anos.>. Acesso em 11 de março de 2020.

SONTAG, Susan. Sobre fotografia. São Paulo: Companhia das Letras, 2004.

TÉO, Marcelo. Desequilíbrio de histórias parte I: um problema do campo das humanidades (?). In: Tempo e Argumento, Florianópolis, v. 10, n. 23, pp. 358 ‐ 380, jan./mar. 2018.

TEZZA, Cristovão. A ética da ficção. In: DUNKER, Christian et. al. Ética e pós-verdade. Porto Alegre: Dublinense, 2017. pp. 43-72.

WHITE, Hayden. Meta-História: A Imaginação Histórica do século XIX. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1992.

Publicado
2020-07-01